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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

MÚSICA OU DANÇA?

 


     Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, pode-se afirmar que o teatro surgiu na Grécia Clássica, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Portanto, não se pode negar que a cultura oriental é muito sedimentada, mas embora o oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.

     Todos sabem que o teatro é uma arte exclusivamente coletiva, visto que é resultado da união de várias artes, como: dança, música, canto, fala, movimento, literatura, artes visuais, arquitetura, circo, mímica, pantomima, cinema, entre outras. Todavia, na manifestação teatral, encontramos várias formas de expressão: expressão gestual; expressão verbal; expressão visual; expressão musical e expressão escrita. Mas há uma questão essencial, no que diz respeito aos principais elementos que constituíram a base fundamental do teatro grego.

     Em relação a essa questão, fica claro que esse alicerce remoto gira em torno de duas artes distintas: a música e a dança; como também poderia ter sido a fala, levando-se em consideração a atitude de Théspis, considerado o primeiro ator, quando, pela primeira vez, falou no Culto a Dioniso, em primeira pessoa, a seguinte frase: “- Eu sou Dioniso”. Além de ser considerado o primeiro ator, com esse gesto e esse ato, ele também é considerado como o impulsionador da literatura ocidental. No entanto, há muitas controvérsias...!  Enquanto alguns autores defendem a dança, como princípio fundamental da origem do teatro, outros defendem a música. Sabe-se que muitos povos primitivos já praticavam a dança em suas manifestações comemorativas e religiosas, em seu livro “O Teatro Grego”, publicado em 1985, o pesquisador português, Antônio Freire afirma que: “As primeiras sociedades primitivas acreditavam que a dança imitativa influenciava os fatos necessários à sobrevivência através de poderes sobrenaturais, por isso alguns historiadores assinalam a origem do teatro a partir desse ritual.

     Por outro lado, essa forma de cultuar os deuses, em círculo, tem relação direta com os astros e o movimento do universo. Tendo como ponto de partida de que todos os movimentos dos astros são circulares, os egípcios, por exemplo, dançavam em círculo em torno do altar. Por outro lado, com influência dos pensamentos do filósofo Schopenhauer, e do músico Richard Wagner, a música transforma-se num pilar fundamental em Nietzsche, que, em seu livro “O Nascimento da Tragédia”, passa a defende-la como o principal vetor do surgimento do teatro. Ele, reconhece que a música é arte propriamente dionisíaca. E vê na tragédia, um substrato musical-dionisíaco. Acredita ainda, que o teatro e especificamente a tragédia, são frutos da relação entre Apolo e Dioniso, observando que, enquanto o apolíneo está ligado ao sonho, o dionisíaco está ligado à ideia da embriaguez. Desta forma, o impulso criador da arte, poderia emergir da imagem do sonho apolíneo, como também do êxtase dionisíaco. Concluindo que a tragédia grega, consequentemente, aflora da relação incipiente, paralela e intrínseca, do princípio ativo entre o mito de Apolo e o mito de Dioniso. 

 

 

 

                                                                                                     

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