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domingo, 2 de dezembro de 2012

A CAMAREIRA




     Numa das minhas viagens aconteceu um fato interessante que diz respeito à comunicação ou à necessidade do ser humano de se comunicar. Ao chegar a determinada capital do Brasil a primeira coisa que fiz foi procurar um hotel para me hospedar. Foi num domingo. Cheguei exausto. Tomei um banho, assisti um pouco de televisão e fui dormir. Pelo cansaço, não me preocupei com o cobertor e me cobri com o lençol que havia sobre a cama.
     No dia seguinte, também não me preocupei e utilizei pela segunda vez, o mesmo lençol que cobria a cama daquele movimentado hotel. Como estava em trabalho, saía sempre pela manhã e chegava geralmente à noite. Realmente, durante as duas últimas noites eu não havia percebido o cobertor que estava por baixo do lençol que cobria a cama, como também não havia tido a necessidade de procurá-lo, já que o lençol que cobria a cama me satisfazia.
     Na terceira noite, ao chegar ao quarto tive uma ligeira surpresa. O lençol da cama do hotel estava desenhado de forma que cobria apenas uma metade da cama, fazendo com que o cobertor branco ficasse à vista. Pensei que isso fosse um aviso para mim... E era! Nessa noite dormi com o cobertor, mas mesmo assim fiquei com metade do corpo debaixo do lençol que cobria a cama.
     Na quarta noite, a cama estava coberta com o lençol pela metade, só que desta vez o cobertor não mais estava como na noite anterior: encontrava-se apenas descansando em cima do travesseiro para que eu o percebesse e o utiliza-se sem receio. Percebi então que tudo isto se devia à forma de quem estava querendo se comunicar... Provavelmente de quem limpava o quarto. Era a sensibilidade da camareira que tentava a todo custo querer se comunicar comigo e a tentar me mostrar o cobertor. No dia seguinte antes de sair deixei um bilhete com os seguintes dizeres: “Muito obrigado pelo coberto, gentileza sua”, junto ao papel deixei alguns trocados.
   Na quinta noite, como na noite passada, o cobertor estava novamente sobre o travesseiro. Entendi sua comunicação. Ela também me entendeu visto que levou consigo o bilhete e o dinheiro que eu havia deixado para ela. O mesmo aconteceu na sexta feira e no sábado, inclusive quando retornei ao sábado à noite, ela havia retirado o cobertor sujo e colocado outro limpo. Depois, todas as noites o cobertor estava lá... Sempre limpo e bastante visível aos meus olhos. Isso também é comunicação.

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