Numa das minhas viagens aconteceu um fato
interessante que diz respeito à comunicação ou à necessidade do ser humano de
se comunicar. Ao chegar a determinada capital do Brasil a primeira coisa que
fiz foi procurar um hotel para me hospedar. Foi num domingo. Cheguei exausto.
Tomei um banho, assisti um pouco de televisão e fui dormir. Pelo cansaço, não
me preocupei com o cobertor e me cobri com o lençol que havia sobre a cama.
No dia seguinte, também não me preocupei e
utilizei pela segunda vez, o mesmo lençol que cobria a cama daquele movimentado
hotel. Como estava em trabalho, saía sempre pela manhã e chegava geralmente à
noite. Realmente, durante as duas últimas noites eu não havia percebido o
cobertor que estava por baixo do lençol que cobria a cama, como também não
havia tido a necessidade de procurá-lo, já que o lençol que cobria a cama me
satisfazia.
Na terceira noite, ao chegar ao quarto
tive uma ligeira surpresa. O lençol da cama do hotel estava desenhado de forma
que cobria apenas uma metade da cama, fazendo com que o cobertor branco ficasse
à vista. Pensei que isso fosse um aviso para mim... E era! Nessa noite dormi
com o cobertor, mas mesmo assim fiquei com metade do corpo debaixo do lençol
que cobria a cama.
Na quarta noite, a cama estava coberta com
o lençol pela metade, só que desta vez o cobertor não mais estava como na noite
anterior: encontrava-se apenas descansando em cima do travesseiro para que eu o
percebesse e o utiliza-se sem receio. Percebi então que tudo isto se devia à
forma de quem estava querendo se comunicar... Provavelmente de quem limpava o
quarto. Era a sensibilidade da camareira que tentava a todo custo querer se
comunicar comigo e a tentar me mostrar o cobertor. No dia seguinte antes de
sair deixei um bilhete com os seguintes dizeres: “Muito obrigado pelo coberto,
gentileza sua”, junto ao papel deixei alguns trocados.
Na quinta noite, como na noite passada, o
cobertor estava novamente sobre o travesseiro. Entendi sua comunicação. Ela
também me entendeu visto que levou consigo o bilhete e o dinheiro que eu havia
deixado para ela. O mesmo aconteceu na sexta feira e no sábado, inclusive
quando retornei ao sábado à noite, ela havia retirado o cobertor sujo e
colocado outro limpo. Depois, todas as noites o cobertor estava lá... Sempre
limpo e bastante visível aos meus olhos. Isso também é comunicação.
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