No artigo dessa semana, trago vestígios de
atividades teatrais nas escolas do Amapá, principalmente na década de 1970. Período
muito conturbado, em função do regime político que se instalara no território
nacional. Entende-se que nessa época ainda era evidente o teatro nas escolas e
nas igrejas; observando aqui, igreja num sentido amplo, envolvendo várias
religiões, visto que tanto o catolicismo como o protestantismo, praticavam essa
atividade artística no âmbito dos seus espaços físicos e dos seus limites
canônicos.
A Escola Paroquial São José, fomentava
aulas de teatro que eram ministradas por padres e freiras. Apesar de
direcionarem espetáculos de cunho religiosos, esses se tornaram os principais
professores de teatro no Amapá daquele período. Essas atividades aconteciam
geralmente no curso primário e ginasial.
Havia ainda, o “Grupo de Teatro do Colégio
Amapaense”, e o “Grupo de Teatro do Santina Riolli”. Na paróquia Jesus de
Nazaré, havia o “Grupo de Teatro Avatar”. Em sua maioria e com influência
religiosa, esses grupos se dedicavam a montar espetáculos religiosos com temas
sobre “Natal”, “Jesus Cristo”, “Dia das Mães”.
Entre o período de 1968 a 1978, a Rádio
Educadora de Macapá, que pertencia à Prelazia de Macapá (atual Diocese), também
cedia espaços para radionovelas e para apresentação de peças teatrais, em seu
auditório. A referida emissora fundada em 1968, e após dez anos de atividade,
em 1978, teve sua programação interditada pela Polícia Federal, num ato em que
sua concessão de funcionamento, foi cassada pelo regime militar.
Nessa época, o Movimento Brasileiro de
Alfabetização – MOBRAL, em muito contribuiu para o desenvolvimento do teatro no
Estado do Amapá. Além da motivação
trazia para o Cabo Norte cursos e oficinas na área das artes cênicas. Coronel
Ribeiro, defensor ferrenho da educação e das artes, era presidente do Mobral e
trazia vários professores de outros estados para ministrarem cursos e oficinas
de teatro, como: impostação de voz, interpretação, direção teatral, entre
outros cursos. Marizete Ramos veio de Belém, como também, o diretor Luiz Otávio
Barata, para ministrar cursos para nossos atores.
Por outro lado, também havia alguns
professores aqui no Estado do Amapá, que também tinham conhecimento e condições
de ministrar oficinas de teatro, como a atriz Creusa Bordalo, Padre Mino e o
próprio Coronel Ribeiro. O atual Grupo Língua de Trapo, que há mais de 34 anos
apresentando a peça “Bar Caboclo”, é resultado de uma dessas oficinas. É um grupo
que surgiu praticamente, em função das oficinas produzidas e ministradas pelo
MOBRAL.
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