Último final de semana foi dedicado ao
carnaval, que posso assim dizer: carnaval da pandemia. Segundo ano que, via de
regra, em função da covid19, vem sendo cancelado. No entanto, percebe-se na
prática, como também nas mídias digitais, a quantidade de pessoas que se
deslocaram de suas residências para aproveitarem o espichado final de semana.
Apesar pelo momento que passamos, é certo que aglomerações aconteceram entre as
pessoas, na praia, em locais abertos e também fechados.
O carnaval é um momento dionisíaco no
Brasil, mais conhecido e divulgado em nosso país. É o período momesco, em que
todo prefeito entrega a responsabilidade e a administração da sua cidade ao Rei
Momo, o que, em muitos casos, não aconteceu neste ano. Quando normalmente, o
Rei Momo se torna o responsável pela cidade.
e quem ditará as regras é o povo. É um dos momentos mais profundos da
democracia e da liberdade de expressão numa sociedade cheia de tramoias,
desonestidades, mentiras, estelionatários e atitudes espúrias.
É um momento de transe, onde o povo pode
jogar e desaguar suas mágoas e sua eterna vontade de continuar sobrevivendo
frente às vicissitudes impostas pela sociedade moderna. Fase em que o
pensamento dionisíaco lidera todas as expectativas. É um tempo, onde tudo passa
a ser verdadeiro, embora pareça ficção. Carnaval vem de “carro navalis”, ou
“carro naval”, que era uma espécie de carro que saía pelas ruas do Antigo
Egito, em homenagem aos deuses Ísis e Osíris. Era uma espécie de carro
alegórico, com uma espécie de navio montado na sua estrutura. Nas festividades
ao deus grego Dioniso, também havia desfile desse tipo de carro. Carros
semelhantes também participaram da festa em homenagem à aclamação da rainha
Maria I, de Lisboa, no ano de 1777, em Mazagão Velho.
Há vários anos que não acontece o desfile
de Samba no Sambódromo, e há dois anos que o carnaval foi totalmente cancelado,
em função da covid19. No Amapá, uma das mais significativas resistência e que se
mantêm presente todos os anos nas ruas de Macapá, é o “Bloco A Banda” que sai
todas as terças-feiras de carnaval. Claro que este ano, a pandemia continua a
inviabilizar todas essas manifestações culturais. Mas, “A Banda” é o verdadeiro
representante dos saltimbancos, da população menos abastarda, do povo
propriamente dito. É a nossa verdadeira Commedia dell’Arte.
O carnaval de rua de Macapá merece ser
olhado pelos órgãos de cultura do município. Sem dúvida, já é tradição o trajeto em que a
Banda desfila na terça-feira gorda. Portanto, se faz necessário que os órgãos
de cultura do município se reúnam para determinar, implantar e organizar por
completo, nosso carnaval de rua. Além da Banda que sai na terça-feira, bastava
determinar o mesmo itinerário, com uma vasta programação para o domingo, que
poderia ser para o desfile de pequenos blocos; à tarde, desfile da bateria das
escolas de samba arrastando a população para as ruas; na segunda feira, desfile
de pequenos blocos pela manhã e à tarde promoveria o desfile de grandes blocos
que antes se apresentavam no sambódromo; na terça feira pela manhã iniciaria a
concentração para a saída da banda à tarde. Este se tornaria o grande carnaval
de rua da cidade de Macapá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário