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segunda-feira, 7 de março de 2022

CARNAVAL DA PANDEMIA

 


     Último final de semana foi dedicado ao carnaval, que posso assim dizer: carnaval da pandemia. Segundo ano que, via de regra, em função da covid19, vem sendo cancelado. No entanto, percebe-se na prática, como também nas mídias digitais, a quantidade de pessoas que se deslocaram de suas residências para aproveitarem o espichado final de semana. Apesar pelo momento que passamos, é certo que aglomerações aconteceram entre as pessoas, na praia, em locais abertos e também fechados.

     O carnaval é um momento dionisíaco no Brasil, mais conhecido e divulgado em nosso país. É o período momesco, em que todo prefeito entrega a responsabilidade e a administração da sua cidade ao Rei Momo, o que, em muitos casos, não aconteceu neste ano. Quando normalmente, o Rei Momo se torna o responsável pela cidade.  e quem ditará as regras é o povo. É um dos momentos mais profundos da democracia e da liberdade de expressão numa sociedade cheia de tramoias, desonestidades, mentiras, estelionatários e atitudes espúrias. 

     É um momento de transe, onde o povo pode jogar e desaguar suas mágoas e sua eterna vontade de continuar sobrevivendo frente às vicissitudes impostas pela sociedade moderna. Fase em que o pensamento dionisíaco lidera todas as expectativas. É um tempo, onde tudo passa a ser verdadeiro, embora pareça ficção. Carnaval vem de “carro navalis”, ou “carro naval”, que era uma espécie de carro que saía pelas ruas do Antigo Egito, em homenagem aos deuses Ísis e Osíris. Era uma espécie de carro alegórico, com uma espécie de navio montado na sua estrutura. Nas festividades ao deus grego Dioniso, também havia desfile desse tipo de carro. Carros semelhantes também participaram da festa em homenagem à aclamação da rainha Maria I, de Lisboa, no ano de 1777, em Mazagão Velho.

     Há vários anos que não acontece o desfile de Samba no Sambódromo, e há dois anos que o carnaval foi totalmente cancelado, em função da covid19. No Amapá, uma das mais significativas resistência e que se mantêm presente todos os anos nas ruas de Macapá, é o “Bloco A Banda” que sai todas as terças-feiras de carnaval. Claro que este ano, a pandemia continua a inviabilizar todas essas manifestações culturais. Mas, “A Banda” é o verdadeiro representante dos saltimbancos, da população menos abastarda, do povo propriamente dito. É a nossa verdadeira Commedia dell’Arte.

     O carnaval de rua de Macapá merece ser olhado pelos órgãos de cultura do município.  Sem dúvida, já é tradição o trajeto em que a Banda desfila na terça-feira gorda. Portanto, se faz necessário que os órgãos de cultura do município se reúnam para determinar, implantar e organizar por completo, nosso carnaval de rua. Além da Banda que sai na terça-feira, bastava determinar o mesmo itinerário, com uma vasta programação para o domingo, que poderia ser para o desfile de pequenos blocos; à tarde, desfile da bateria das escolas de samba arrastando a população para as ruas; na segunda feira, desfile de pequenos blocos pela manhã e à tarde promoveria o desfile de grandes blocos que antes se apresentavam no sambódromo; na terça feira pela manhã iniciaria a concentração para a saída da banda à tarde. Este se tornaria o grande carnaval de rua da cidade de Macapá.

 

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