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terça-feira, 22 de março de 2022

PERÍODO CLÁSSICO

 


     Quando se fala da Grécia, muita gente cita o Período Clássico. Primeiro houve o período Pré-Homérico; sendo o segundo, Período Homérico; o terceiro, o Período Arcaico e após, o Período Clássico. O Período Clássico, se concentrou entre os séculos V e IV a.C. Apesar de ter sido um período bastante conturbado em relação aos conflitos armados internos. Nesse pequeno período de duzentos anos, isto não invalidou que a civilização grega conquistasse seu apogeu, quando ascendeu em várias áreas como: pintura em vasos, escultura, arquitetura, filosofia, matemática, geometria, astronomia, política e na constituição do regime democrático, o que, consequentemente fez surgir a arte teatral. Com destaque para Péricles, que aprimorou a democracia ateniense, como também para Pisístrato, que instituiu os festivais e os concursos entre os poetas trágicos. Por sua vez, o Período Clássico foi sucedido pelo Período Helenístico.

     E foi exatamente no Período Clássico, quando as guerras, cavaleiros e heróis deixaram de existir, e quando a sociedade grega implantou a democracia, fator primordial para que pudesse existir o teatro. A grande questão que diverge da Grécia e de países antigos, em relação ao surgimento do teatro, é que enquanto que na China, Índia e Egito havia grandes impérios, onde a primeira e última lei era a voz do Imperador, foi uma época em que, por milênios, o povo não podia ter opinião própria. Já na Grécia, com a democracia, o povo conquistou espaço para poder divergir; dar sua opinião e contribuir ativamente com o desenvolvimento do Estado democrático.

     Imagine-se uma festa tradicional num desses impérios? Por acaso, se alguém interviesse com alguma opinião diferente, automaticamente, a partir da flecha de algum arqueiro, o rei poderia decretar a morte daquele que infringisse a lei convencional imposta. Por outro lado, essas manifestações meramente lúdicas, precisavam de alguma coisa fundamental para chegar ao nível dramático, que era o conflito, ou uma maior complexidade dramática.

     Outra questão, é que essas representações religiosas não respeitavam as três unidades clássicas, espaço, tempo e lugar. Já na Grécia Clássica, em meio às comemorações tradicionais em honra ao deus Dioniso, enquanto as pessoas, seguindo a fala do Corifeu, em coro, davam viva ao deus, lembrando que esse diálogo acontecia em terceira pessoa; um cidadão muito destemido, chamado Téspis, interveio nesse debate. Ele entra repentinamente nesse diálogo e grita em primeira pessoa: - Eu sou Dioniso! Frente a essas relações interpessoais, nesse culto de louvação ao deus, entre músicas e danças, nesse momento glorioso da sociedade grega, Téspis cria de uma só vez, o personagem, o teatro e a dramaturgia.

     Aqui, podemos fazer a seguinte indagação: porque ao longo dos anos, os ritos dramáticos religiosos desses povos que antecederam os gregos, durante centenas de anos, não conseguiram avançar, se hibridizar, se reconstruir e se transformar em novas manifestações culturais? Como se pode perceber, a grande maioria desses povos antigos era regida por impérios, cujos imperadores representavam, pari passu, a justiça e os deuses aqui na terra. Cada imperador era onipotente e onipresente e impunham suas leis que eram absolutas e indestrutíveis. Mas na Grécia foi diferente e esse diferente fez surgir o teatro que hoje é secular.

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