Com influência dos pensamentos do filósofo
Schopenhauer, e do músico Richard Wagner, a música transforma-se num pilar
fundamental em Nietzsche, que passa a defende-la como o principal vetor do
surgimento do teatro. Ele, reconhece que a música é arte propriamente
dionisíaca. E vê na tragédia, um substrato musical-dionisíaco. Acredita ainda,
que o teatro e especificamente a tragédia, são frutos da relação entre Apolo e
Dioniso, observando que, enquanto o apolíneo está ligado ao sonho, o dionisíaco
está ligado à ideia da embriaguez. Desta forma, o impulso criador da arte,
poderia emergir da imagem do sonho apolíneo, como também do êxtase dionisíaco. Concluindo
que a tragédia grega, consequentemente, aflora da relação incipiente, paralela
e intrínseca, do princípio ativo entre o mito de Apolo e o mito de Dioniso.
Muito anterior a Nietzsche, na sua Poética, capítulo IV, Aristóteles afirmou
que a tragédia teve origem nos solistas do ditirambo. Por outro lado, Detraci
Regula, em seu livro “Os Mistérios de Ísis: seu Culto e Magia”, entende que: “A
arte do drama começou nos templos. Embora nos lembremos, atualmente, de muitos
dramaturgos gregos e romanos, esquecemos que os primeiros autores tiravam
inspiração dos dramas de mistério representados nos templos em honra aos
deuses. E os templos, por sua vez,
tomavam emprestado os antigos dramas da terra de Khem – O Egito – especialmente
dos muitos dramas representados para ilustrar a vida, morte e ressureição de
Osíris”.
Tendo-se, segundo Nietzsche, a música como
a base fundamental do teatro, se faz necessário enfocar aqui, que mesmo antes
do aparecimento do deus Dioniso, na Grécia Clássica, a música e o canto eram o
sustentáculo da gênese dos mistérios de Osíris, no Egito, como explica o
estudioso Jean Houston, em sua obra, “A Paixão de Ísis e Osíris: a união de
duas almas: “Ninfas e outros seres sobrenaturais acompanham Osíris em sua
jornada, enchendo o ar de música e cantos. A música e os cantos, além do
ensinamento persuasivo e sensato, fazem com que os povos sejam rapidamente
civilizados”.
Não só nos ritos de Osíris, também vamos
encontrar manifestações musicais em outras deidades, como por exemplo, Hator.
Sobre essa deusa, ainda nos fala Houston: “Uma vez por ano a deusa Hator, de
Denderah, navegava entre nuvens de incenso e uma multidão de cantores,
dançarinos e sacerdotisas até o Templo de Hórus, em Edfu”.
Por outro lado, também vamos encontrar
vestígios da música, nas dramatizações ritualísticas e religiosas na China e no
Japão. Pela sua tradição, na China, a acrobacia se desenvolveu pari passu
com a música, enquanto que no Japão, em relação aos seus teatros primitivos
como o bugaku e o gigaku, segundo Margot Berthold : “A música era a ponte entre
o bugaku e o gigaku primitivo - a música instrumental da corte
conhecida como gagaku que era intimamente aparentada com a música
chinesa do período Tang. O nome bugaku, “dança e música”, dá uma ideia de
seu caráter”.
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