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segunda-feira, 14 de março de 2022

FILOSOFIA E TEATRO

 


     Com influência dos pensamentos do filósofo Schopenhauer, e do músico Richard Wagner, a música transforma-se num pilar fundamental em Nietzsche, que passa a defende-la como o principal vetor do surgimento do teatro. Ele, reconhece que a música é arte propriamente dionisíaca. E vê na tragédia, um substrato musical-dionisíaco. Acredita ainda, que o teatro e especificamente a tragédia, são frutos da relação entre Apolo e Dioniso, observando que, enquanto o apolíneo está ligado ao sonho, o dionisíaco está ligado à ideia da embriaguez. Desta forma, o impulso criador da arte, poderia emergir da imagem do sonho apolíneo, como também do êxtase dionisíaco. Concluindo que a tragédia grega, consequentemente, aflora da relação incipiente, paralela e intrínseca, do princípio ativo entre o mito de Apolo e o mito de Dioniso. Muito anterior a Nietzsche, na sua Poética, capítulo IV, Aristóteles afirmou que a tragédia teve origem nos solistas do ditirambo. Por outro lado, Detraci Regula, em seu livro “Os Mistérios de Ísis: seu Culto e Magia”, entende que: “A arte do drama começou nos templos. Embora nos lembremos, atualmente, de muitos dramaturgos gregos e romanos, esquecemos que os primeiros autores tiravam inspiração dos dramas de mistério representados nos templos em honra aos deuses.  E os templos, por sua vez, tomavam emprestado os antigos dramas da terra de Khem – O Egito – especialmente dos muitos dramas representados para ilustrar a vida, morte e ressureição de Osíris”.

     Tendo-se, segundo Nietzsche, a música como a base fundamental do teatro, se faz necessário enfocar aqui, que mesmo antes do aparecimento do deus Dioniso, na Grécia Clássica, a música e o canto eram o sustentáculo da gênese dos mistérios de Osíris, no Egito, como explica o estudioso Jean Houston, em sua obra, “A Paixão de Ísis e Osíris: a união de duas almas: “Ninfas e outros seres sobrenaturais acompanham Osíris em sua jornada, enchendo o ar de música e cantos. A música e os cantos, além do ensinamento persuasivo e sensato, fazem com que os povos sejam rapidamente civilizados”.

     Não só nos ritos de Osíris, também vamos encontrar manifestações musicais em outras deidades, como por exemplo, Hator. Sobre essa deusa, ainda nos fala Houston: “Uma vez por ano a deusa Hator, de Denderah, navegava entre nuvens de incenso e uma multidão de cantores, dançarinos e sacerdotisas até o Templo de Hórus, em Edfu”.

     Por outro lado, também vamos encontrar vestígios da música, nas dramatizações ritualísticas e religiosas na China e no Japão. Pela sua tradição, na China, a acrobacia se desenvolveu pari passu com a música, enquanto que no Japão, em relação aos seus teatros primitivos como o bugaku e o gigaku, segundo Margot Berthold : “A música era a ponte entre o bugaku e o gigaku primitivo - a música instrumental da corte conhecida como gagaku que era intimamente aparentada com a música chinesa do período Tang. O nome bugaku, “dança e música”, dá uma ideia de seu caráter”.

 

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