As
atividades artísticas em nível de teatro se estenderam até o Oiapoque, que na
década de 1950, houve várias representações dramáticas. Estas
apresentações eram lideradas pela família Guarany: o ator Ney Guarani e principalmente
a atriz Maria de Nazaré, conhecida por Dona Lia. Eles fizeram teatro na escola
com as professoras: Nair e Cesalinda. Nesse período, havia dois palcos no
município de Oiapoque; um deles fazia parte do edifício dedicado ao cinema da
cidade, denominado de Cine Oiapoque; com aspecto medieval, no referido cinema,
o público tinha a incumbência de levar seu banco, sua cadeira e inclusive, a
comida, para poder se alimentar durante as apresentações naquele cinema; o
outro palco funcionava no “Abrigo Caetano da Silva” que pertencia à Paróquia;
aqui, o próprio padre era quem ensaiava e encenava as peças. Têm-se notícias de
uma dessas apresentações que se intitulava “O sonho da Mulher de Pilatos”.
Há que se levar em consideração que,
enquanto as escolas tratavam de apresentações relativas a datas comemorativas,
como, por exemplo: dia dos pais, dia da independência; o teatro no âmbito da
igreja tratava de temas religiosos, como a paixão de Cristo. Em “O Sonho da
Mulher de Pilatos” havia tudo o que necessitava uma peça de teatro. Em
entrevista a nós concedida, Dona Lia nos contou que tinha uma peça em que o
padre usava inclusive um projetor de slide para poder complementar o cenário.
Outro fato interessante é em relação ao
que ficou conhecido como a tragédia do Amapá. Sabemos que em 16 de fevereiro de
1950, em função da pororoca, houve um naufrágio no rio Cassiporé, no qual, faleceu
o Dr. Lélio Gonçalves da Silva, que na ocasião era Diretor e médico do Posto
Misto do Oiapoque. Este fato foi transformado em texto dramatúrgico pelo rádio
ator Paulo Roberto; de acordo com o Jornal Amapá, Ano 6, número 269, Macapá, 06
de maio de 1950, onde enfoca que: Inspirado na dedicação e espírito de sacrífico do
jovem e pranteado clínico, o conhecido rádio-ator Paulo Roberto, organizou e
transmitiu através do seu popular programa <<Obrigado Doutor>>, que
a Rádio Nacional irradia todas as terças-feiras, às 20 horas, a peça intitulada
<< A Tragédia do Amapá>>.
O referido programa intitulado “Obrigado
Doutor” tinha como patrocínio o Leite de Magnésia da Phillips. Dr. Lélio Silva
era médico. O texto foi escrito em sua homenagem pelo rádio ator Paulo Roberto
que exercia suas atividades na Rádio Nacional, que na atualidade é conhecida
como Rádio Difusora de Macapá. Como este é um dos primeiros textos
dramatúrgicos que temos notícia, e que em função desse acontecimento, que se
deu no início de 1950, considero este, como o primeiro texto dramatúrgico do
Amapá. Embora ainda não tenha sido montado como espetáculo teatral, com
certeza, se tornou a radionovela, mais ouvida, naquele período.
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