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terça-feira, 21 de setembro de 2021

O CANTO DAS SEREIAS

 


     Todos sabem, conhecem, ou ouviram falar de sereias. Além dos contos contados por minha mãe, também assisti filmes com sereias, mas a primeira vez que me dei conta mesmo, desses seres mitológicos, foi ao ler a Odisseia de Homero. Acontece que após ter vencido a longa guerra de Tróia, Ulisses está de retorno à sua pátria Ítaca, mas, seguindo sua rota, a ilha das sereias era ponto de passagem obrigatório para Ulisses. Esse trajeto era muito temido por todos os marinheiros que por ali passavam. As sereias que ali habitavam, emitiam um canto tão exuberante que atraia e levava à morte todos os marinheiros que por ali navegavam. E isso causava sérios problemas para os navegantes da região. 

     Para evitar a sua morte e de seus companheiros, Ulisses criou uma estratégia, à qual, antes ninguém havia realizado. Ele ordenou que todos os seus marinheiros tapassem os ouvidos com cera de abelha, mas antes disso, também solicitou que o amarrassem no mastro do navio para que ele mesmo, Ulisses, pudesse apreciar o poderoso canto das sereias sem ser encantado, atingido e consequentemente morto. Desta forma, amarrado, não cairia na armadilha de se jogar na água para ir de encontro àquelas divas.

     Como eu era bobo! Eu pensava que sereias só existiam nos mares!? Desde a leitura da Odisseia, que jamais pensei algum dia encontrar alguma sereia encantadora como aquelas do best-seller. Para quem não sabe, as sereias possuem um canto encantador. Dizem que elas também poderão ser encontradas nos rios. Disso eu tive dúvida, até o momento que conheci esse gigantesco rio que passa majestosamente, defronte a cidade de Macapá. Há quem possa dizer que tudo isso é imaginação minha. Se aqui na Amazônia existe o boto cor de rosa, a enguia elétrica, a cobra Sofia, porque não existiria as sereias?

     Imaginação ou não, tenho certeza de que as sereias existem. Talvez não como as da minha mente, ou mesmo as do cinema, e ainda as do livro de Homero, porque hoje, posso dizer assim: - Eu já conheço sereias reais! E é exatamente isso, eu mesmo as defino como sereias reais, embora não pertençam à nenhuma família real, da política ou da história, e eu vos dou esse título honorífico de sereias reais. E nesses dois tempos distantes, imaginação e realidade, busco encontrar essa harmonia e compasso no canto das sereias do Amapá.

     Gostaria de afirmar que, quando eu ouço o canto das sereias do Amapá, eu paro imediatamente, para ouvi-las, aliás, tudo para, em função de seus timbres, ritmos, cadência e compasso. E nesse espaço de tempo, me envolvo deliberadamente, na divisão das mínimas, colcheias, fusas e semifusas. E nesse passo e compasso, ouço o timbre de ouro de cada uma delas. É nessa hora que me reconheço em Ulisses, com uma vontade imensa de mergulhar no rio Amazonas e me deixar levar pelo encanto do canto das sereias do Amapá: Oneide e Patrícia Bastos.

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