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terça-feira, 5 de março de 2024

ARTE E EDUCAÇÃO

 

 

     Muito se tem enfocado sobre a questão do ensino de artes nas escolas, o que é importante saber é que desde os primórdios que a arte está presente, mesmo que não tenha sido no currículo propriamente dito, mas, na prática sempre existiu. Na minha passagem pelo curso ginasial, na década de 1970, por exemplo, já havia aulas de música, pintura e dramatização, como também, professores formados nessas áreas da arte. Vejamos os primórdios do processo do ensino de artes nas escolas.

     O ensino de artes nas escolas não é tema da atualidade, ao contrário, é assunto extremamente antigo. Tudo começou com o desenho. Clara herança do passado é o persistente desejo oficial de justificar a arte, ou como era chamada nos primeiros tempos, o desenho. Jack Cross, em seu livro “O Ensino de Artes na Escola”, afirma que: “um jovem cavalheiro que soubesse desenhar poderia, com sua habilidade, suplementar o próprio diário; a escola oferecia os serviços do professor de desenho como vantagem opcional, mediante uma taxa adicional”.

     Praticava-se também o desenho de letras. Não só de escrita caligráfica, mas também de maiúsculas decorativas. Percebe-se claramente que a arte se resumia ao desenho de letras e cartazes. Aproximadamente, no século XIX, em muitos planos de trabalho, surgiu uma disciplina rotulada de treinamento manual, treinamento das mãos e dos olhos, trabalho manual, artesanato ou arte aplicada.

     Nas escolas da Inglaterra, França e outros países europeus, predominavam no século XIX, influências de ideias liberais e positivistas que resultavam na sua utilização como uma modalidade aplicada em ornamentos e preparação dos operários. A partir de 1837, foram criadas “Escolas de Desenho” na Inglaterra, para atender aos princípios e práticas artísticas de ornamentação, decoração e manufaturas.

     Na mesma época, nos Estados Unidos, os filhos das classes média e média alta, aprendiam em escolas particulares a copiar reproduções famosas, perspectiva linear e desenho geométrico. Com isso, podiam reconhecer as obras de arte originais dos grandes mestres e não comprar trabalhos falsos. Por outro lado, os filhos dos operários frequentavam a escola pública, onde aprendiam desenho geométrico e desenho linear, destinados a serem usados em seus futuros trabalhos nas fábricas.

     No Brasil do século XIX, o desenho passa a ocupar um espaço equivalente ao do mundo em industrialização, o que fica bem evidente no parecer feito por Rui Barbosa sobre o ensino primário em 1883, onde relaciona o desenho com o progresso industrial.

     Já nas primeiras décadas do século XX, continua visível, junto às classes sociais mais baixas, a analogia entre o ensino do desenho e o trabalho, como se observa nos programas de desenho geométrico, perspectiva, exercícios de composição para decoração e desenho de ornatos.  Estes, orientados exclusivamente para cópias de modelos que vinham geralmente de fora.

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