Uma das características culturais da
cidade de Macapá é o conhecido FUTLAMA,
que vem sendo realizado e apreciado pela população há muitos anos. É uma
criação dos amapaenses aficionados ao futebol, não profissionais, mas que não
têm acesso a grandes estádios. Essa mania de jogar futebol nas areias do rio
amazonas, quando o mesmo está de maré baixa, ganhou espaço na cidade, visto que
já existe até campeonatos de futlama. Seguindo a principal lei dos povos dessa
região insular, tudo está submetido ao grande rio amazonas, em função da sua
tábua de marés. Isso mesmo...! É o fluxo da maré quem determina o horário de
partida e de chegada. É a maré quem define o horário do vai e vem de pessoas e
mercadorias dessa região. Frente a isso, o Futlama também não poderia fugir a
essa regra, por isso mesmo ele sempre acontece com a maré baixa.
O que inicialmente era um momento de
prazer e lazer de antigos pescadores, os quais, precisavam relaxar após o árduo
trabalho, tomou corpo e na atualidade, todos os anos vem acontecendo o
campeonato de futlama defronte à cidade, na ocasião da maré baixa. Ao longo dos
anos, certamente, houve vários avanços em relação à essa atividade cultural no
Amapá. No ano de 2003, se deu o primeiro torneio de futebol de lama do Brasil.
Já em 2007, houve a fundação da Federação Amapaense de Futlama. Como tudo na
região Norte está sujeito às forças da natureza, da mesma forma que os jogos
acontecem na maré baixa, em vários casos, a força das águas, faz com que a
partida termine antes do tempo previsto. Não é à toa que, praticamente todos os
anos, em função da força das águas, entre março e abril, acontece as marés
lançantes quando a orla de Macapá fica completamente inundada, sendo batizada e
purificada pelas águas do grande rio.
Outro dado interessante, é que as
agremiações sempre homenageiam a própria região colocando nomes específicos da
fauna e flora amazônica, como: Tralhoto, Vitória Régia, entre outros. Essas
atividades culturais já fazem parte do Patrimônio cultural da cidade. O que se
pode observar aqui, é a persistência e resiliência de uma comunidade de
cidadãos que a partir, de sua atuação, busca conquistar um sentido de
pertencimento ao grupo de amigos, à cidade e, respectivamente, ao Estado do
Amapá. É extremamente necessário que os
órgãos de cultura se voltem para a motivação e proteção de atividades culturais
desse gênero, principalmente quando surge de classes menos favorecidas. Ao
longo da história pode-se observar alguns casos como por exemplo, o próprio
samba, que foi perseguido, aqui no Brasil, a valsa, na Argentina. Em seu
início, essas manifestações foram rechaçadas pela elite, mas, que se tornaram
patrimônios desses países.
O que me fez escrever este artigo sobre o
Futlama de Macapá, foi em função de meu retorno à Macapá, no início de janeiro
do ano em curso, quando da leitura de uma matéria sobre essa beleza de manifestação
cultural da nossa querida cidade. A referida reportagem encontra-se na revista de
bordo, nº 236, de novembro/dezembro/2023, da empresa aérea Gol, com início na
página 32, e término na página 37. Ao ler tal reportagem fiquei muito feliz de
ter visto uma notícia tão importante numa revista que é lida por centenas de
brasileiros.
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