Logo após a minha posse como professor na
Universidade Federal do Amapá, inicialmente me instalei num hotel que ficava na
Coaracy Nunes, no bairro central. Passei a procurar algum lugar para morar
definitivamente em Macapá, mas não havia perspectivas, principalmente porque
não existia prédios para alugar e muito menos algum apartamento para poder financiá-lo.
Era um período em que a cidade era praticamente horizontal, sendo que o maior
prédio da cidade, parece-me, era a caixa d’água da Santos Dumont, ali no bairro
do buritizal, e a grande maioria das moradias eram de madeira. Havia apenas um
condomínio de apartamentos na Rua Professor Tostes, acredito que seja o mais
antigo condomínio de Macapá.
Minha passagem pelo hotel foi exatamente
de 30 dias, visto que eu comprei um pequeno rádio na zona de livre comércio,
que na época estava no auge, e passei a ouvir alguns programas e principalmente
o “compra e vendas”, que tinha um excelente locutor chamado Jorge Guimarães.
Programa muito divertido e que, realmente, funcionava como um classificado
sonoro. Foi a partir desse programa que consegui um pequeno recinto na Rua
Clodóvio Coelho, no Buritizal, paralela à Rua 13 de setembro, onde passei todo
o ano de 1995. Uma das músicas que tocava bastante durante a programação
radiofônica, chamava-se “A Novidade” de Gilberto Gil, à qual, ficou gravada na
minha mente, e sempre que a ouço, lembro-me daquele período, visto que aquela canção,
marca, de forma nostálgica, minha chegada à Macapá.
Na década de 1990, em sua maioria, as
moradias da cidade, eram completamente de madeira. As avenidas eram de mão
dupla. Nas ruas Hildemar Maia e Santos Dumont, era difícil ver um prédio de
alvenaria. Hoje cada uma tem um fluxo contínuo em relação ao trânsito. Paralela
à Clodóvio Coelho, na Rua Primeiro de Maio, funcionava a Feira do Agricultor.
Na verdade, todas as mercadorias eram dispostas ali, na rua mesmo. Período que
a paróquia do Buritizal ficava de frente para a Hildemar Maia. Quando a
Hildemar Maia se tornou mão única, a Igreja nova foi inaugurada na Primeiro de
Maio. Na década de 1990, o comércio ainda era muito tímido na Av. 13 de
Setembro. Esta avenida cresceu muito ao longo dos anos, com bancos,
restaurantes, e lojas as mais diversas. Com seu desenvolvimento, a feira do
agricultor passou a ser na Claudomiro de Moraes. Atualmente a Av. 13 de
setembro é mão única.
Na Clodóvio Coelho, morei durante todo o
ano de 1995, lá, fiz muitos amigos, os quais, preservo até os dias de hoje. Durante
o percurso do ano de 1995, adquiri um terreno no Bairro da Embrapa, com a
intenção de me situar mais próximo das minhas atividades profissionais na
UNIFAP. Foi lá, que construí uma casa mista, com 30% de alvenaria e 75% de
madeira. Toda em madeira de lei, acapu e pau-mulato. Naquela época, era muito
comum o trânsito de madeira e o movimento no canal das pedrinhas, como também
em outros canais da cidade de Macapá, visto que ainda não havia a preocupação
com o meio ambiente. Após esses trinta anos, e, em função das leis de proteção
ao meio ambiente, o sentido agora é o oposto, hoje Macapá tem mais prédios de
alvenaria e pouquíssimos de madeira. E assim, segue a vida...!
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