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segunda-feira, 24 de julho de 2023

TRIBUTO AO MESTRE

 


     Era uma vez, um mestre bonequeiro, mamulengueiro, brincante, ou ainda, ator manipulador de bonecos, que dedicou plenamente toda sua existência em prol de animar coisas inanimadas e dar alma e vida aos seus queridos bonecos. Natural da famosa, folclórica e popular cidade de Caruaru, em Pernambuco, foi de lá que Mestre Guiga ao decidir fixar residência em Macapá, imerso na cultura nordestina, trouxe no seu matulão, toda uma influência da cultura popular do nordeste,  e há 40 anos veio desaguar este rico aprendizado, aqui no delta do amazonas.

     Ele transitava pela arte em geral, e principalmente entre o teatro de bonecos e o teatro com pessoas. Geralmente em todos os espetáculos por ele representados, sempre havia profunda relação entre o ator e os bonecos. Raramente ele montava uma peça teatral sem a presença de seus bonecos. Seu maior objetivo sempre era o trabalho com teatro de bonecos, determinando que na sua estética o ator nunca estava só, paralelamente, os bonecos também nunca estavam só. Havia uma relação intrínseca, artística e cultural, era uma verdadeira simbiose.

     Por outro lado, em relação à classe organizada, ele também contribuía diretamente com a política cultural no Estado do Amapá. Suas montagens não tinham direcionamentos para idade específica de público, eram muito amplas e se dirigiam aos mais variados públicos como: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. E assim...! nosso mestre fincou raízes no Amapá, criou vários tipos de bonecos, ministrou oficinas de confecção de bonecos, capacitou uma centena de artistas na arte da criação, confecção, manipulação e dramatização com teatro de bonecos.

     Desde a década de 1970, nosso mestre dos bonecos, trilhou uma longa caminhada na área do teatro, e participou de vários festivais de teatro espalhados pelo Brasil. Em função de seu espetáculo ter sido selecionado pelo projeto Mambembão, do Instituto Nacional de Artes Cênicas, na década de 1980, viajou as principais capitais do Brasil. Passando por Belém do Pará, no ano de 1981, se envolveu com o teatro do lugar, e teve a honra de fazer parte do primeiro elenco do espetáculo Ver-de-Ver-O-Peso. Em Macapá, na passagem do século, foi um dos organizadores, como também atuou, num mega espetáculo no período natalino, que aconteceu no marco zero do equador e teve direção geral de Amir Hadad. Na década de 1990, dirigiu o espetáculo Zapt Zupt, o qual, tinha a atriz Sol Pelaes, no elenco.

      Em dezembro de 2015, mestre Guiga Melo foi selecionado no edital Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, concedido pelo Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Era ator, diretor, produtor, na sua Companhia Viva de Teatro, montou os seguintes espetáculos: A Linha Imaginária e os Mistérios do Meio do Mundo; Feliz Cidade; Alfa e Beto; A Procura da Paz, entre outros.  Era um verdadeiro servidor do teatro e das artes. Completando seu ciclo neste plano, ele se despediu deixando saudades para seus amigos e principalmente, seus queridos bonecos. Que fique o seu legado.

 

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