Era uma vez, um mestre bonequeiro,
mamulengueiro, brincante, ou ainda, ator manipulador de bonecos, que dedicou
plenamente toda sua existência em prol de animar coisas inanimadas e dar alma e
vida aos seus queridos bonecos. Natural da famosa, folclórica e popular cidade
de Caruaru, em Pernambuco, foi de lá que Mestre Guiga ao decidir fixar
residência em Macapá, imerso na cultura nordestina, trouxe no seu matulão, toda
uma influência da cultura popular do nordeste,
e há 40 anos veio desaguar este rico aprendizado, aqui no delta do
amazonas.
Ele transitava pela arte em geral, e
principalmente entre o teatro de bonecos e o teatro com pessoas. Geralmente em
todos os espetáculos por ele representados, sempre havia profunda relação entre
o ator e os bonecos. Raramente ele montava uma peça teatral sem a presença de
seus bonecos. Seu maior objetivo sempre era o trabalho com teatro de bonecos, determinando
que na sua estética o ator nunca estava só, paralelamente, os bonecos também
nunca estavam só. Havia uma relação intrínseca, artística e cultural, era uma
verdadeira simbiose.
Por outro lado, em relação à classe
organizada, ele também contribuía diretamente com a política cultural no Estado
do Amapá. Suas montagens não tinham direcionamentos para idade específica de
público, eram muito amplas e se dirigiam aos mais variados públicos como:
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. E assim...! nosso mestre
fincou raízes no Amapá, criou vários tipos de bonecos, ministrou oficinas de
confecção de bonecos, capacitou uma centena de artistas na arte da criação,
confecção, manipulação e dramatização com teatro de bonecos.
Desde a década de 1970, nosso mestre dos
bonecos, trilhou uma longa caminhada na área do teatro, e participou de vários
festivais de teatro espalhados pelo Brasil. Em função de seu espetáculo ter
sido selecionado pelo projeto Mambembão, do Instituto Nacional de Artes
Cênicas, na década de 1980, viajou as principais capitais do Brasil. Passando
por Belém do Pará, no ano de 1981, se envolveu com o teatro do lugar, e teve a
honra de fazer parte do primeiro elenco do espetáculo Ver-de-Ver-O-Peso.
Em Macapá, na passagem do século, foi um dos organizadores, como também atuou,
num mega espetáculo no período natalino, que aconteceu no marco zero do equador
e teve direção geral de Amir Hadad. Na década de 1990, dirigiu o espetáculo Zapt
Zupt, o qual, tinha a atriz Sol Pelaes, no elenco.
Em
dezembro de 2015, mestre Guiga Melo foi selecionado no edital Teatro de Bonecos
Popular do Nordeste, concedido pelo Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional. Era ator, diretor, produtor, na sua Companhia Viva de Teatro, montou
os seguintes espetáculos: A Linha Imaginária e os Mistérios do Meio do Mundo;
Feliz Cidade; Alfa e Beto; A Procura da Paz, entre outros. Era um verdadeiro servidor do teatro e das
artes. Completando seu ciclo neste plano, ele se despediu deixando saudades
para seus amigos e principalmente, seus queridos bonecos. Que fique o seu
legado.
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