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segunda-feira, 7 de julho de 2025

CORPO DE CRISTO

 


     Salve a Companhia Teatro de Arena do Amapá, que no dia 19 de junho, apresentou pela primeira vez, seu novo espetáculo, intitulado Corpo de Cristo. Diferentemente do tradicional, “Uma Cruz Para Jesus”, desta vez, o espetáculo aconteceu no espaço interno da Fortaleza de São José de Macapá. A Companhia Teatro de Arena, como todos sabem, tem uma tradição de montar espetáculos com temas religiosos. Para os que acompanham sua trajetória, basta afirmar que são 46 anos de resistência em relação ao fazer teatral nas terras tucujus. Próximo a completar cinco décadas à frente de sua Companhia Teatral, Amadeu Lobato segue firme como diretor. Não obstante, acredito que já está na hora de se preparar um sucessor para que no futuro seja dado prosseguimento a esse grande e sublime desafio.

     Uma questão sui generis é que Amadeu Lobato transformou seu trabalho num espetáculo ontológico e clássico do Amapá. Agora, uma segunda peça em que não se paga ingresso, onde o acesso é livre para o público em geral, sem discriminação de cor, etnia, religião e classe social. Todos podem assistir ao referido espetáculo. Por outro lado, ele (Amadeu), transformou seu espetáculo numa considerável escola de teatro ao ar livre, visto que significativa parte dos artistas do Amapá se iniciaram nesta escola. Além disso, é um trabalho totalmente inclusivo, gerando integração absoluta de pessoas que possuem necessidades especiais, e que em relação a esse tema, não há qualquer barreira para quem deseja participar dos espetáculos da Cia de Arena.

     No caso, da produção cênica, “Corpo de Cristo”, há professores e alunos do curso de teatro da UNIFAP, que fazem parte do elenco como: Marina Brito, Carla Thaís, Heiron Mascarenhas, Brenda Lobato, Renan Cunha, Giulia Dominike, Laurene Morais, Eliete Galvão, entre outros. Situação que gera substanciais trocas de conhecimento entre os acadêmicos e os demais artistas do elenco. Levando-se em consideração que havia diversos artistas iniciantes em cena, centrarei minhas observações em relação ao próprio tema da peça. Tendo como ponto de partida o título da obra: “O Corpo de Cristo – Ele ressuscitou”, há de se esperar que o enredo dramatúrgico esteja direcionado e evidencie o sofrimento, o martírio, as angústias e os dissabores, pelos quais padecem o próprio corpo de Cristo.

     A cena que mais sensibiliza o público se dá quando Cristo está caído, com o corpo abatido, sem forças de carregar sua cruz, mas está envolto com o total apoio de sua mãe que o consola, sob a tênue leveza da música interpretada por Nathanhe Rogelle. Esta cena específica gerou um silêncio no público presente, e quando os espectadores silenciam completamente, é sinal de que a cena está cumprindo seu objetivo. E essa calma total, ao ver a cena, gera na plateia, respeito, comoção, tristeza, compaixão e terror e, em consequência, a catarse. Portanto, para que esta montagem busque novos indícios de melhoras na mise en scène, com foco dramático no corpo de Cristo, sugiro que a cena da remoção de Cristo da Cruz, seja delicada, com mais sutileza e elegância, e com a presença daqueles que vivenciaram tal fato, como os discípulos José de Arimatéia e Nicodemos, como também, Maria mãe de Jesus, Maria Madalena e Salomé.

     Observo a necessidade de mais duas cenas que poderiam ser introduzidas na referida montagem: primeiro, a cena em que Cristo ressuscitado aparece à Maria Madalena, ela que foi a primeira pessoa que testemunhou a ressureição; primeira pessoa a ver Cristo ressuscitado. A segunda cena, seria sobre São Tomé, o apóstolo incrédulo, que precisava ver para crer, o apóstolo só acreditou da ressurreição do Senhor, depois de tocar a chagas de Cristo. No entanto, ele arrependeu-se amargamente e chorou, ao conferir com seus próprios olhos, as chagas abertas de Cristo. Já a última cena, a ascensão de Cristo aos céus, poderia ser abrilhantada com gelo seco, iluminação mais intensa, fogos de artifício e, se possível, um drone com um foco de luz em elevação incessante.

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