Salve a Companhia Teatro de Arena do
Amapá, que no dia 19 de junho, apresentou pela primeira vez, seu novo
espetáculo, intitulado Corpo de Cristo. Diferentemente do tradicional, “Uma
Cruz Para Jesus”, desta vez, o espetáculo aconteceu no espaço interno da
Fortaleza de São José de Macapá. A Companhia Teatro de Arena, como todos sabem,
tem uma tradição de montar espetáculos com temas religiosos. Para os que
acompanham sua trajetória, basta afirmar que são 46 anos de resistência em
relação ao fazer teatral nas terras tucujus. Próximo a completar cinco décadas
à frente de sua Companhia Teatral, Amadeu Lobato segue firme como diretor. Não
obstante, acredito que já está na hora de se preparar um sucessor para que no
futuro seja dado prosseguimento a esse grande e sublime desafio.
Uma questão sui generis é que Amadeu Lobato transformou seu trabalho num
espetáculo ontológico e clássico do Amapá. Agora, uma segunda peça em que não
se paga ingresso, onde o acesso é livre para o público em geral, sem
discriminação de cor, etnia, religião e classe social. Todos podem assistir ao
referido espetáculo. Por outro lado, ele (Amadeu), transformou seu espetáculo
numa considerável escola de teatro ao ar livre, visto que significativa parte
dos artistas do Amapá se iniciaram nesta escola. Além disso, é um trabalho
totalmente inclusivo, gerando integração absoluta de pessoas que possuem
necessidades especiais, e que em relação a esse tema, não há qualquer barreira
para quem deseja participar dos espetáculos da Cia de Arena.
No caso, da produção cênica, “Corpo de
Cristo”, há professores e alunos do curso de teatro da UNIFAP, que fazem parte
do elenco como: Marina Brito, Carla Thaís, Heiron Mascarenhas, Brenda Lobato,
Renan Cunha, Giulia Dominike, Laurene Morais, Eliete Galvão, entre outros.
Situação que gera substanciais trocas de conhecimento entre os acadêmicos e os
demais artistas do elenco. Levando-se em consideração que havia diversos
artistas iniciantes em cena, centrarei minhas observações em relação ao próprio
tema da peça. Tendo como ponto de partida o título da obra: “O Corpo de Cristo
– Ele ressuscitou”, há de se esperar que o enredo dramatúrgico esteja
direcionado e evidencie o sofrimento, o martírio, as angústias e os dissabores,
pelos quais padecem o próprio corpo de Cristo.
A cena que mais sensibiliza o público se
dá quando Cristo está caído, com o corpo abatido, sem forças de carregar sua
cruz, mas está envolto com o total apoio de sua mãe que o consola, sob a tênue
leveza da música interpretada por Nathanhe Rogelle. Esta cena específica gerou
um silêncio no público presente, e quando os espectadores silenciam
completamente, é sinal de que a cena está cumprindo seu objetivo. E essa calma
total, ao ver a cena, gera na plateia, respeito, comoção, tristeza, compaixão e
terror e, em consequência, a catarse. Portanto, para que esta montagem busque
novos indícios de melhoras na mise en
scène, com foco dramático no corpo de Cristo, sugiro que a cena da remoção
de Cristo da Cruz, seja delicada, com mais sutileza e elegância, e com a
presença daqueles que vivenciaram tal fato, como os discípulos José de
Arimatéia e Nicodemos, como também, Maria mãe de Jesus, Maria Madalena e
Salomé.
Observo a necessidade de mais duas cenas
que poderiam ser introduzidas na referida montagem: primeiro, a cena em que
Cristo ressuscitado aparece à Maria Madalena, ela que foi a primeira pessoa que
testemunhou a ressureição; primeira pessoa a ver Cristo ressuscitado. A segunda
cena, seria sobre São Tomé, o apóstolo incrédulo, que precisava ver para crer,
o apóstolo só acreditou da ressurreição do Senhor, depois de tocar a chagas de
Cristo. No entanto, ele arrependeu-se amargamente e chorou, ao conferir com
seus próprios olhos, as chagas abertas de Cristo. Já a última cena, a ascensão
de Cristo aos céus, poderia ser abrilhantada com gelo seco, iluminação mais
intensa, fogos de artifício e, se possível, um drone com um foco de luz em
elevação incessante.
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