Reconhecido como artista de primeira linha,
na década de 1970, Bi Trindade, afrodescendente, exerceu grande influência no
que diz respeito às artes no Amapá, digo, às artes em geral. Sim! Visto que ele
era um artista versátil: ator, escritor, poeta, músico, professor, além de ser
tradutor de várias composições da Música Popular Amapaense, para o idioma
francês. Como tantos outros artistas da década de 1970, o teatro surgiu na vida
de Bi Trindade no bairro do Laguinho, principalmente no Grupo Telhado. Também
não poderia deixar de ser, foi contemporâneo de Osvaldo Simões, Consolação
Corte, Juvenal Canto entre outros jovens da época.
É considerável afirmar que na década de
1970, com a criação do Grupo Telhado; com a criação do Grupo Pilão e com vários
eventos artísticos, como feiras de artes, promovidos por esse grupo de pessoas,
Bi Trindade sempre esteve participando dessas atividades artísticas. Foram os
jovens do Laguinho que conseguiram transformar o seu bairro no maior centro
cultural do Estado do Amapá, naquele momento histórico.
O Telhado foi um grupo de teatro que em
muito contribuiu para a formação de atores do Amapá, visto que o grupo
trabalhava observando a arte como um sério métier. Lembra Bi, que o grupo
conseguiu assinar convênio com o Movimento Brasileiro de Alfabetização –
MOBRAL. Em função do seu trabalho, o grupo conquistou e teve à sua disposição o
Cineteatro Territorial, para realizar seus ensaios e suas apresentações.
Mas, o telhado não só se dedicava à arte
pela arte. Como grupo de vanguarda se preocupava tanto com o trabalho
artístico, no caso a mise em scène,
como em debater com a sociedade local suas angústias, suas emoções e seus
problemas políticos e sociais. Bi Trindade participou em espetáculos como: “Antônio, Meu Santo” e “A Mulher que Casou 18 Vezes” e “O Menino do
Laguinho”.
“A
Mulher que Casou 18 Vezes” além de ter sido um bonito espetáculo, naquela
peça, Bi representou dois personagens e ainda trabalhou na música. Foi uma
adaptação de cordel, que deixava o público sempre à vontade porque era de fácil
compreensão. Além disso, a peça deixou para ele a experiência de viajar pelos
cinco municípios amapaenses que existiam na época: Macapá, Porto Grande,
Ferreira Gomes, Calçoene, Amapá e Oiapoque.
Além do Grupo Telhado, Bi participou de
outros grupos de igrejas como São Benedito e Jesus de Nazaré. Em 1977, na
igreja São Benedito, o Padre José solicitou que o grupo apresentasse a via
sacra ao vivo pelas ruas do bairro laguinho. O trajeto ficou assim determinado:
saída da referida igreja, seguindo por ruas do Pacoval; depois, passando em
frente à igreja Nossa Senhora Aparecida, em seguida voltando pela rua Eliezer
Levy e boêmios do Laguinho, para finalizar com a crucificação de Cristo que
acontecia na Igreja São Benedito. Naquela ocasião, qual artista fazia o cristo?
Reposta: - Bi Trindade, o primeiro Cristo negro do Amapá.
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