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terça-feira, 14 de junho de 2022

MEU CARO GIBRAN

 


    Sou um frequentador assíduo da Biblioteca Pública Profa. Elcy Lacerda, por várias questões: para ler, para pesquisar, para conversas literárias com os servidores daquela casa, degustando o famoso cafezinho, que por lá, sabem fazer de primeira. Também já fiz vários lançamentos de livros, com total apoio daquela instituição. Lá, conheci o poeta Paulo Tarso, Profa. Socorro Oliveira, como também meu grande amigo e artista plástico, Gibran Santana. Infelizmente não houve tempo de que ele pudesse ilustrar um dos meus livros, mas, sua irmã, Neuracy Santana, me fez as ilustrações da obra infantil “A China é Aqui”. 

     Gibran Santana era uma pessoa eclética, visto que ele, se envolvia com várias áreas de conhecimento. Além de artista plástico, promovia vários eventos, era ligado à música, criava adereços e adornava carros alegóricos no carnaval amapaense, professor de pintura, diretor da Escola Candido Portinari, de 1997 a 2002; como radialista, mantinha um programa na RDM. Participou, com seus quadros, onde fez exposição em vários países do Caribe.

     Sempre estava à disposição de todos que quisessem conhecer a Biblioteca Pública, e principalmente seus projetos, a sala em que trabalhava, etc. Geralmente, ficava numa pequena sala no primeiro andar, com vários livros e ornamentos da cultura negra. Lá, também havia um estranho instrumento de bronze, de onde ele sempre tirava alguns tons. Dizia que era um instrumento indiano.

       Sempre compartilhava comigo, seus projetos artísticos de composição de seus futuros quadros, e gostava muito de pintar a região amazônica, seu mundo, seu lugar. Realizou um ótimo trabalho e deixou sua marca na Guiana Francesa, em Caiena. Tinha muita preocupação em pesquisar, discutir arte, para manter sua estética e a poética de seus quadros. Era um artista que não se limitava apenas à sua arte, mas também debatia política, economia, sociedade, cultura e artes plásticas.

     Ultimamente havia aberto exposição individual no hall da Prefeitura de Santana, cujo título revelava sua preocupação com a região amazônica, intitulada: “Espécies em Extinção da Amazônia”. Na ocasião, a referida exposição foi apoiada pela Lei Aldir Blanc. Dentro desse belo projeto, o artista também ministrou oficina de pintura em várias escolas do município de Santana.

     Os vários quadros que denunciavam sobre a extinção e tráfico de aves, foram: Arar-canindé; Gavião-real; Garça-branca-grande; Mariposa-imperador; Pirarucu; Arara-azul; Tartaruga-da-Amazônia; Onça-pintada; Papagaio-verdadeiro e Tucano-toco.

     Gibran Santana é um daqueles artistas que, por sua atitude como cidadão, se apoiou nas artes plásticas para demonstrar sua preocupação com a floresta amazônica e com o meio ambiente. Trazia consigo, uma ligação intrínseca e telúrica em relação ao seu “eu”, ao seu lugar, ao seu mundo. Merece ser sempre lembrado em nosso meio. Onde você estiver, grande abraço, meu caro amigo Gibran.

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