Sou um frequentador assíduo da Biblioteca
Pública Profa. Elcy Lacerda, por várias questões: para ler, para pesquisar,
para conversas literárias com os servidores daquela casa, degustando o famoso
cafezinho, que por lá, sabem fazer de primeira. Também já fiz vários
lançamentos de livros, com total apoio daquela instituição. Lá, conheci o poeta
Paulo Tarso, Profa. Socorro Oliveira, como também meu grande amigo e artista
plástico, Gibran Santana. Infelizmente não houve tempo de que ele pudesse ilustrar
um dos meus livros, mas, sua irmã, Neuracy Santana, me fez as ilustrações da
obra infantil “A China é Aqui”.
Gibran Santana era uma pessoa eclética,
visto que ele, se envolvia com várias áreas de conhecimento. Além de artista
plástico, promovia vários eventos, era ligado à música, criava adereços e
adornava carros alegóricos no carnaval amapaense, professor de pintura, diretor
da Escola Candido Portinari, de 1997 a 2002; como radialista, mantinha um
programa na RDM. Participou, com seus quadros, onde fez exposição em vários
países do Caribe.
Sempre estava à disposição de todos que
quisessem conhecer a Biblioteca Pública, e principalmente seus projetos, a sala
em que trabalhava, etc. Geralmente, ficava numa pequena sala no primeiro andar,
com vários livros e ornamentos da cultura negra. Lá, também havia um estranho
instrumento de bronze, de onde ele sempre tirava alguns tons. Dizia que era um
instrumento indiano.
Sempre
compartilhava comigo, seus projetos artísticos de composição de seus futuros
quadros, e gostava muito de pintar a região amazônica, seu mundo, seu lugar. Realizou
um ótimo trabalho e deixou sua marca na Guiana Francesa, em Caiena. Tinha muita
preocupação em pesquisar, discutir arte, para manter sua estética e a poética
de seus quadros. Era um artista que não se limitava apenas à sua arte, mas
também debatia política, economia, sociedade, cultura e artes plásticas.
Ultimamente havia aberto exposição
individual no hall da Prefeitura de Santana, cujo título revelava sua
preocupação com a região amazônica, intitulada: “Espécies em Extinção da
Amazônia”. Na ocasião, a referida exposição foi apoiada pela Lei Aldir Blanc.
Dentro desse belo projeto, o artista também ministrou oficina de pintura em
várias escolas do município de Santana.
Os vários quadros que denunciavam sobre a
extinção e tráfico de aves, foram: Arar-canindé; Gavião-real;
Garça-branca-grande; Mariposa-imperador; Pirarucu; Arara-azul; Tartaruga-da-Amazônia;
Onça-pintada; Papagaio-verdadeiro e Tucano-toco.
Gibran Santana é um daqueles artistas que,
por sua atitude como cidadão, se apoiou nas artes plásticas para demonstrar sua
preocupação com a floresta amazônica e com o meio ambiente. Trazia consigo, uma
ligação intrínseca e telúrica em relação ao seu “eu”, ao seu lugar, ao seu
mundo. Merece ser sempre lembrado em nosso meio. Onde você estiver, grande
abraço, meu caro amigo Gibran.
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