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domingo, 5 de junho de 2022

ESTÉTICA DE SHAKESPEARE

 


     No teatro grego aristotélico, principalmente no primeiro gênero teatral, que é a tragédia, desenvolvida na sua mais alta concepção, pelos tragediógrafos, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes; nela havia uma intrínseca relação entre o homem e os deuses. Tudo era resolvido no final da encenação, quando os deuses desciam por máquinas montadas no próprio teatro. Surgiam como se fossem dos céus! E o mais interessante...! Toda a trama era resolvida pelos deuses, no desenlace da peça, que desciam dos céus à terra, para resolver os problemas dos homens, dos mortais.

     Esse tipo de teatro, conhecido como teatro dramático e, também como teatro aristotélico, perdurou por vários séculos, mas no renascimento esse caminho tomará novos rumos, principalmente com o surgimento de um novo dramaturgo, desta vez chamado Shakespeare. Um dos principais fatores desse autor é que em suas peças, os deuses ficaram de fora, e os problemas passaram a ser resolvidos pelos próprios homens aqui na terra. 

     Ele também colocou em cena a burguesia elizabetana com seus problemas psicológicos, políticos, econômicos e culturais. É o renascimento das cidades, como também o renascimento do teatro, quando ele se tornou um dos mais importantes dramaturgos da Europa. Isto aconteceu especificamente na Inglaterra. Sob o período Elizabetano, viveu Shakespeare de 1564 a 1616.  A Inglaterra encontrava-se num período de crescimento econômico muito promissor. A rainha Elizabeth havia conquistado a hegemonia da sociedade inglesa, que por sua vez, estava submersa em suas contradições éticas, morais e sociais, dos seus valores burgueses.

     Na pequena cidade de Stratford-on-Avon a 80 quilômetros de Londres, Shakespeare passou boa parte de sua vida, onde estudou vários idiomas. Posteriormente, abandona a família e vai para a cidade grande (no caso, Londres) onde, em poucos dias gasta suas economias nos bares e teatros da cidade. Aliás, esse foi praticamente o grande universo de Shakespeare: Stratford/Londres/Stratford.

     Diante de um teatro (provavelmente o Globe Theatre), durante as apresentações, sem mais poder assisti-las, para sua sobrevivência, passa a guardar e cuidar dos cavalos do público que vinha apreciar aos espetáculos. Acontece que depois de certo período passa a trabalhar nesse mesmo teatro. Inicialmente como tradutor de textos (trabalho que lhe deu suporte significante em sua futura obra, tendo em vista que à medida que fazia as traduções, paralelamente ia compreendendo a carpintaria teatral dos referidos textos).

     Com seu crescente conhecimento, conseguiu uma vaga como ator. Por ironia do destino, nesse mesmo teatro se tornaria famoso ao montar seus próprios textos. No Globe Theatre, as peças de Shakespeare foram encenadas a partir de 1599. Como dramaturgo, foi de encontro a paradigmas como as unidades aristotélicas, criando tragédias que não seguiam as unidades de tempo, lugar e ação. Trouxe para o palco uma nova estética, com questões éticas e morais da sociedade inglesa da época.

    

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