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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

AVENTURAS DO TELHADO

 


     A década de 1970 foi de grande importância para a arte do Amapá em função da presença do “Grupo de Teatro Telhado”, que chegou a assinar contrato de dois anos com o MOBRAL, que era órgão federal, para apresentar suas peças. Por outro lado, em pleno ano de 1976 o MOBRAL tinha como seu Presidente, Coronel Ribeiro, que era defensor e patrocinador das artes e dos artistas do lugar. Segundo o Jornal A Província do Pará, 2º caderno, página 8, de Belém do Pará, Domingo, de 20 de junho de 1976: O MOBRAL forneceu Cr$ 1.364,00 de verba para cenário e figurino e, quando o grupo viaja para apresentar os espetáculos, cada ator recebe quarenta por cento do antigo salário mínimo regional.

     Nessa conjuntura, o Grupo Telhado apresentou várias de suas peças pelo interior do ex-Território.  “A Mulher que Casou 18 Vezes”, por exemplo, fez temporada em todos os municípios e vilas existentes no então Território Federal do Amapá, naquele período, tendo como suporte o contrato com o MOBRAL.

     O apoio era tão intenso que em muitas oportunidades o “Telhado” viajava nos próprios aviões da FAB (situação que na década de 1970 era praticamente e politicamente inconcebível em qualquer outro Estado do Brasil). Fato este que nos revela o quão era evidente e necessário a presença do teatro, como apoio na área do lazer aqui em nosso meio. Esta, nos parece uma situação extraordinária, como afirma o ator Cláudio Lobato (Claudelino Palheta Lobato), que foi um dos componentes do referido grupo de teatro:      A primeira vez nos anos 70 que nós fomos com o “Grupo Telhado” ao Oiapoque, seguimos num avião da FAB, e naquela época os coronéis e aviadores davam o maior apoio ao nosso grupo, nos tratavam muito bem. Fomos recebidos por eles numa colônia militar. Já o público nos prestigiava muito, principalmente porque na época não havia televisão.

     Já Osvaldo Simões que atuou no grupo naquele período, e hoje é aluno do curso de teatro da UNIFAP, também nos fala sobre essas aventuras: Nós viajamos no avião do exército porque na época o avião fazia essa linha, era o abastecimento da colônia militar de Clevelândia do Norte, então ele vinha e deixava mantimentos aqui, no vigésimo quarto batalhão e levava mantimentos para Clevelândia do Norte. Como nosso projeto era do movimento brasileiro de alfabetização, que era ligado ao governo federal e nós precisávamos ir para o Oiapoque, coincidiu que o avião do exército estava no aeroporto e ia viajar no dia seguinte, tanto é que nós tivemos que viajar na sexta feira, porque o avião só saía na sexta. Além de “A Mulher que Casou 18 Vezes”, o Telhado montou vários outros espetáculos e assim, surgiu no Bairro Laguinho e se tornou famoso, conquistando todo o Estado do Amapá. Sem dúvida, na década de 1970, o Grupo de Teatro Telhado foi um ícone do teatro amapaense, e contribuiu imensamente para a cultura desta região.

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