A década de 1970 foi de grande importância
para a arte do Amapá em função da presença do “Grupo de Teatro Telhado”, que chegou
a assinar contrato de dois anos com o MOBRAL, que era órgão federal, para
apresentar suas peças. Por outro lado, em pleno ano de 1976 o MOBRAL tinha como
seu Presidente, Coronel Ribeiro, que era defensor e patrocinador das artes e
dos artistas do lugar. Segundo o Jornal A Província do Pará, 2º caderno, página
8, de Belém do Pará, Domingo, de 20 de junho de 1976: O MOBRAL forneceu Cr$ 1.364,00 de verba
para cenário e figurino e, quando o grupo viaja para apresentar os espetáculos,
cada ator recebe quarenta por cento do antigo salário mínimo regional.
Nessa conjuntura, o Grupo Telhado
apresentou várias de suas peças pelo interior do ex-Território. “A Mulher que Casou 18 Vezes”, por exemplo,
fez temporada em todos os municípios e vilas existentes no então Território
Federal do Amapá, naquele período, tendo como suporte o contrato com o MOBRAL.
O apoio era tão intenso que em muitas
oportunidades o “Telhado” viajava nos próprios aviões da FAB (situação que na
década de 1970 era praticamente e politicamente inconcebível em qualquer outro
Estado do Brasil). Fato este que nos revela o quão era evidente e necessário a
presença do teatro, como apoio na área do lazer aqui em nosso meio. Esta, nos
parece uma situação extraordinária, como afirma o ator Cláudio Lobato
(Claudelino Palheta Lobato), que foi um dos componentes do referido grupo de
teatro: A primeira vez nos anos 70 que nós fomos
com o “Grupo Telhado” ao Oiapoque, seguimos num avião da FAB, e naquela época
os coronéis e aviadores davam o maior apoio ao nosso grupo, nos tratavam muito
bem. Fomos recebidos por eles numa colônia militar. Já o público nos
prestigiava muito, principalmente porque na época não havia televisão.
Já Osvaldo Simões que atuou no grupo
naquele período, e hoje é aluno do curso de teatro da UNIFAP, também nos fala
sobre essas aventuras: Nós viajamos no avião do exército porque na época o avião fazia essa linha, era o
abastecimento da colônia militar de Clevelândia do Norte, então ele vinha e
deixava mantimentos aqui, no vigésimo quarto batalhão e levava mantimentos para
Clevelândia do Norte. Como nosso projeto era do movimento brasileiro de
alfabetização, que era ligado ao governo federal e nós precisávamos ir para o
Oiapoque, coincidiu que o avião do exército estava no aeroporto e ia viajar no
dia seguinte, tanto é que nós tivemos que viajar na sexta feira, porque o avião
só saía na sexta. Além de “A Mulher que Casou 18 Vezes”, o Telhado montou vários
outros espetáculos e assim, surgiu no Bairro Laguinho e se tornou famoso, conquistando
todo o Estado do Amapá. Sem dúvida, na década de 1970, o Grupo de Teatro Telhado
foi um ícone do teatro amapaense, e contribuiu imensamente para a cultura desta
região.
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