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terça-feira, 14 de agosto de 2018

CAMINHOS DO TEATRO NA EDUCAÇÃO



     Desde as mais remotas épocas, o teatro sempre esteve presente no processo de educação da criança e do adolescente. A educação grega valorizava o teatro, a música, a dança e a literatura. Platão considerava o jogo fundamental na educação.
     Na antiga Grécia a criança era exercitada, durante seus primeiros anos, em jogos educativos, aptos para encaminhá-la a seu aperfeiçoamento como adulta. Esses jogos respeitavam de antemão, os anseios, desejos e instintos dessas crianças. O menino era admitido, desde pequeno como participante de manifestações religiosas e sociais, desenvolvidas em forma de espetáculo. Aristóteles, como Platão, deu grande destaque ao jogo na educação, considerando-o de máxima importância, pois acreditava que educar era preparar para a vida, proporcionando ao mesmo tempo prazer.
     Para os romanos, o teatro era uma imitação que teria um propósito educacional se pudesse ensinar lições morais. Condenado por um determinado período pela igreja, o teatro na Idade Média, através de representações sacras, mistérios, farsas e moralidades, atraía multidões de espectadores, inclusive as crianças. Carlos Magno, coroado rei do Sacro Império Romano, por volta do século IX, fundou escolas e monastérios por toda a Europa. Nesse ínterim, os trabalhos de Aristóteles foram novamente estudados e o teatro adaptou a filosofia aristotélica à fé católica, dando então, aprovação plena à representação, desde que ela fosse recreação pura.
     No final da Idade Média o ensino do teatro propagou-se pelas escolas da Europa, e consequentemente por cinco séculos, as encenações dos mistérios e moralidades propiciaram às massas sua educação. No Renascimento, surgiram numerosas academias, onde os estudiosos das obras clássicas encenavam peças latinas. Rabelais introduziu o teatro e a dança nas escolas inglesas, o estudo dos clássicos e as atividades artísticas, sobretudo as dramáticas, eram consideradas excelentes recursos para o aprendizado da linguagem.
     Mas somente no século XVI e XVII, com São Felipe Neri e os Jesuítas, a interpretação teatral passa a fazer parte dos planos de estudo na escola, atribuindo-se ao teatro precisa e elevada função educativa. Nos séculos XVI, XVII e XVIII, havia toda uma tradição do teatro na escola, na Europa, através da interpretação de dramas latinos, por alunos de diversos colégios, com o objetivo de sensibilizar os jovens à prática religiosa. Observo aqui, as características em relação à atualidade, pois esta era uma forma completamente diferente do teatro que se faz hoje nas escolas, cujo objetivo é a autoexpressão do aluno.
     Famosos dramaturgos da história do teatro iniciaram suas primeiras obras nas escolas, “Corneille”, por exemplo, passou sete anos no Colégio de Rouen, na França. Ali ele compôs diversas peças em latim e montou vários espetáculos dramáticos.Já “Molière”, estudou no Colégio Clermont. “Voltaire” compôs seus primeiros ensaios dramáticos quando ainda estudava nas escolas. Na Itália do século XIX o teatro educativo foi marcado pela preocupação exclusivamente pedagógica. De 1850 a 1910, grandes personalidades ocuparam-se do teatro para criança, colaborando na obra educativa.
     No Brasil, o teatro na escola teve novo impulso a partir da “Escola Nova”, e no limiar do século XXI a maioria das escolas de todo o mundo dedica espaços em seus currículos, especificamente ao teatro, tendo em vista sua importância para o desenvolvimento da personalidade global da criança e do adolescente.

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