Desde as mais remotas épocas, o teatro
sempre esteve presente no processo de educação da criança e do adolescente. A
educação grega valorizava o teatro, a música, a dança e a literatura. Platão
considerava o jogo fundamental na educação.
Na antiga Grécia a criança era exercitada,
durante seus primeiros anos, em jogos educativos, aptos para encaminhá-la a seu
aperfeiçoamento como adulta. Esses jogos respeitavam de antemão, os anseios,
desejos e instintos dessas crianças. O menino era admitido, desde pequeno como
participante de manifestações religiosas e sociais, desenvolvidas em forma de
espetáculo. Aristóteles, como Platão, deu grande destaque ao jogo na educação,
considerando-o de máxima importância, pois acreditava que educar era preparar
para a vida, proporcionando ao mesmo tempo prazer.
Para os romanos, o teatro era uma imitação
que teria um propósito educacional se pudesse ensinar lições morais. Condenado
por um determinado período pela igreja, o teatro na Idade Média, através de representações
sacras, mistérios, farsas e moralidades, atraía multidões de espectadores,
inclusive as crianças. Carlos Magno, coroado rei do Sacro Império Romano, por
volta do século IX, fundou escolas e monastérios por toda a Europa. Nesse
ínterim, os trabalhos de Aristóteles foram novamente estudados e o teatro
adaptou a filosofia aristotélica à fé católica, dando então, aprovação plena à
representação, desde que ela fosse recreação pura.
No final da Idade Média o ensino do teatro
propagou-se pelas escolas da Europa, e consequentemente por cinco séculos, as
encenações dos mistérios e moralidades propiciaram às massas sua educação. No
Renascimento, surgiram numerosas academias, onde os estudiosos das obras
clássicas encenavam peças latinas. Rabelais introduziu o teatro e a dança nas
escolas inglesas, o estudo dos clássicos e as atividades artísticas, sobretudo
as dramáticas, eram consideradas excelentes recursos para o aprendizado da
linguagem.
Mas somente no século XVI e XVII, com São
Felipe Neri e os Jesuítas, a interpretação teatral passa a fazer parte dos
planos de estudo na escola, atribuindo-se ao teatro precisa e elevada função
educativa. Nos séculos XVI, XVII e XVIII, havia toda uma tradição do teatro na
escola, na Europa, através da interpretação de dramas latinos, por alunos de
diversos colégios, com o objetivo de sensibilizar os jovens à prática
religiosa. Observo aqui, as características em relação à atualidade, pois esta
era uma forma completamente diferente do teatro que se faz hoje nas escolas,
cujo objetivo é a autoexpressão do aluno.
Famosos dramaturgos da história do teatro
iniciaram suas primeiras obras nas escolas, “Corneille”, por exemplo, passou
sete anos no Colégio de Rouen, na França. Ali ele compôs diversas peças em
latim e montou vários espetáculos dramáticos.Já “Molière”, estudou no Colégio
Clermont. “Voltaire” compôs seus primeiros ensaios dramáticos quando ainda
estudava nas escolas. Na Itália do século XIX o teatro educativo foi marcado
pela preocupação exclusivamente pedagógica. De 1850 a 1910, grandes
personalidades ocuparam-se do teatro para criança, colaborando na obra
educativa.
No Brasil, o teatro na escola teve novo
impulso a partir da “Escola Nova”, e no limiar do século XXI a maioria das
escolas de todo o mundo dedica espaços em seus currículos, especificamente ao
teatro, tendo em vista sua importância para o desenvolvimento da personalidade
global da criança e do adolescente.
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