Na Grécia, o verdadeiro oficiante do culto
a Dionísio recebia honras públicas. Em Roma, o comediante era escravo e certos
gêneros de origem grega que se cultivava ao lado da dramaturgia erudita eram
desempenhados por mulheres prostitutas. A Idade Média reformulou a questão do
ator ao extrair um esboço do drama da liturgia cristã. Sacerdotes e religiosos
concorreram para o espetáculo medieval, semelhante para eles a um ato de fé.
No século XVII, não obstante recebesse
subsídios de Luis XIV e fosse uma das glórias reconhecidas da França, Molière
não teve sepultura cristã, porque se dedicava à infamante profissão de ator.
Após ser ultrapassado e aceito esse preconceito social como relaxamento da fé
religiosa, o ator alçou-se ao posto de ídolo, no qual é possível admirá-lo nos
dias atuais. Nesse caso, muitos passaram a mitos coletivos como é o caso de
Sarah Bernhardt.
Há mais de setenta anos atrás o
preconceito social assemelhava a condição de atriz à de prostituta. Por outro
lado, no século XIX surgiram os monstros sagrados, que eram astros, vedetes,
atores e atrizes, nessa época ficaram famosas as “primas dona”. Foi um período
em que era a personalidade singular e excepcional de um determinado intérprete
que se impunha. Alguns que ficaram mais conhecidos; Talma, Sarah Bernhardt,
Julian Barret entre outros.
O ator ou atriz considerada “monstro
sagrado” era quem orientava e norteava todo o espetáculo. Era um tipo de
intérprete que desafiava todas as normas. Ator mago cuja interpretação se
assemelhava à intervenção de um sumo sacerdote. Era um tipo de intérprete que
transmitia a sensação de estar além de qualquer técnica.
Ao longo da história do Brasil, houve diversas
iniciativas de abordagem ou utilização do teatro no processo educativo, bem
como de formação educacional de pessoas voltadas para a arte teatral. No
período da colonização no Brasil até o século XVIII a Companhia de Jesus
desenvolveu em seus colégios uma sólida estrutura de uso escolar religioso do
teatro, comparável àquela praticada na Europa na Idade Média. A multiplicação dessas escolas
especializadas na arte de representar, principalmente aquelas de cunho
universitário voltadas para a formação profissional, vem completando a tarefa
de valorizar o intérprete.
O
brasileiro João Caetano foi um dos nossos “monstros sagrados”. Além de ator
montou na cidade do Rio de Janeiro, uma escola com recursos próprios voltada
para formar atores. De lá para cá, muitas escolas de arte dramática foram
instaladas em todos os continentes.
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