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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O ATOR




     Na Grécia, o verdadeiro oficiante do culto a Dionísio recebia honras públicas. Em Roma, o comediante era escravo e certos gêneros de origem grega que se cultivava ao lado da dramaturgia erudita eram desempenhados por mulheres prostitutas. A Idade Média reformulou a questão do ator ao extrair um esboço do drama da liturgia cristã. Sacerdotes e religiosos concorreram para o espetáculo medieval, semelhante para eles a um ato de fé.
     No século XVII, não obstante recebesse subsídios de Luis XIV e fosse uma das glórias reconhecidas da França, Molière não teve sepultura cristã, porque se dedicava à infamante profissão de ator. Após ser ultrapassado e aceito esse preconceito social como relaxamento da fé religiosa, o ator alçou-se ao posto de ídolo, no qual é possível admirá-lo nos dias atuais. Nesse caso, muitos passaram a mitos coletivos como é o caso de Sarah Bernhardt.
     Há mais de setenta anos atrás o preconceito social assemelhava a condição de atriz à de prostituta. Por outro lado, no século XIX surgiram os monstros sagrados, que eram astros, vedetes, atores e atrizes, nessa época ficaram famosas as “primas dona”. Foi um período em que era a personalidade singular e excepcional de um determinado intérprete que se impunha. Alguns que ficaram mais conhecidos; Talma, Sarah Bernhardt, Julian Barret entre outros.
     O ator ou atriz considerada “monstro sagrado” era quem orientava e norteava todo o espetáculo. Era um tipo de intérprete que desafiava todas as normas. Ator mago cuja interpretação se assemelhava à intervenção de um sumo sacerdote. Era um tipo de intérprete que transmitia a sensação de estar além de qualquer técnica.
     Ao longo da história do Brasil, houve diversas iniciativas de abordagem ou utilização do teatro no processo educativo, bem como de formação educacional de pessoas voltadas para a arte teatral. No período da colonização no Brasil até o século XVIII a Companhia de Jesus desenvolveu em seus colégios uma sólida estrutura de uso escolar religioso do teatro, comparável àquela praticada na Europa na Idade Média.      A multiplicação dessas escolas especializadas na arte de representar, principalmente aquelas de cunho universitário voltadas para a formação profissional, vem completando a tarefa de valorizar o intérprete.
     O brasileiro João Caetano foi um dos nossos “monstros sagrados”. Além de ator montou na cidade do Rio de Janeiro, uma escola com recursos próprios voltada para formar atores. De lá para cá, muitas escolas de arte dramática foram instaladas em todos os continentes.

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