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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

TEATRO NO AMAPÁ - SÉCULO XXI

 


     No início do século XXI, o movimento organizado de teatro no Amapá deu grande salto, tendo em vista a enxurrada de grupos e coletivos que passaram a surgir naquele período. Movimento que traz novos pensamentos e novos encaminhamentos para o teatro do Amapá, como novas ideias, a partir de seus novos agrupamentos, que ao longo do novo século e dessas últimas décadas continuam a florescer. Entre eles, posso citar alguns: como fonte de aviso dessa nova geração, já no finalzinho de 1996, surge o Grupo Urucum, liderado pelo artista plástico Josaphat, Nonato Reis e José Ribas; em 2005, Cia Supernova, com apoio do SESC/AP, tendo à frente a diretora de Zeníude Pereira; ainda em 2005, foi a vez  da Cia Cangapé, liderada por Washington Silva e Alice Araújo; em 2009, também surge sob coordenação de Washington Silva e Alice Araújo, o Coletivo de Artistas, Produtores e Técnicos do Teatro do Estado do Amapá – CAPPTA;  em 2011, surge a Cia. Tucujus de Teatro, sob organização de Jhou Santos; em 2013, é a vez da Cia Trecos In Mundos, coordenada por Sandro Brito; depois vem a Cia. Oi Nóiz Akí, que também surgiu nesse período, liderada por Cláudio Silva. Além dessas entidades representativas do teatro do Amapá, surgiram ainda: Casa Fora do Eixo, 2006; Macaco Seco, sob coordenação de Cláudio Silva; Grupo Imagem & Cia, tendo à frente Cricilma Ferreira e Débora Bararuá, em 2007; em 2009, é fundado o Coletivo Psicodélico, com Mapige Gemaque; e em 2015, a Casa Circo, sob coordenação de Ana Caroline e Jones Barsou, e ainda a fundação da Federação de Dança do Amapá – FADA, criada por Myrla Barreto.

     Em função disso, muitos outros grupos, associações e organizações relativas às artes cênicas, foram surgindo no Amapá, e que estão em atividade nos dias de hoje, como exemplo, temos: Trupe do Pato, sob direção de Pato Canar; Grupo Teatração, de Paulo Padovani; Grupo Baluarte, sob tutela de Naldo Martins; Grupo Santiartes, coordenado por Alan Douglas; Cia Supernova, liderada por Marina Beckman; Oi Nóiz Aki, que tem como diretor, Claudio Silva; Grupo Eureca, de Joca Monteiro; Eta Nós, de Aldenir Rodrigues; Cia Cangapé, sob coordenação de Mauro Santos; Grupo Teatral Hemisfério, tendo à frente, Wenner George; Amigos da Cultura, de Wendel Guimarães; Grupo Marabaixo, de Max de Morais; Grupo Os Paspalhões, também de Max Morais; Grupo Calcoarte, dirigido por Paulo; Grupo Arte Luz, de Ângelo Botelho; Cia Turma do Nescau, dirigido por Fábio Nescau; Cia Que Maravilha, de Almeida Canuto; Grupo Zimba, liderado por Suane Brazão; Grupo Gera, do fotógrafo Paulo Gil; Grupo Desclassificáveis, do diretor Paulo Alfaia; Grupo Semente Nova, de Naldo Macedo; Casa Cena, de Junior Bolha; Grupo Teatro Arena, do diretor Amadeu Lobato; Grupo de Teatro Marco Zero, sob direção de Daniel de Rocha; Grupo de Artes Piracuí, de Solange Simit Tenório; Cia do Riso, de Genário Dunas; Grupo Língua Solta, de Jean Duarte, Grupo Casa Circo, de Jones Barsou e Ana Caroline, entre outros.

 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

PERSISTÊNCIA E DEDICAÇÃO

 

 

     Professor é uma profissão que exige muita persistência e dedicação. No próximo janeiro, minha vida laboral na UNIFAP, está completando 31 anos. Segue minhas atividades realizadas a partir do ano de 2006, quando fundei o Grupo de Pesquisa em Artes Cênicas, ligado à CAPES. Nesse mesmo ano, dei início ao projeto de extensão “Ciclo de Palestras em Artes Cênicas”, logo em seguida, retornei do Estágio de Pós-Doutorado. Junto à turma 2010, do Curso de Artes Visuais, realizamos estudos e montagem do espetáculo/instalação “Plurisensorial”, “Dripping” e, “Da Vinci à La Carte. ” Foi quando nesse período, o Prof. Dr. João Batista, que havia assumido o Departamento de Letras e Artes, me convidou para retomar o projeto de implantação do Curso de Licenciatura em Teatro. Dessa forma, teve início novo processo de estudos das possibilidades para elaboração do Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIFAP.

     Na ocasião, foi publicada a Portaria nº 222/2011, como Presidente da Comissão de Elaboração do Plano Político Pedagógico do referido curso. Paralelamente foi publicada a obra de minha autoria, “Artes Cênicas no Amapá: teoria, textos e palcos”. Dei prosseguimento à elaboração e preparação dos documentos para implantação do tão desejado curso de teatro, para tal façanha, tive por base a Lei 9.394/96; os Parâmetros Curriculares Nacionais, o PPP dos cursos de Licenciatura em Teatro da Universidade de Brasília – UNB; Universidade Federal da Paraíba – UFPB; e Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Em 2012, definitivamente foi publicada nova Portaria, de nº 190/2012 com a Comissão de Implantação do referido curso, à qual foi constituída pelos professores: Prof. Dr. Romualdo Rodrigues Palhano (Presidente); Prof. Dr. João Batista de Oliveira (membro) e Prof. Dra. Sílvia Carla Marques Costa, (membro).

     Dessa forma, o processo referente à implantação do Curso de Teatro foi protocolado ainda em 2012. Sendo que entre 2012 e 2013, houve todo um acompanhamento de minha parte, em relação ao processo, principalmente nas câmaras de graduação e legislação e normas, entre outros setores da UNIFAP. No XXII Encontro da Confederação de Arte Educadores do Brasil – CONFAEB, em São Paulo; fui comunicador do tema: “Curso de Teatro no Amapá: concepções e Proposições para o Ensino Superior”. Numa terça-feira, 12 de novembro de 2013, o Curso de Teatro foi aprovado pelo Conselho Superior da Universidade Federal do Amapá, após o terceiro projeto que havia sido protocolado. Nesse período, fiz publicação da obra intitulada “Curso de Teatro no Amapá: Concepções e Proposições para o Ensino Superior”.

     A aprovação foi por unanimidade em meio aos artistas das artes cênicas que invadiram o plenário do Conselho. Houve comemoração e passeata dos artistas dentro da Universidade com carro de som e fogos de artifício. Toda a comunidade artística e cultural comemorou a aprovação do Curso de Teatro. Nesse ínterim, em 19 de dezembro de 2013, foi publicada a Portaria nº 2369/2013, como primeiro Coordenador do Curso de Licenciatura em Teatro do Amapá. A partir de então, iniciou-se a instalação física do novo curso, com localização da Coordenação e secretaria do mesmo.

     A entrada da turma pioneira, aconteceu no início do semestre letivo, no dia 09 de abril de 2014. Dessa forma, os dois primeiros semestres de 2014, aconteceram com a contribuição dos seguintes professores: Prof. Dr. Benedito Rostan Martins; Prof. Dr. Maurício Remígio Viana; Prof. Dr. Alexandre Adalberto Pereira; (Artes Visuais) Profa. Dr. Clícia Coelho (Pedagogia Santana); Prof. Dr. Álvaro Adolfo Duarte Coelho; Prof. Dr. Alisson Vieira Costa  e Profa. Dra. Ronédia Monteiro Bosque, (Ed. Física); e Prof. Msc. Silvagne Vasconcelos Duarte (Letras).

 

 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

PARTIDO DA MORTE

 


     Embora não queiramos e não aceitemos, todo ser vivo tem início, meio e fim. Dessa forma, se torna fácil entender que, basicamente tudo que existe na natureza, nasce, se desenvolve, se tornar velho e, em seguida, morre. O milho, por exemplo tem um ciclo de três meses; nesse período, ele é plantado, nasce, cresce, produz frutos e morre. E esse processo também se dá em relação à terra, onde tudo está em movimento. No rio amazonas, os canais e bancos de areia geralmente mudam de lugar ao longo do tempo, por isso, se faz necessário um prático, para navegar nessas águas. O interessante é que me parece uma contradição, mas todos frequentam determinada igreja para se salvar, porém ninguém quer morrer.

     Aprendemos a contar nosso tempo, a partir da data do nosso nascimento, principalmente cultivando e comemorando o dia do aniversário, com a música mais conhecida por todos: “parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida”.  Essa canção nos passa o desejo e a esperança de que tenhamos muitos anos de vida, e que tenhamos uma vida longa pela frente para viver, e isso nos traz muitas felicidades, ao saber que conseguimos chegar àquela data, a qual está sendo comemorada naquele momento. Apesar de divulgarem que a morte vem nos buscar, entendo que, a cada ano que se passa somos nós que estamos indo de encontro à morte, visto que ela não vem nos buscar, ela já nasce conosco e nos acompanha durante nossa vivência.

     Dessa forma, literalmente, a morte não vem te buscar, é você que vai constantemente ao encontro dela, e a cada dia isso se intensifica, é algo indesejável, mas, inevitável. Temos que observar também, que o morto nasce do vivo e o vivo nasce do morto, como assim?!  Ora, depois que seus pais morrem, você se torna alguém que nasceu dos mortos, ou seja, daqueles que já morreram. De outra forma, aqueles que já morreram, nasceram dos vivos, ou seja, os mortos surgem a partir dos vivos, porque antes eles estavam vivos.  Portanto, a morte é um partido que ninguém quer se filiar, mas o ser humano tem que admitir que, durante sua existência, ele está fadado à essa filiação hedionda.  

     A morte tem uma relação muito próxima com a vida, parece distante, mas esses dois polos estão ligados por um fio. É o mesmo que acontece entre a tragédia e a comédia do teatro grego, dois gêneros teatrais que parecem distantes, mas estão bastante próximos. Então, a morte está definitivamente em função dessa relação próxima/distante. A morte só existe por causa da vida, e a vida só existe por causa da morte. E assim, a partir desses elos opostos, este ciclo se completa.

     Além de tudo isso, há que se pensar no partido da morte, e, se ela tem partido, com certeza é socialista. A morte é socialista, porque todos os seres vivos têm que passar por ela, indiscriminadamente, ricos e pobres, feios e bonitos, brancos e pretos, pardos, amarelos, não há como fugir dessa obrigatória viagem. Esse negócio de que a morte se veste de manto preto e tem uma foice na mão é invenção de Idade Média. Mas, ela pode até não ser socialista, mas sempre anda com uma foice, que é um símbolo muito forte. E a condição de ser preta e usar roupa preta, talvez seja resquícios do racismo estrutural medieval.

 

 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Teatro e Homo Ludens

 

 

     O ato de representar é inerente ao homem. Inicialmente, nos primórdios de sua civilização e sem a necessidade de um público, o Homo Ludens dá início a esse milenar processo, a partir dos mais diversificados jogos. Quando ele abate um animal, se alimenta de sua carne, aproveita seus ossos para construir utensílios diversos inclusive armas, ele está implicitamente lutando pela sua sobrevivência.

     Mas, quando passa a se vestir com a pele do animal recentemente abatido e consegue, a partir da mimese, conquistar e dar cabo de outro ser vivo...! Sem perceber, ele já estava fazendo teatro. Faz-se necessário entender que esse processo se desenvolveu ao longo dos anos de forma mítica e religiosa. Contudo, nas mais variadas latitudes e longitudes do planeta, o homem vivenciou jogos consigo mesmo e consequentemente em grupo.

     Na Grécia antiga, toda criança era educada tendo por base jogos. Platão considerava o jogo fundamental na educação da criança. O teatro tal como conhecemos hoje, teve início na Grécia antiga em função de um grande jogo transformado em culto, em que todos participavam (sem a necessidade de atores nem espectadores), para louvar ao deus Dioniso, especialmente na época das vindimas.

     Até o presente momento, o teatro se assemelhava a um barco mal construído, sem leme, sem velas, sem vento, sem motor e sem comandante. Que em busca de cais algures, se viu perdido no meio do oceano, mas, alimentando as raízes profundas que o sustentaria nas águas da história, por centenas de anos, e porque não dizer milênios.

     Na ocasião, ainda não existia uma bússola que o guiasse. Até que aos poucos, com o passar dos anos, toda a tripulação foi se definindo: o Corifeu foi o primeiro; que a partir de um diálogo fez surgir outro personagem. E assim, todo o cenário foi se concretizando, os atores assumindo seus papéis, até que certo dia ensolarado apareceu munido de seus (mapas e textos), os primeiros dramaturgos gregos: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. E com eles, primeiros mares d’antes navegados, ou seja, as tragédias, primeiro gênero teatral e literário de que se tem notícia.

     A verdade é que através da história e sobre o tempo, em todos os portos que atracava; esse barco chamado teatro ia preenchendo os espaços vazios, desde o mais profundo e escuro porão, até as iluminadas e ventiladas popas e proas. Mas, consistentemente os ventos sopravam as velas mar adentro. Todavia, nesse barco-teatro sempre havia espaço aconchegante e suficiente para as comédias, dramas, melodramas, vaudevilles, revista de ano, tragicomédias, entre outros gêneros que foram surgindo ao longo dessa viagem mágica e inesperada, cheia de momentos lúdicos. O teatro tem relação muito estreita com o lúdico, com o homo ludens que existe em cada um de nós, e a criança é o maior exemplo disso. Sem sombra de dúvidas, o lúdico e o lúcido nos acompanham paralelamente durante nossa existência. E o teatro nos faz vivenciar essa emoção.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

PESQUISA PARTICIPANTE

 

 

     Atualmente lecionando a disciplina “Pesquisa em Artes Cênicas” no Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Amapá, que trata da construção do saber científico quando enfoca estudos com perspectivas para elaboração do projeto de pesquisa, o qual será concretizado no Trabalho de Conclusão de Curso. Em função disso enfocamos aqui um pouco sobre a pesquisa participante.

     Ao longo dos anos a elite vai desenvolvendo e se distanciando do homem comum. A academia também mostra essa dualidade quando o trabalho científico tradicional divide o mundo em dois lados opostos: o lado popular, aqueles que são pesquisados em função do seu conhecimento do senso comum, e o lado científico, técnico ou profissional daqueles que produzem o conhecimento determinando seus usos pela maioria da população.

     Todavia, na pesquisa participante, ao que tudo indica, pesquisadores e pesquisados são sujeitos de um mesmo trabalho comum, embora que com situações diferentes. Dessa forma, entende-se que a pesquisa participante pretende ser um instrumento a mais de reconquista popular. Nesse tipo de pesquisa, há sim um envolvimento do cientista entre os atores e a própria comunidade que está sendo investigada, mas ela determina um compromisso que subordina o próprio projeto científico.

      O acadêmico que decidir realizar uma pesquisa participante terá que observar que; deverá informar-se sobre a existência ou não de estudos já realizados em torno do objeto escolhido. Caso alguma pesquisa já tenha sido feita, deverá ser imediatamente estudada e discutida, para não correr o risco de repetir o estudo do pesquisador anterior. Outra questão que deverá ser encaminhada é um estudo crítico do discurso popular e um estudo dos diferentes níveis de percepção da realidade. Na etapa final, deverá realizar a organização de um pré-programa, a ser elaborado a partir das análises da realidade da comunidade.

     Dramaturgos como Shakespeare tiveram origem puramente popular, assim como a representação de suas tragédias e comédias. Por outro lado, os filmes de Chaplin ou a música dos Beatles não teriam sido possíveis se não estivessem enraizadas no mundo do homem comum.

      A proposta principal da pesquisa participante está no seu deslocamento proposital das universidades direto para o campo de pesquisa, modificando assim, o próprio paradigma clássico, na medida em que reduz as diferenças entre objeto e sujeito de estudo. Ela faz com que o pesquisador faça um caminho inverso, indo de encontro ao que de mais simples e importante há nas pequenas comunidades. A pesquisa participante nos leva a uma troca direta de experiências e conhecimentos entre pesquisadores e pesquisados de uma dada comunidade. Em toda pesquisa participativa deverá haver uma troca mútua de conhecimentos dos problemas sócio econômico e culturais da comunidade que está sendo pesquisada.

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

ENTRE OS SÉCULOS XX e XXI

 

  

     Após a decisiva contribuição do MOBRAL e do SESC/AP, entre as décadas de 1970 e 1980, o movimento de teatro amador seguirá novos caminhos com a fundação da Federação Amapaense de Teatro Amador – FATA, no ano de 1980, que inicialmente teve sua sede no município de Santana. Seguindo o movimento organizado de teatro em nível nacional, a FATA, naquele momento, assumiu o movimento de vanguarda em relação à cultura, no Estado do Amapá. Esteve sob a Presidência de João Porfírio Freitas Cardoso, mais conhecido como Popó. Já em 1997, foi criada a Federação Amapaense de Teatro – FATE, com o objetivo de representar grupos e companhias do Amapá. Está situada na Rua Oscar Santos, 397, Bairro do Perpétuo Socorro, em Macapá, sob administração de Daniel Rocha da Silva e Tina Araújo. Isto implica dizer que até a chegada do século XXI, o movimento teatral amapaense, estava sob a égide dessas duas entidades.                       

      Todavia, devido ao constante desgaste político e artístico, dessas duas associações promotoras da arte, que aconteceu ao longo dos anos, fez surgir novos atores e novas organizações, que resultou em rupturas e quebra de paradigmas, visto que esta nova geração passou a ser o carro chefe das decisões artísticas, a partir do início do século XXI. Este foi o advento da nova geração que se insurgiu juntamente com o alvorecer do século XXI. Ela se rebelou em detrimento da metodologia antes realizada pelas antigas Federações. Vale ressaltar que muitos desses artistas, já participavam do movimento organizado das referidas Federações. 

     Posso observar aqui que, com a passagem de um século para outro, há no Amapá, dois grupos de produção cênica, distintos: o primeiro, refere-se ao século XX - grupos tradicionais, que ainda continuam em atividade, como: Grupo Teatral Língua de Trapo, dirigido por Disney Silva – década de 1970 – que surgiu a partir de oficinas de teatro do Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização. Este último vem apresentando seu espetáculo Bar Caboclo. Outro grupo desse período e que ainda continua a se apresentar é a Companhia Teatro de Arena, coordenador pelo diretor Amadeu Lobato – década de 1970 – que participou das oficinas do Mobral e do SESC/AP, mas surgiu na Igreja Católica e há 46 anos vem tradicionalmente apresentando seu espetáculo homônimo, “Uma Cruz Para Jesus”. O reconheço como grande Escola Informal de Iniciação Teatral do Amapá. Ainda faz parte desse grupo, a Companhia de Teatro Marco Zero, que tem coordenação de Daniel de Rocha e Tina Araújo – imigrantes oriundos da Bahia, que chegaram a Macapá e instalaram um movimento artístico, comunitário e social, além de edificarem seu próprio edifício teatral, (Teatro Marco Zero), no bairro Perpetuo Socorro, e que no ano de 1997, fundaram a FATE – Federação Amapaense de Teatro. Isto significa dizer que, até final do século XX, havia uma polarização sobre o que se fazia na área do teatro no Amapá. Em função disso, na primeira década do século XXI, oriundos dessas mesmas organizações, surgem novos líderes dissidentes, e em consequência, novos grupos e novas associações culturais. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

FINADOS

 


     Para todos os dias do ano, existe um dia para cada situação, e  hoje é o dia dos mortos, de Finados ou ainda, dos Fiéis Defuntos, portanto, é uma data celebrada em 2 de novembro, para homenagear, rezar e orar pelas pessoas falecidas. Data instituída pelo abade francês Odilo de Cluny. Portanto, é uma antiga celebração pagã, de mais de dois mil anos, quando já eram realizadas pelos Celtas. Vários povos apresentam maneiras diferentes de cultuar seus mortos. Enquanto em Roma os corpos eram cremados, no Egito eram embalsamados. Essa relação intrínseca entre o ser humano e a morte, é um reflexo da cultura em que se vivencia e se aprende seus dogmas e arquétipos.

     O halloween, conhecido no Brasil como Dia das Bruxas, é uma festa de origem Celta, praticada há mais de 3.000 anos, e que acontece no dia 31 de outubro, à qual é muito difundida nos Estados Unidos, nos dias de hoje. Em algumas tribos indígenas, quando um membro da aldeia morre, enquanto a família fica reclusa, é a aldeia quem vai realizar o culto ao falecido, com todas as honrarias necessárias. Após sete dias, cria-se um boneco e é nesse momento que a família se reúne em torno do boneco, como se fosse seu parente, para velar seu falecido e então, realizar o sepultamento do mesmo. Como pode-se observar, tudo depende da cultura em você está inserido.

     Na questão processional dos antigos enterros, principalmente quando de pessoas mais importantes da sociedade, havia uma banda de música que acompanhava o féretro, tocando músicas fúnebres.  Marcha fúnebre apresenta compasso quaternário ou binário, com andamento muito lento e pesado, imitando o ritmo de uma procissão, como a de um funeral.. Por outro lado, essas famílias mais abastadas pagavam a um grupo de mulheres para que elas ficassem todo o tempo chorando perto do ataúde, eram as famosas profissionais conhecidas como carpideiras. Também existia uma roupa específica para enterrar o defunto, conhecida por mortalha e geralmente essa roupa tinha a cor roxa ou preta.

     Até a proclamação da república, quem administrava o nascimento e os óbitos era a Igreja Católica, portanto, era muito comum que existissem cemitérios atrás das igrejas católicas até final do século XIX, como se pode observar em Santa Cruz de Cabrália, sul da Bahia, uma das primeiras igrejas do Brasil. A antiga Igreja de São José de Macapá, também possuía o seu cemitério, que se situava na região do formigueiro. Atualmente os cartórios que registram nascimento e óbito. Depois das igrejas, os cemitérios passaram aos cuidados das prefeituras municipais, sendo que nos dias de hoje, já existe uma infinidade de cemitérios de companhias ou grupos privados. Contudo, há várias formas de se despedir do ente querido: enterrar em cemitério de terra, em catacumbas de alvenaria como também há a possibilidade da cremação. Lembrando que os cemitérios não são visitados apenas no dia de finados, também há o costume da visitação no dia das mães e dia dos pais, respectivamente.