Foi na passagem do século XX para o século
XXI, que aconteceram determinados fenômenos artísticos de engrandecimento da
cultura amapaense, com o surgimento de nova leva de atores e diretores,
coletivos, grupos e companhias teatrais, às quais estabeleceram rumos
contemporâneos para as artes cênicas no Amapá, insurgindo-se com novas ideias e
novos encaminhamentos para o teatro em nosso Estado. Movimento esse que trouxe
consigo, ideias inovadoras a partir de seus inéditos agrupamentos, que ao longo
do novo século e dessas últimas décadas, continuam a florescer nos dias atuais.
E um desses representantes de grande monta, foi a Casa Circo, à qual, surgiu no
ano de 2015, sob coordenação de Ana Caroline e Jones Barsou.
Juntando-se
a tudo isso, foi também em função da implantação do Curso de Licenciatura em
Teatro na Universidade Federal do Amapá, que a partir de abril de 2018, disponibilizou
vários profissionais de teatro que entraram para o mercado de trabalho nas
escolas, como também se deu início à uma nova produção relativa aos primeiros
espetáculos teatrais, com suporte artísticos e estéticos mais apurados, e
pesquisas artísticas com suporte teórico-práticos, relativos às novas montagens
teatrais que surgiam naquele momento. E um dos primeiros espetáculos que se
elevou com grande influência do Curso de Teatro da UNIFAP, foi A Mulher do Fim do Mundo, com encenação da Companhia Casa Circo. É fato que esta
encenação trouxe uma série de elementos interessantes no que diz respeito,
principalmente à concepção estética em relação ao teatro amapaense
O
referido espetáculo foi selecionado para o Amazônia das Artes/SESC, e em 2018
se apresentou em dez municípios da região Norte. Foi o primeiro espetáculo
amapaense que conseguiu ser selecionado para um circuito nacional em 2019,
quando participou do Projeto Palco Giratório do SESC, e se apresentou em várias
capitais do país.
Desta vez, a Companhia Casa Circo nos presenteia com mais uma montagem
de crítica social, com seu pequeno grande espetáculo, intitulado: Técno
Palafítico: Diálogo de Uma Amazônia em Suspensão. A montagem foi
apresentada no dia 31 de julho, nas dependências do Departamento de Letras e
Artes da Universidade Federal do Amapá. É um musical que
põe em xeque uma visão crítica da realidade cotidiana das eternas palafitas que
fazem parte intrínseca da vida do homem amazônida, com foco nas ocupações das
áreas de resseca em cidades da Amazônia e principalmente para as áreas de
resseca invadidas no entorno da cidade de Macapá, capital do Estado do Amapá.
Com música ao vivo, tendo à frente Gabriel
Guimarães no teclado, e um suporte nas chanchadas, teatro de
revista, vaudeville, e comédia, o espetáculo de cunho frenético, combina
música, dança e diálogo para contar história sobre palafitas, e tem no elenco atrizes
como Ana Caroline, Stefhany Borges e Iara Piris, com encenação de Jones Barsou.
Portanto, há condições de estender ainda mais o tempo da encenação, acrescentando
à conexão crítica e social, cenas e quadros mais picantes como por exemplo, uma
pessoa caindo e se ferindo em ponte quebrada; alguém com dificuldade para
circular de bicicleta; pessoas pescando no lago poluído e fétido; uma criança
que cai na água, a ponto de se afogar; um conserto do cano de água, que está
furado; a preocupação e aflição das pessoas, em função do temporal e da subida
da água com a chegada do inverno; cenas de pessoas colocando gato nos postes da
energisa, entre outras cenas, às quais, poderiam ainda mais, complementar o
tempo da encenação além de deixar o espetáculo mais deslumbrante.
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