A antiga dança da quadrilha, que perdurou
basicamente até o início da década de 1990 do século passado, em suas raízes,
era completamente diferente das quadrilhas de hoje. Tem origem na Europa e sua maior influência
no Brasil, veio da França. Era uma dança popular que surgiu principalmente no
meio rural. Nela, havia uma sequência de passos com várias coreografias, como:
a)cumprimento às damas; b)cumprimento aos cavalheiros; c)damas e cavalheiros
trocar de lado; d)primeiras marcas ao centro; e)grande passeio; f)trocar de
damas; g)trocar de cavalheiros; h)o Túnel; i)caminho da roça; j)olha a cobra;
k)é mentira; l)caracol; m)desviar; n)atenção para o serrote; o)coroar damas;
p)coroar cavalheiros; q)duas rodas; r)reformar a grande roda; s)despedida, entre
outros passos que mudam de acordo com a necessidade da brincadeira. Além de
tudo isso, havia a dramatização de um casamento matuto, um legado da Commedia
dell’Arte.
Se torna muito difícil, na atualidade,
encontrar alguma comunidade ou grupo que organize uma quadrilha nos moldes
antigos. Notadamente, esse tipo de quadrilha está em extinção. Com o passar dos
anos, nota-se um hibridismo e a consequente influência de várias culturas.
Hoje, pode-se perceber nas atuais quadrilhas juninas, vestígios do frevo, da
ciranda; do maracatu; do bumba-meu-boi; nos figurinos, roupas do cancan
francês. Na dança atual, o casamento, que era parte fundamental da antiga
quadrilha junina, hoje, praticamente não tem mais o mesmo significado dramático
de antes. Por sua vez, os passos da antiga quadrilha, se transformaram numa
sequência de músicas com coreografias modernas, isso nos remete ao primeiro
forró, de 1979, a música Frevo Mulher, que se fundiu com o frevo, de autoria de
Zé Ramalho.
A referida gravação alcançou grande
sucesso depois que Amelinha a interpretou no Maracanãzinho num Festival da MPB
em 1980. Já o cancan, é uma dança francesa que se tornou muito popular na
França, na década de 1840, com sua maior expressividade no cabaré Moulin Rouge,
que ainda hoje está em atividade no bairro de Montmartre, em Paris. Sendo que,
mais tarde, foi transportada para Londres e Nova Iorque, se tornando uma dança
difundida no mundo ocidental. Outro fenômeno que trouxe muita influência para
essa hibridização é que, enquanto por um lado, a antiga quadrilha era ensaiada
e apresentada por jovens, quando cada bairro tinha sua própria quadrilha e
apresentava apenas dentro dos festejos de cada comunidade; fato que mudou
completamente, quando as prefeituras instituíram os concursos de quadrilhas,
durante os festejos juninos, o que acontece na atualidade em vários locais do
território brasileiro, e principalmente no Nordeste.
Acrescentando a esse fenômeno, as várias
bandas que foram surgindo do final da década de 1970 para a década de 1980, e
principalmente a partir da década de 1990 quando irão surgir bandas como
Mastruz com Leite (1990), Banda Patrulha (1992), Limão com Mel (1993), Cavalo
de Pau (1994), Calcinha Preta (1995),
Magníficos (1995), e Aviões do Forró em 2002, entre tantas outras bandas
do gênero, às quais, herdaram influências das primeiras gravações de música tendo
como mescla forró e frevo, como: Frevo Mulher, de Zé Ramalho, gravada por
Amelinha em 1979, Gemedeira, de Robertinho do Recife e Capinan, também gravada
por Amelinha, no ano 1980, e ainda, Crina Negra, de Robertinho do Recife,
gravada pela Banda Patrulha em 1992. E demais bandas que foram surgindo ao
longo dessas décadas, por sua vez, influenciaram as quadrilhas contemporâneas
que apresentam geralmente esse gênero e ritmo musical: a combinação forró/frevo.
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