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domingo, 3 de agosto de 2025

EVOLUÇÃO DA QUADRILHA JUNINA

 

  

 

     A antiga dança da quadrilha, que perdurou basicamente até o início da década de 1990 do século passado, em suas raízes, era completamente diferente das quadrilhas de hoje.  Tem origem na Europa e sua maior influência no Brasil, veio da França. Era uma dança popular que surgiu principalmente no meio rural. Nela, havia uma sequência de passos com várias coreografias, como: a)cumprimento às damas; b)cumprimento aos cavalheiros; c)damas e cavalheiros trocar de lado; d)primeiras marcas ao centro; e)grande passeio; f)trocar de damas; g)trocar de cavalheiros; h)o Túnel; i)caminho da roça; j)olha a cobra; k)é mentira; l)caracol; m)desviar; n)atenção para o serrote; o)coroar damas; p)coroar cavalheiros; q)duas rodas; r)reformar a grande roda; s)despedida, entre outros passos que mudam de acordo com a necessidade da brincadeira. Além de tudo isso, havia a dramatização de um casamento matuto, um legado da Commedia dell’Arte.

     Se torna muito difícil, na atualidade, encontrar alguma comunidade ou grupo que organize uma quadrilha nos moldes antigos. Notadamente, esse tipo de quadrilha está em extinção. Com o passar dos anos, nota-se um hibridismo e a consequente influência de várias culturas. Hoje, pode-se perceber nas atuais quadrilhas juninas, vestígios do frevo, da ciranda; do maracatu; do bumba-meu-boi; nos figurinos, roupas do cancan francês. Na dança atual, o casamento, que era parte fundamental da antiga quadrilha junina, hoje, praticamente não tem mais o mesmo significado dramático de antes. Por sua vez, os passos da antiga quadrilha, se transformaram numa sequência de músicas com coreografias modernas, isso nos remete ao primeiro forró, de 1979, a música Frevo Mulher, que se fundiu com o frevo, de autoria de Zé Ramalho.

     A referida gravação alcançou grande sucesso depois que Amelinha a interpretou no Maracanãzinho num Festival da MPB em 1980. Já o cancan, é uma dança francesa que se tornou muito popular na França, na década de 1840, com sua maior expressividade no cabaré Moulin Rouge, que ainda hoje está em atividade no bairro de Montmartre, em Paris. Sendo que, mais tarde, foi transportada para Londres e Nova Iorque, se tornando uma dança difundida no mundo ocidental. Outro fenômeno que trouxe muita influência para essa hibridização é que, enquanto por um lado, a antiga quadrilha era ensaiada e apresentada por jovens, quando cada bairro tinha sua própria quadrilha e apresentava apenas dentro dos festejos de cada comunidade; fato que mudou completamente, quando as prefeituras instituíram os concursos de quadrilhas, durante os festejos juninos, o que acontece na atualidade em vários locais do território brasileiro, e principalmente no Nordeste.

     Acrescentando a esse fenômeno, as várias bandas que foram surgindo do final da década de 1970 para a década de 1980, e principalmente a partir da década de 1990 quando irão surgir bandas como Mastruz com Leite (1990), Banda Patrulha (1992), Limão com Mel (1993), Cavalo de Pau (1994), Calcinha Preta (1995),  Magníficos (1995), e Aviões do Forró em 2002, entre tantas outras bandas do gênero, às quais, herdaram influências das primeiras gravações de música tendo como mescla forró e frevo, como: Frevo Mulher, de Zé Ramalho, gravada por Amelinha em 1979, Gemedeira, de Robertinho do Recife e Capinan, também gravada por Amelinha, no ano 1980, e ainda, Crina Negra, de Robertinho do Recife, gravada pela Banda Patrulha em 1992. E demais bandas que foram surgindo ao longo dessas décadas, por sua vez, influenciaram as quadrilhas contemporâneas que apresentam geralmente esse gênero e ritmo musical: a combinação forró/frevo.

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