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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

MOBRAL E TEATRO NO AMAPÁ

 

 

     Na década de 1970 ainda era evidente o teatro nas escolas e nas igrejas, percebendo aqui, igreja num sentido amplo, evidenciando várias religiões, visto que, tanto o catolicismo como o protestantismo, praticavam essa atividade artística no âmbito de seus espaços físicos e dos seus limites canônicos.

     A escola Paroquial São José, fomentava aulas de teatro, que eram ministradas pelos padres e freiras. Apesar de direcionarem espetáculos com temas religiosos, eles se tornaram os principais professores de arte no Amapá, daquele período. Essas atividades aconteciam geralmente, no curso primário e ginasial.

     Havia ainda o “Grupo de Teatro do Colégio Amapaense”, e o “Grupo de Teatro do Santina Rioli”. Na Paróquia Jesus de Nazaré, havia o “Grupo de Teatro Avatar”. Em sua maioria e com influências religiosas, esses grupos se dedicavam a montar espetáculos religiosos com temas sobre “Natal”, “Jesus Cristo”, “Dia da Mães”, entre outras datas comemorativas.

     Entre o período de 1968 a 1978, a Rádio Educadora de Macapá, que pertencia à Prelazia de Macapá, (atual Diocese) também cedia espaços para radionovelas e para apresentação de peças em seu auditório. Fato que também já vinha sendo realizado pela Rádio Difusora de Macapá. A referida emissora fundada em 1968, teve sua programação interditada no ano de 1978, pela Polícia Federal, no ato em que sua concessão de funcionamento foi cassada pelo regime militar.

     Nessa época, o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, em muito contribuiu para o desenvolvimento do teatro no Estado do Amapá. Além da motivação, trazia para o Cabo Norte, muitos cursos e oficinas na área das artes cênicas. Coronel Ribeiro defensor ferrenho da educação e das artes, era Presidente do MOBRAL, e trazia vários professores de outros Estados para ministrarem cursos e oficinas de teatro, como por exemplo, empostação de voz, interpretação, direção teatral, entre outros cursos. Marizete Ramos veio de Belém, como também o diretor Luiz Otávio Barata, para ministrar curso para nossos atores.  

     Por outro lado, também havia alguns professores aqui no Estado do Amapá, que tinham conhecimento e condições de ministra oficinas de teatro, como a atriz Creusa Bordalo, que inclusive havia realizado curso de teatro no Rio de Janeiro, Padre Mino e o próprio Coronel Ribeiro também tinha conhecimento na área do teatro. O atual “Grupo Língua de Trapo”, que há mais de 33 anos vem apresentando sua peça “Bar Caboclo”, é o resultado concreto de uma dessas oficinas, gerenciadas pelo MOBRAL. É um grupo que surgiu praticamente a partir do trabalho do Coronel Ribeiro à frente do MOBRAL. Foi nesse período que começaram a surgir os diretores teatrais específicos do Amapá, como Amadeu Lobato e Disney Silva. A peça Uma Cruz para Jesus, que vem se apresentando há mais de 40 anos na área norte da Fortaleza de São José de Macapá, durante a Semana Santa, também tem sua gênese nesse mesmo vetor.

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