Do ponto de vista religioso e mitológico,
como Dioniso era seu filho bastardo, para escondê-lo da fúria de Hera, Zeus o
levou para o Vale do Nisa e, na ocasião, o entregou às ninfas para que o
criassem. Ele pede para que a criança seja criada em sigilo e com roupas
femininas, sendo assim, foi criado como mulher, para confundir Hera. As ninfas
Asterias, Híades, filhas de Atlas e irmãs de Hías, foram as responsáveis para
cuidar da criança. Elas representam as estrelas que orientam as navegações.
Dioniso têm sua geração pari passu, no homem e na mulher, visto que
passou seis meses no ventre de Sêmele e três, na coxa de Zeus. Criado envolto a
esses dois mundos: o mundo dos homens e das mulheres, por muitos, ele foi
considerado um hermafrodita. Desta feita, o bebê cresceria e se tornaria
conhecido como Dioniso, deus do vinho, da fertilidade e do êxtase.
Em Nisa, seu principal educador foi
Sileno, conhecido como o “pai dos sátiros”. Quando sóbrio, revelava-se um
notável filósofo, porém, vivia ébrio em sua maior parte do tempo. Lá, Dioniso
aprendeu a tocar flauta; além de ter conhecido a videira, também se dedicou à
ciência que estuda os mecanismos de conservação e produção do vinho. Como o
nome Zeus também podia ser escrito Dios, logo, o nome do filho de Zeus passou a
ser conhecido como o Zeus de Nisa, o Zeus Nísio, ou apenas Dios, mais Niso,
igual a Dioniso. Nisa era uma montanha da Beócia, localizada na região central
da Grécia, onde Dioniso foi criado. Lá também havia os Campos Elísios, ou seja,
o paraíso grego. Em função de sua enigmática saga, Dioniso se tornou o único
Deus do Olimpo, filho de uma mortal. Como se pode observar, Dioniso conheceu
várias faces de mundos. Conheceu o mundo dos homens porque foi gerado na coxa
de Zeus, e conheceu o mundo das mulheres porque, para escapar de Hera, foi
enviado para ser criado como mulher, no meio das mulheres, no vale do Nisa.
Sendo sempre perseguido, a ira de Hera o
fez enlouquecer, transformando-o num bacchos, ou seja, alguém “sem
razão.” À vista disso, possivelmente Roma se apossou desse termo e passou a
denominar seu Deus do vinho. Baco deriva do grego Bákxos ou Bakkhos, que
significa “comer”, e simboliza o fogo que consome e deglute os sacrifícios
durante o culto. Sem razão, sem rumo e sem destino, Dioniso passou a ser cigano
andarilho, perambulando por vários países como Egito, Síria, Ásia Menor, entre
outros.
Mas, foi na Frígia que a Deusa Cibele, o
purificou e o curou, iniciando-o nos seus mistérios. Na cidade de Tebas,
conseguiu introduzir as bacanais. Fato que está amplamente divulgado no texto
dramático “As Bacantes”, de Eurípedes. Nas suas aventuras, com seus bacanais,
Dioniso, sempre deixava as mulheres enlouquecidas, como ocorreu em Tebas e
Argos. Esses cultos, com seus mistérios orgiásticos e orgásticos, se propalaram
em várias latitudes até chegar ao Império Romano, que o recebeu com a
denominação de Baco.
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