Por uma necessidade vital, mas, sem ter
ainda, a consciência da reciclagem e da proteção da natureza, visto que na
década de 1970 nem se pensava ainda nessa questão do meio ambiente, eu e meu
irmão saíamos pelas ruas da cidade, com a perspectiva de coletar materiais
como: vidro, cobre, alumínio, ossos de animais, garrafas de refrigerante e
garrafas grandes, entre outros materiais, para vendermos em determinados pontos
da cidade, com o intuito de gerar renda. Da mesma forma que naquela época,
esses materiais continuam tendo seu valor comercial até os dias de hoje. Mas,
diferentemente daquele período, hoje, fios de cobre são roubados durante o dia,
às vistas da população, para serem comercializados por meliantes.
Nessa época, havia em vários locais da
cidade de Itabaiana, na Paraíba, comerciantes que compravam essas matérias
primas para revendê-las aos famosos caminhões que, uma vez por mês, sempre
passavam com o objetivo de recolher todo tipo de matéria reciclável, para levá-los
para a indústria de reciclagem, principalmente na cidade do Recife. Entre
tantos outros, na entrada da Rua do cochila, defronte à linha do trem,
situava-se um desses famosos compradores e receptores desses materiais tão
preciosos. Era conhecido como Seu Pedro do Carvão. Sim...! Porque, além de
comprar tudo que era reutilizável, ele também vendia carvão vegetal. Seu
barracão era coberto de grandes sacos de carvão, que vendia para a população
local.
Seu Pedro do Carvão era muito conhecido na
cidade, tinha características sui generis. Todo o tempo estava totalmente
preto, em função do pó de carvão que dominava sua cabana, e que ele sempre
manuseava com todo zelo. Era uma simbiose, quando se adentrava no recinto, Seu
Pedro do Carvão se confundia com sua própria mercadoria, e era difícil identificá-lo,
em função do próprio mineral que ele mesmo comercializava cotidianamente. Além
do carvão vegetal, que era o seu carro-chefe, ele também comprava todo tipo de
material reciclável.
Depois de um longo dia de coleta de
materiais como: alumínio, ferro, osso, garrafas de refrigerante, entre outros,
e já no final da tarde, eu e meu irmão, saíamos em direção à Cabana do Seu
Pedro do Carvão, chegando lá, o primeiro passo era pesar separadamente cada
grupo de recicláveis, em seguida, Seu Pedro, nos pagava, e eu juntamente com
meu irmão e alguns colegas nos dirigíamos à bodega mais próxima pra fazer um delicioso
lanche.
Tudo o que se imaginar em relação à busca
de um suporte financeiro, eu vivenciei desde meus tempos remotos de criança.
Com apenas oito anos de idade, morando no interior da Paraíba, o meu maior objetivo
era angariar algum dinheiro para comprar bolo de saia acompanhado de uma
garrafa de um refrigerante famoso, feito de caju, conhecido por cajuvita, na
pequena bodega do memorável Seu Hilário. Aliás, o que mais havia nas prateleiras
daquela venda, era cachaça de todos os tipos e qualidades, sendo as mais
populares: Pitú e Caranguejo, que servia para atender as centenas de dependes
do álcool que havia na cidade. Felizmente, por muito tempo da minha vida,
fiquei só no refrigerante, sendo que na atualidade, deixei de ser adepto do
mesmo. Mas, foi mesmo com a coleta de materiais recicláveis que consegui minhas
primeiras pratas.
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