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sexta-feira, 13 de março de 2020

O TEATRO E SUA ORIGEM



     Em função de que no mês de março se comemora o dia internacional do teatro, durante este mês, dedicarei esta coluna a esta arte milenar. Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos afirmar que o teatro surgiu na Grécia Clássica, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Portanto, não se pode negar que a cultura oriental é muito sedimentada, mas, embora o oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.
     Aqui poderíamos fazer a seguinte indagação: porque ao longo dos anos, os ritos dramáticos religiosos desses povos que antecederam os gregos, durante centenas de anos, não conseguiram avançar, se hibridizar, se reconstruir e se transformar em novas manifestações culturais? Como se pode perceber, a grande maioria desses povos antigos era regida por impérios, cujos imperadores representavam a justiça e os deuses aqui na terra. Cada imperador era onipotente e onipresente e impunham suas leis que eram absolutas e indestrutíveis.
     O Egito com seus faraós é um grande exemplo disso. O povo egípcio seguia cegamente essas leis, e por vários séculos não se insurgiam em relação a elas.  Aceitou essas leis impostas pelo faraó, que ao mesmo tempo era o juiz e o sacerdote de deus. Em seu livro História Mundial do Teatro, Margot Berthold, afirma que: “Esse paciente apego à tradição sufocou as sementes do drama”. A questão é que esses reinos antigos, não abriram espaço para o desenvolvimento de um individuo livre, pensante e que tivesse direta participação na vida da comunidade.
     Este fato era impensável para aqueles que reinavam e dominavam seu povo, e se algum cidadão tentasse participar ou opinar contrariamente ao pensamento do rei, seria automaticamente morto por centenas de flechas, pela elite dos arqueiros fiéis ao rei. De acordo com Margot Berthold: “Faltava ao egípcio o impulso da rebelião; não conhecia o conflito entre a vontade do homem e a vontade dos deuses, de onde brota a semente do drama”. 
     Para que o teatro obtivesse novo impulso nessas antigas manifestações religiosas, faltou, estritamente, o que aconteceu na sociedade grega: a democracia. Nesse novo regime, o cidadão teve direito a voz, além do que possuía a abertura de um confronto pessoal com o Estado de direito.
     É notório que a Grécia antiga tenha herdado esses rituais, entretanto não podemos negar que foi justamente nesse país que os primitivos rituais foram, ao longo dos anos, se transformando, tomando novas formas como festividades e atividades culturais até determinar os cultos teatrais como forma de representação e arte, à qual conhecemos hoje.


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