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terça-feira, 24 de março de 2020

DIONÍSIO E O TEATRO




     Etimologicamente o termo teatro deriva do latim theatrum e do grego theatron, que dá ao vocábulo o sentido de miradouro, praticamente, lugar de onde se vê, lugar para olhar, detheasthai, “olhar”, mais – tron, sufixo que denota “lugar”. Entendendo-se dessa maneira, que o sentido primitivo da palavra “teatro”, estava relacionado estritamente com a ideia da visão. Esse verbete, que significava o prédio onde são realizados espetáculos, posteriormente se tornou mais amplo e a ter maior alcance, com vários sentidos conotativos, designando peças, produção, preparação de uma peça teatral em geral, entre outros.
     Esse teatro do qual conhecemos na atualidade, originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas – Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto ao Deus Dionísio. Sendo que esta última versão se considera como a mais provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados.
     Sabe-se que uma vez ao ano, justamente por ocasião das vindimas (colheita de uvas), prestava-se homenagem ao Deus Dionísio; Deus da uva e do vinho; da embriaguez e da fertilidade. Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais praticamente um bode que, por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge etimologicamente a palavra tragédia.
     Comumente ao som de música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao Deus Dionísio, juntando-se aos sátiros, também dançarinos, que vestidos à caráter, imitavam bodes, que, para a cultura grega desse período significavam os companheiros do Deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregava-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem, notadamente, origem religiosa e campestre.
     Com o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões, que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado “ditirambo”. E assim, giravam em torno do altar do Deus, agradecendo pela colheita da uva e pelo sexo, que significava a fertilidade da vida. Em seguida o coro separou-se do recitador e nesse momento crucial da história do teatro, havia nascido o primeiro ator. Contudo, na procissão já se podia constatar três artes: primeiramente, o canto, depois a dança e em terceiro a atuação e representação. Nesse caso, à frente vinha o corifeu – de onde surge a palavra coro – vestido com pele de bode, e todo o resto do grupo respondia ao ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico, numa fusão do trágico e do cômico.

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