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quarta-feira, 12 de março de 2014

O CARNAVAL DO ESPETÁCULO E O ESPETÁCULO DO CARNAVAL



     A cidade de Macapá convive por bastante tempo com o que poderíamos caracterizar como o binômio do carnaval. Por um lado temos o carnaval do espetáculo que acontece no sambódromo com o desfile das Escolas de Samba. Neste caso, estamos diante de uma manifestação que apesar de ser popular, nem todos participam, visto que há uma milenar divisão entre os que fazem e os que assistem.
     O carnaval do espetáculo resume-se numa minoria se apresentando para uma maioria, o que não foi o caso aqui em nossa cidade, visto que o acesso aos ingressos se tornaram um empecilho para que o povo participasse mais fervorosamente nas arquibancadas do nosso sambódromo. O governo e a liga das escolas de samba têm que pensar num ingresso em que o preço seja mais acessível ao grande público, caso isso não aconteça, sempre vai haver espaços vazios nas arquibancadas.
     Mas, enquanto que por outro lado, enquanto a festa acontece para o rei, seus súditos e a nobreza, no espaço fechado do Castelo Medieval (sambódromo), por outro lado, o povo se torna participante ativo nas ruas da cidade quando acompanham o bloco “A Banda” e ai sim, se tornam verdadeiros saltimbancos e atores da commedia del’arte. No sambódromo acontece o carnaval do espetáculo naquele delimitado espaço.
     Assim é o carnaval de Macapá, por um lado. o desfile das escolas de samba no sambódromo e por outro o bloco “A Banda” que há 49 anos desfila nas ruas de nossa cidade. Quem pode, participa do carnaval do espetáculo, no sambódromo; quem não pode, participa do espetáculo do carnaval, acompanhando “A Banda” nas ruas de Macapá.
Desta forma, todas as camadas sociais tem acesso ao nosso carnaval, só não brinca quem não quer.
     O bloco “A Banda” é do povo e para o povo, indiscriminadamente todos podem participar livremente como lhes convêm, sem distinção, sem privilégios, visto que já estão nesse grande espaço público, a rua. Aqui em Macapá, o último dia dedicado ao Rei Momo a rua é do povo. Na rua não há aquela rigidez no figurino, qualquer roupa serve como ponto de partida para a representação de cada personagem, uma máscara, um lenço, etc.
     Se no sambódromo somos agraciados com o Deus Apolo, que se caracteriza pelo equilíbrio e disciplina, a “Banda” nos remete ao verdadeiro culto dionisíaco (arrebatado, desinibido, natural e espontâneo) onde todos participam freneticamente daquela orgia, daquele bacanal. Ali há espaço para qualquer camada social, basta cortar em tiras qualquer roupa e você já passa a fazer parte do espetáculo.

     Na Ivaldo Veras somos meros espectadores do Carnaval do Espetáculo; na Feliciano Coelho e demais ruas da cidade de Macapá, somos grandes atores em potencial do Espetáculo do Carnaval.

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