A cidade de Macapá convive por bastante
tempo com o que poderíamos caracterizar como o binômio do carnaval. Por um lado
temos o carnaval do espetáculo que acontece no sambódromo com o desfile das Escolas
de Samba. Neste caso, estamos diante de uma manifestação que apesar de ser
popular, nem todos participam, visto que há uma milenar divisão entre os que
fazem e os que assistem.
O carnaval do espetáculo resume-se numa
minoria se apresentando para uma maioria, o que não foi o caso aqui em nossa
cidade, visto que o acesso aos ingressos se tornaram um empecilho para que o
povo participasse mais fervorosamente nas arquibancadas do nosso sambódromo. O
governo e a liga das escolas de samba têm que pensar num ingresso em que o
preço seja mais acessível ao grande público, caso isso não aconteça, sempre vai
haver espaços vazios nas arquibancadas.
Mas, enquanto que por outro lado, enquanto
a festa acontece para o rei, seus súditos e a nobreza, no espaço fechado do
Castelo Medieval (sambódromo), por outro lado, o povo se torna participante
ativo nas ruas da cidade quando acompanham o bloco “A Banda” e ai sim, se
tornam verdadeiros saltimbancos e atores da commedia del’arte. No sambódromo
acontece o carnaval do espetáculo naquele delimitado espaço.
Assim é o carnaval de Macapá, por um lado.
o desfile das escolas de samba no sambódromo e por outro o bloco “A Banda” que
há 49 anos desfila nas ruas de nossa cidade. Quem pode, participa do carnaval
do espetáculo, no sambódromo; quem não pode, participa do espetáculo do
carnaval, acompanhando “A Banda” nas ruas de Macapá.
Desta
forma, todas as camadas sociais tem acesso ao nosso carnaval, só não brinca
quem não quer.
O bloco “A Banda” é do povo e para o povo,
indiscriminadamente todos podem participar livremente como lhes convêm, sem
distinção, sem privilégios, visto que já estão nesse grande espaço público, a
rua. Aqui em Macapá, o último dia dedicado ao Rei Momo a rua é do povo. Na rua
não há aquela rigidez no figurino, qualquer roupa serve como ponto de partida
para a representação de cada personagem, uma máscara, um lenço, etc.
Se no sambódromo somos agraciados com o
Deus Apolo, que se caracteriza pelo equilíbrio e disciplina, a “Banda” nos remete
ao verdadeiro culto dionisíaco (arrebatado, desinibido, natural e espontâneo)
onde todos participam freneticamente daquela orgia, daquele bacanal. Ali há
espaço para qualquer camada social, basta cortar em tiras qualquer roupa e você
já passa a fazer parte do espetáculo.
Na Ivaldo Veras somos meros espectadores
do Carnaval do Espetáculo; na Feliciano Coelho e demais ruas da cidade de
Macapá, somos grandes atores em potencial do Espetáculo do Carnaval.
Nenhum comentário:
Postar um comentário