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domingo, 3 de maio de 2015

DISNEY SILVA - De Artista a Secretário de Cultura


     Disney Furtado da Silva é um caboclo do Norte que tem dedicado sua vida à arte e à cultura do Estado do Amapá. É carnavalesco, produtor cultural, dramaturgo, ator e diretor de teatro. Escreveu entre outros, o famoso texto “Bar Caboclo”, que o transformou em espetáculo muito conhecido dos amapaenses. Seu primeiro contato com as artes cênicas foi em 1978, quando iniciou sua carreira no extinto grupo de teatro do SESC/AP, do qual, participou pelo menos por dois anos seguidos até a extinção do próprio grupo. Nessa época, também participou de oficinas promovidas pelo antigo MOBRAL.
     Cinco anos mais tarde, (em 1983), juntamente com alguns amigos como: Raimundo Conceição, Jackson Amaral, Sol Pelaes, Rechene Amim, Marcio Bacelar, entre outros, fundou o Grupo Língua de Trapo que ainda continua em plena atividade. No referido grupo, participou como ator das seguintes peças: “Repiquete”, de Francisco Carlos; “Paixão de Ajuricaba”, de Márcio Souza, entre outros.
     Intensa é sua contribuição com a cultura, com a arte e principalmente com o teatro no Amapá. Ao longo de sua carreia, além do Língua de Trapo ajudou a fundar outros como, por exemplo, o “Grupo de Teatro da Secretaria de Promoção Social” do governo do Estado, quando participou das encenações de “Pluft O Fantasminha” de Maria Clara Machado e ainda “Beatles e a Revolução Social”.
     Sua experiência na vida prática dedicada ao teatro o ajudou no seu amadurecimento e com este suporte resolveu escrever peças e se tornar também dramaturgo. E é ai que surge seu primeiro texto, o renomado “Bar Caboclo” que foi apresentado pela primeira vez em 1991. Depois do sucesso da montagem desse espetáculo, resolveu definitivamente escrever e encenar seus próprios textos.
     E foram sendo escritos e encenados: “Seu Pinto, Uma Filosofia de Vida”; “No Tempo da Ditadura”; “Pecado”; “Triângulo”; “Os Cabuçús no Bar Caboclo”; “Do Oiapoque para o Brasil, A História Que Ninguém Viu”; “Nazareno, O Revolucionário”; “O Bug do Zé Lixão”, além dos infantis “A Turma da Fanfarra”; “Surpresa de Pompom” e “A Casa Mal Assombrada”.
      Disney Silva é amapaense, servidor público do quadro do Ex-Território Federal do Amapá. Tem formação em Marketing e Comunicação pela Faculdade SEAMA e Administração e Marketing pela FAMAP. Foi Diretor do Teatro das Bacabeiras e Vice Presidente da Confederação Brasileira de Teatro – CBT. É Ex-Presidente da Federação Amapaense de Teatro Amador – FATA. Há mais de 25 anos é carnavalesco e já contribuiu com as seguintes escolas de samba: Maracatu da Favela; Grêmio Recreativo Império de Samba Cidade de Macapá; Unidos do Buritizal; Embaixada de Samba da Cidade de Macapá, campeã no ano de 2007 e Piratas da Batucada, campeã em 2012.      No Amapá, promoveu o I e II Festival de Teatro no Meio do Mundo e o Festival Nacional de Teatro, que aconteceu em 2008.
     Há mais de 40 anos que Disney Silva vem se dedicando ao teatro e à cultura no Amapá. Entre os espetáculos montados pelo Grupo Língua de Trapo poderíamos destacar: “Pecado”; “A Saga de Seu Pinto” e “Bar Caboclo”.  “Pecado” (que esteve em cartaz no ano de 1998) é um texto que focaliza-se especialmente no pecado religioso. No espetáculo, o tema poderia ter sido mais explorado pelo autor. Segue a mesma linha do “Bar Caboclo”, mas consegue conquistar a atenção do público.
     “A Saga de Seu Pinto” (em cartaz em 2007) era um espetáculo de sessenta minutos em que o texto nos remete a problemas conjugais criados, rejeitados e ao mesmo tempo aceitos no subsolo e na escuridão moral da sociedade burguesa contemporânea. É ligeiramente popular em função de sua linguagem clara e elementar. Portanto, encontra-se pleno de mexericos, intrigas e bisbilhotices, e tenta enfocar problemas psicológicos e emocionais de relacionamentos amorosos desgastados pelo tempo.
     Não se pode discutir que seu trabalho mais famoso é o espetáculo “Bar Caboclo” com texto do mesmo nome. Mesmo tendo sido produzido antes, há vinte anos que vem sendo apresentado, inclusive é um dos únicos trabalhos de teatro do Estado que consegue lotar o Teatro das Bacabeiras. O texto foi criado a partir de pesquisas sobre um bar que realmente existiu nas docas da antiga cidade de Macapá. Era um dos mais famosos prostíbulos da década de 1960 e localizava-se na esquina da Avenida Mendonça Junior com a Rua São José.
     Constitui-se de um espetáculo de expressão para nossa sociedade, visto que resgata esse famoso bar que outrora existira em nossa cidade. O texto não enaltece heróis, como é de costume, mas revela a vida de pessoas simples, quietas e discriminadas pela sociedade como pobres, prostitutas, lésbicas, loucas, gays, gigolôs, anciãos, idosos, crianças e negros.

     Um exemplo disso está na própria personagem “Chicona”. Vários desses adjetivos está nesse exemplo típico de mulher negra, anciã, prostituta, gorda e pobre. Apesar de se direcionar ao Bar Caboclo, o texto traz à tona discussões relacionadas às questões sociais e antropológicas referentes à inclusão social. Por isso, o mesmo continua atualizado, visto que esta é uma das questões que tanto se discute nos dias de hoje. Disney Silva é um cara batalhador e dedicado às artes em nosso meio, e foi em função do seu trabalho que passou de Artista a Secretário de Cultura do Estado do Amapá.

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