Disney Furtado da Silva é um caboclo do
Norte que tem dedicado sua vida à arte e à cultura do Estado do Amapá. É
carnavalesco, produtor cultural, dramaturgo, ator e diretor de teatro. Escreveu
entre outros, o famoso texto “Bar Caboclo”, que o transformou em espetáculo
muito conhecido dos amapaenses. Seu primeiro contato com as artes cênicas foi
em 1978, quando iniciou sua carreira no extinto grupo de teatro do SESC/AP, do
qual, participou pelo menos por dois anos seguidos até a extinção do próprio
grupo. Nessa época, também participou de oficinas promovidas pelo antigo
MOBRAL.
Cinco anos mais tarde, (em 1983), juntamente
com alguns amigos como: Raimundo Conceição, Jackson Amaral, Sol Pelaes, Rechene
Amim, Marcio Bacelar, entre outros, fundou o Grupo Língua de Trapo que ainda
continua em plena atividade. No referido grupo, participou como ator das
seguintes peças: “Repiquete”, de Francisco Carlos; “Paixão de Ajuricaba”, de
Márcio Souza, entre outros.
Intensa é sua contribuição com a cultura,
com a arte e principalmente com o teatro no Amapá. Ao longo de sua carreia,
além do Língua de Trapo ajudou a fundar outros como, por exemplo, o “Grupo de
Teatro da Secretaria de Promoção Social” do governo do Estado, quando
participou das encenações de “Pluft O Fantasminha” de Maria Clara Machado e
ainda “Beatles e a Revolução Social”.
Sua experiência na vida prática dedicada
ao teatro o ajudou no seu amadurecimento e com este suporte resolveu escrever
peças e se tornar também dramaturgo. E é ai que surge seu primeiro texto, o
renomado “Bar Caboclo” que foi apresentado pela primeira vez em 1991. Depois do
sucesso da montagem desse espetáculo, resolveu definitivamente escrever e
encenar seus próprios textos.
E foram sendo escritos e encenados: “Seu
Pinto, Uma Filosofia de Vida”; “No Tempo da Ditadura”; “Pecado”; “Triângulo”;
“Os Cabuçús no Bar Caboclo”; “Do Oiapoque para o Brasil, A História Que Ninguém
Viu”; “Nazareno, O Revolucionário”; “O Bug do Zé Lixão”, além dos infantis “A
Turma da Fanfarra”; “Surpresa de Pompom” e “A Casa Mal Assombrada”.
Disney
Silva é amapaense, servidor público do quadro do Ex-Território Federal do
Amapá. Tem formação em Marketing e Comunicação pela Faculdade SEAMA e
Administração e Marketing pela FAMAP. Foi Diretor do Teatro das Bacabeiras e
Vice Presidente da Confederação Brasileira de Teatro – CBT. É Ex-Presidente da
Federação Amapaense de Teatro Amador – FATA. Há mais de 25 anos é carnavalesco
e já contribuiu com as seguintes escolas de samba: Maracatu da Favela; Grêmio
Recreativo Império de Samba Cidade de Macapá; Unidos do Buritizal; Embaixada de
Samba da Cidade de Macapá, campeã no ano de 2007 e Piratas da Batucada, campeã
em 2012. No Amapá, promoveu o I e II
Festival de Teatro no Meio do Mundo e o Festival Nacional de Teatro, que
aconteceu em 2008.
Há mais de 40 anos que Disney Silva vem se
dedicando ao teatro e à cultura no Amapá. Entre os espetáculos montados pelo
Grupo Língua de Trapo poderíamos destacar: “Pecado”; “A Saga de Seu Pinto” e
“Bar Caboclo”. “Pecado” (que esteve em
cartaz no ano de 1998) é um texto que focaliza-se especialmente no pecado
religioso. No espetáculo, o tema poderia ter sido mais explorado pelo autor.
Segue a mesma linha do “Bar Caboclo”, mas consegue conquistar a atenção do
público.
“A Saga de Seu Pinto” (em cartaz em 2007)
era um espetáculo de sessenta minutos em que o texto nos remete a problemas
conjugais criados, rejeitados e ao mesmo tempo aceitos no subsolo e na
escuridão moral da sociedade burguesa contemporânea. É ligeiramente popular em
função de sua linguagem clara e elementar. Portanto, encontra-se pleno de
mexericos, intrigas e bisbilhotices, e tenta enfocar problemas psicológicos e
emocionais de relacionamentos amorosos desgastados pelo tempo.
Não se pode discutir que seu trabalho mais
famoso é o espetáculo “Bar Caboclo” com texto do mesmo nome. Mesmo tendo sido
produzido antes, há vinte anos que vem sendo apresentado, inclusive é um dos
únicos trabalhos de teatro do Estado que consegue lotar o Teatro das
Bacabeiras. O texto foi criado a partir de pesquisas sobre um bar que realmente
existiu nas docas da antiga cidade de Macapá. Era um dos mais famosos
prostíbulos da década de 1960 e localizava-se na esquina da Avenida Mendonça
Junior com a Rua São José.
Constitui-se de um espetáculo de expressão
para nossa sociedade, visto que resgata esse famoso bar que outrora existira em
nossa cidade. O texto não enaltece heróis, como é de costume, mas revela a vida
de pessoas simples, quietas e discriminadas pela sociedade como pobres,
prostitutas, lésbicas, loucas, gays, gigolôs, anciãos, idosos, crianças e
negros.
Um exemplo disso está na própria personagem
“Chicona”. Vários desses adjetivos está nesse exemplo típico de mulher negra,
anciã, prostituta, gorda e pobre. Apesar de se direcionar ao Bar Caboclo, o
texto traz à tona discussões relacionadas às questões sociais e antropológicas
referentes à inclusão social. Por isso, o mesmo continua atualizado, visto que
esta é uma das questões que tanto se discute nos dias de hoje. Disney Silva é
um cara batalhador e dedicado às artes em nosso meio, e foi em função do seu
trabalho que passou de Artista a Secretário de Cultura do Estado do Amapá.
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