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segunda-feira, 29 de julho de 2024

MOUROS E CRISTÃOS

 

 

A mais distante data sobre vestígios do teatro do Amapá, gira em torno do século XVIII, efetivamente em novembro do ano de 1777, na Vila de Nova Mazagão. Embora, o povo tenha sido instalado a partir de 1771, a primeira encenação da “Batalha entre Mouros e Cristãos” aconteceu no ano de 1777. E isso se deu, em função das festividades em homenagem à aclamação de D. Maria I, Rainha de Portugal. Nesse caso, Lisboa, determinou que todas as colônias pertencentes à Portugal, fizessem homenagens à aclamação da referida Rainha.

Nesse período, em Mazagão Velho, as cerimônias iniciaram no dia 16 de novembro com uma missa solene e nesse mesmo dia à noite foi cantado o Tedeum, que é um hino de ação de graças, da Igreja Católica, que significa, A Ti Deus Louvamos. No sábado dia 22, após a celebração de uma missa, saiu pelas ruas da Vila de Mazagão um cortejo com carro alegórico com vinte figuras de meninas que cantavam acompanhadas por três rebecas e três violas. Neste carro alegórico também havia dez dançarinos mascarados, sendo que um deles recitava vários epílogos e obras poéticas.

Depois do desfile desse carro alegórico pelas ruas da Vila, a festa continuou com a representação de uma batalha naval entre duas naus; notadamente entre cristãos e mouros, sendo que no final os cristãos vencem a batalha. No domingo à noite, dia 23 de novembro foram encenadas três óperas: Demofonte na Trácia; Dido Abandonada e Atarxerxes. Deu-se um total de sete encenações dessas três óperas, entre o período de vinte e três de novembro a três de dezembro. Essas três óperas são de autoria do italiano Metastasio. Para os interessados, indico o livro de Laurent Vidal: Mazagão a cidade que atravessou o Atlântico.

Portanto, é importante reafirmar que foi exatamente no ano de 1777, que aconteceu a primeira apresentação da Batalha entre Mouros e Cristãos, em Mazagão Velho.  São 247 anos de festividades ininterruptas, que também vem acontecendo durante esta semana de julho do ano em curso. É certo que, das comemorações que foram realizadas no ano de 1777, em homenagem à D. Maria I, Rainha de Portugal, só nos restou como grande legado, a representação dos Mouros e Cristãos, em terra, até porque, naquele evento também houve uma representação entre duas naus, no rio Mazagão. Seria interessante se houvesse um resgate desta representação em duas Naus, no rio Mazagão.  

 

Sem sombra de dúvidas, a Festa de São Tiago, que vem sendo realizada há mais de 247 anos, nos dias 23, 24 e 25 de julho, é um ícone da cultura do Amapá. Dentro da programação está a encenação da Batalha entre Mouros e Cristãos. A festa é composta de cerimônias e rituais com cenas distintas. Em relação a esta discussão, gostaria de citar o sociólogo e professor Dr. Fernando Canto, quando afirma em seu livro, Adoradores do Sol, que: Nessa data as ruas de Mazagão Velho se transformam num grande palco onde os atores são membros da comunidade. Eles representam as personagens da celebração da vitória dos cristãos sobre os mulçumanos. Finalizando, considero a encenação Entre Mouros e Cristãos, como a primeira apresentação teatral ao ar livre, do Amapá.

 

 

 

 

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