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domingo, 23 de fevereiro de 2025

PROFESSOR TOSTES

 

 

     A primeira pessoa do Amapá que conheci, foi o professor Tostes. Eu já era professor do Núcleo Integrado da Universidade Federal do Pará. Mesmo que nada estivesse projetado, foi o destino que nos fez conhecer um ao outro. Em 1994, eu exercia minhas funções acadêmicas em Belém do Pará, nesse mesmo ano, Tostes já era professor da Universidade Federal do Amapá, o qual, foi aprovado no primeiro concurso público da nossa instituição de ensino superior. Esse professor Tostes do qual vos falo, não é o antigo prof. Tostes, que montou um grupo de teatro, na década de 1940, e hoje é homenageado com a Rua Professor Tostes, que todos conhecem. O professor Tostes, do qual vos falo, é o Professor José Alberto Tostes, neto do antigo professor Tostes de tempos antanho.

     Professor Tostes iniciou sua carreira acadêmica na Universidade Federal do Amapá, no ano de 1994, no antigo Curso de Educação Artística, depois, Artes Visuais. No ano de 2004, prof. Tostes implantou o Curso de Arquitetura da UNIFAP. Exercendo minhas atividades na Universidade Federal do Pará/UFPA, ainda em 1994, me inscrevi no VII Congresso Nacional da Federação de Arte/Educadores do Brasil - CONFAEB, que aconteceria na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no segundo semestre daquele ano. Salientado, que o professor Tostes também participou efetivamente do referido evento. Acontece que, apesar de estarmos durante a semana, naquele mesmo acontecimento, não tivemos a oportunidade de nos conhecer.      

     Após o término daquele encontro; de Campo Grande, meu destino seria Guarulhos, onde iria fazer uma conexão para Belém do Pará. Tudo começou no trecho de Guarulhos para Belém, o qual, teria um tempo de aproximadamente quatro horas de voo. Após o avião estar em velocidade de cruzeiro um grupo de professores da UFPA, da qual eu fazia parte, passou a conversar e discutir, principalmente sobre o congresso de Artes. Interessante, que nessa roda de conversa, havia um professor que não me era habitual, mas ele já era bem conhecido entre os demais; este docente era o prof. Tostes que, naquele momento, era o Coordenador do Curso de Educação Artística da UNIFAP. Aos poucos, em função do cansaço, cada professor foi se entregando ao sono.

     Nesse ínterim, ficamos, eu e o prof. Tostes, travando uma longa conversa. Nesse meio termo, como coordenador do Curso de Artes da UNIFAP, Tostes me revelou que iria ser publicado um edital para concurso público com duas vagas para o curso, do qual ele era o coordenador. Prontamente, decidi que iria me inscrever no referido concurso. Já em setembro daquele ano, eu estava pondo os pés na cidade de Macapá para me submeter a uma vaga para a disciplina “Teatro”, daquele curso de artes. Ao sair o resultado final, tive a surpresa da minha aprovação em primeiro lugar, com uma nota acima de nove, em função de que eu era o único candidato com Mestrado, daquele pleito. Consequentemente, no dia dois de janeiro de 1995, há trinta anos, assumi minha função de professor de terceiro grau na UNIFAP. Desde então, prossigo com essa duradoura e sincera amizade com o prof. Tostes, para quem desejo vida longa.

 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

CRISTO NEGRO

 

     

    Reconhecido como artista de primeira linha, na década de 1970, Bi Trindade, afrodescendente, exerceu grande influência no que diz respeito às artes no Amapá, digo, às artes em geral. Sim! Visto que ele era um artista versátil: ator, escritor, poeta, músico, professor, além de ser tradutor de várias composições da Música Popular Amapaense, para o idioma francês. Como tantos outros artistas da década de 1970, o teatro surgiu na vida de Bi Trindade no bairro do Laguinho, principalmente no Grupo Telhado. Também não poderia deixar de ser, foi contemporâneo de Osvaldo Simões, Consolação Corte, Juvenal Canto entre outros jovens da época.

     É considerável afirmar que na década de 1970, com a criação do Grupo Telhado; com a criação do Grupo Pilão e com vários eventos artísticos, como feiras de artes, promovidos por esse grupo de pessoas, Bi Trindade sempre esteve participando dessas atividades artísticas. Foram os jovens do Laguinho que conseguiram transformar o seu bairro no maior centro cultural do Estado do Amapá, naquele momento histórico.

       O Telhado foi um grupo de teatro que em muito contribuiu para a formação de atores do Amapá, visto que o grupo trabalhava observando a arte como um sério métier. Lembra Bi, que o grupo conseguiu assinar convênio com o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL. Em função do seu trabalho, o grupo conquistou e teve à sua disposição o Cineteatro Territorial, para realizar seus ensaios e suas apresentações.

     Mas, o telhado não só se dedicava à arte pela arte. Como grupo de vanguarda se preocupava tanto com o trabalho artístico, no caso a mise em scène, como em debater com a sociedade local suas angústias, suas emoções e seus problemas políticos e sociais. Bi Trindade participou em espetáculos como: “Antônio, Meu Santo” e “A Mulher que Casou 18 Vezes” e “O Menino do Laguinho”.

     “A Mulher que Casou 18 Vezes” além de ter sido um bonito espetáculo, naquela peça, Bi representou dois personagens e ainda trabalhou na música. Foi uma adaptação de cordel, que deixava o público sempre à vontade porque era de fácil compreensão. Além disso, a peça deixou para ele a experiência de viajar pelos cinco municípios amapaenses que existiam na época: Macapá, Porto Grande, Ferreira Gomes, Calçoene, Amapá e Oiapoque.

     Além do Grupo Telhado, Bi participou de outros grupos de igrejas como São Benedito e Jesus de Nazaré. Em 1977, na igreja São Benedito, o Padre José solicitou que o grupo apresentasse a via sacra ao vivo pelas ruas do bairro laguinho. O trajeto ficou assim determinado: saída da referida igreja, seguindo por ruas do Pacoval; depois, passando em frente à igreja Nossa Senhora Aparecida, em seguida voltando pela rua Eliezer Levy e boêmios do Laguinho, para finalizar com a crucificação de Cristo que acontecia na Igreja São Benedito. Naquela ocasião, qual artista fazia o cristo? Reposta: - Bi Trindade, o primeiro Cristo negro do Amapá.

 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

UNIFAP COM 13 TITULARES

 

 

     Para se candidatar a professor titular de uma instituição de ensino superior, o candidato terá que encaminhar processo com memorial descritivo e comprovação de toda sua produção acadêmica. Os memoriais são escritos na primeira pessoa do singular, da mesma forma que as cartas, as confissões, os diários e as memórias. Esse gênero de escrita se expõe às razões do sujeito na sua parcialidade e subjetividade. Trata-se de um gênero, que produz certo grau de desconforto entre os pesquisadores acadêmicos, uma vez que, por razões de ofício, esses aprenderam a escrever na terceira pessoa do singular ou na primeira pessoa do plural, na pretensão de produzir os efeitos de imparcialidade e impessoalidade.

     Cinco anos após sua fundação, isto é, em 1995, a UNIFAP contava apenas com 4 professores Mestres. O primeiro professor Titular da instituição se deu com a chegada do professor Dr. João Renôr Ferreira de Carvalho, oriundo da Universidade Federal do Amazonas – UFAM; em seguida o Prof. Dr. Luís Isamu Barros Kanzaki, se tornou o segundo professor titular da UNIFAP. Vale salientar que há bastante tempo, esses professores já não mais pertencem aos quadros da instituição, e, que que este foi um momento isolado que se deu na década de 1990 do século XX. 

     Tratando-se do século XXI, até meados de 2019 a Universidade Federal do Amapá possuía apenas dois professores titulares; Professora Doutora Julieta Bramorski e Professor Doutor José Carlos Tavares; os quais se submeteram a concurso público; em agosto deste mesmo ano, foi a vez de mais um servidor se tornar Titular, no caso, o Professor Doutor Jadson Porto, que apresentou Memorial Descritivo. No dia 11 de setembro de 2019, me tornei Professor Titular e já no dia 12, a professora Doutora Rosemary Ferreira de Andrade; nós também apresentamos Memorial Descritivo. Em dezembro desse mesmo ano, fui Presidente da Banca da Professora Doutora Simone Garcia Almeida, esta última, resolveu apresentar sua tese intitulada “Água de Barrela”. O que se pode observar, é que nossa instituição encerrou o ano de 2019 com um total de 6 professores titulares.   

     Apesar da pandemia do coronavírus e de todos os problemas que vinha enfrentando o estado do Amapá, no ano de 2020, foi a vez da Professora Doutora Helenilza Ferreira de Albuquerque, que conseguiu galgar ser Professora Titular. Nesse período, todas as bancas foram realizadas online. Nesse mesmo ano fui Presidente da Banca de Avaliação do Prof. Doutor José Alberto Tostes, que apresentou seu Memorial Descritivo e foi aprovado pela Comissão de Avaliação. Isto implica dizer que a UNIFAP encerrou o ano de 2020 com um total de 8 professores Titulares. Já no ano de 2021, também fui presidente da banca de progressão do Prof. Dr. Carmo Antônio de Souza, o qual, se tornou o primeiro professor Titular do Curso de Direito da UNIFAP. Em 2022, mais dois professores tiveram progressão funcional, sendo assim, o Prof. Dr.  Ricardo Ângelo Pereira de Lima, da área de Geografia, também se tornou Prof. Titular, como também, o Prof. Dr. Raimundo Nonato Picanço Souto. E, em 2023, foi a vez do prof. Dr. João Batista Gomes de Oliveira, que tornou primeiro Prof. Titular do Curso de Artes Visuais. No início deste ano de 2025, o Prof. Dr. Alan Cavalcanti da Cunha, também passou a fazer parte do time de titulares, em cerimonial que aconteceu no último dia 13 de janeiro, no auditório do curso de Arquitetura da Universidade Federal do Amapá. Portanto, a UNIFAP, está iniciando este ano com um total de 13 professores nível “E”, reconhecidos como Professores Titulares. T

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

PARABÉNS MACAPÁ

 


          Cheguei à cidade de Macapá em novembro de 1994 para me submeter a concurso público na Universidade Federal do Amapá. Com a Universidade recém fundada, participei do seu segundo concurso público para professor do magistério superior. Era uma cidade horizontal, com faixa de trezentos mil habitantes e com a maioria de suas casas de madeira. Condição que chamou extremamente minha atenção.    

     Nada conhecia sobre este recanto de Brasil, tudo era novo, eu ainda não tinha nenhuma referência sobre este espaço geográfico. Trabalhava em Belém, no Núcleo Integrado da UFPA, mas desejava ir mais longe. Cheguei aqui com a cara e a coragem de um nordestino desbravador e passei a ser pioneiro em relação aos estudos e pesquisas na área das artes cênicas. Iniciei as primeiras pesquisas científicas sobre o Teatro do Amapá e continuo estudando e pesquisando este mesmo tema.

     Aos poucos, fui enamorando esta pequena cidade, que paulatinamente foi me conquistando com o passar dos anos. Hoje tenho muito orgulho de Macapá. De todo o processo que acompanhei ao ver esta cidade crescer, juntamente com o desenvolvimento da própria Universidade Federal do Amapá, que, há vinte e nove anos, se tornou minha casa, meu ninho, meu aconchego.

     Macapá está de Parabéns nesses seus 267 anos. É verdade que há muito o que se comemorar. Nessas quase três últimas décadas, a cidade cresceu em todos os sentidos: alargamento de avenidas, criação de museus, entre outros fatores. O centro da cidade, por exemplo, ficou completamente revitalizado com a Fortaleza de São José de Macapá, onde todo o espaço urbano do centro da cidade foi se transformando num complexo turístico deveras importante. A recuperação do entorno do canal da Mendonça Júnior, a Rodovia Duca Serra que virou uma grande avenida.

     Muitos espaços que vem sendo construídos e definidos ao longo dos anos, como a grande avenida que transformou a entrada da cidade, de quem vem do interior ou da Guiana Francesa. Tiro o chapéu para esta bela avenida ampla, arborizada, com ciclovias, sinalização e passarelas para pedestres, que envolve vários bairros da zona norte. Espaço urbano que há 30 anos havia apenas uma pequena via e alguns bairros como, Jardim da Felicidade e Boné Azul.

     Macapá foi me envolvendo, aos poucos, e também fui me amalgamando a esta pequena cidade joia da Amazônia. Morar neste lugar é ter o prazer de todos os dias ter a chance de apreciar esta bela paisagem que se encontra de braços abertos para todos, que é o rio Amazonas. Particularmente, este rio me encanta. Sou grato por estar em Macapá e ela estar em mim, por osmose se deu nossa relação, eu e a cidade, a cidade e eu. 

     Macapá é uma cidade tranquila, me sinto bem neste recanto do Brasil. Aqui que me realizei profissionalmente e venho fazendo minha parte. Este ano de 2025, estarei lançando mais uma obra para contribuir com esta cidade e este Estado que me acolheu em seus braços. A obra intitula-se “História do Teatro do Amapá – De 1950 aos Dias Atuais”. Tenho a honra de hoje ser cidadão macapaense. Parabéns Macapá...!!! Parabéns Macapá...!!!