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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

PÉ-DE-MEIA LICENCIATURA

 

 

     Entre o ensino fundamental e médio, o jovem passa aproximadamente, um período de nove anos consecutivos dedicando-se aos estudos, vivendo essa experiência única na comunidade escolar. Essa prática permanente, em que vivencia, juntamente com seus professores, passa notadamente, a entender a profissão, e, em muitos casos, a conhecer a vida profissional e social de alguns de seus mestres. Frente a tudo isso, muitos alunos passam a entender as dificuldades da profissão, e, em muitos casos a conhecer a vida financeira dos seus professores, ao longo dos anos no seu aprendizado nas escolas, pelas quais, se dedicou durante sua infância e adolescência. Em contato direto com seus professores durante muitos anos, vários estudantes passam a conhecer a desvalorização do profissional da educação, e em consequência, desde cedo, decidem por não optar em ser educador decidindo-se em seguir outras profissões, seja na área técnica ou na área da saúde, o que se encontram no leque das universidades brasileiras.

     Preocupado com tal situação, e a consequente falta de professores nas escolas do nosso país, no início deste ano, o governo federal criou o programa pé-de-meia licenciatura, com objetivo de promover a motivação dos jovens para que eles se debrucem para se tornarem profissionais da educação. O referido programa funcionará da seguinte forma: o estudante receberá uma bolsa de R$ 1.050,00, por mês, durante o período vigente do curso. Sendo que, deste montante, o estudante só poderá sacar um total de R$ 700,00 por mês, e o restante, R$ 350,00, será depositado numa poupança, os quais, só serão liberados quando o acadêmico iniciar sua carreira docente na rede pública, pelo menos até cinco anos após o término do curso. De acordo com o ministério da educação, este programa está voltado para estudantes com alto desempenho no Exame Nacional de Ensino Médio – ENEM.

     É fato que, ao longo dessas últimas quatro décadas, a desvalorização do profissional da educação é claramente perceptível, não só isso, as próprias instituições de ensino, em muitos casos, são totalmente abandonadas, além do que, alguns governantes, passam a reduzir o orçamento anual, que já é deficitário, influenciando na educação, na extensão e principalmente na pesquisa. Fazendo aqui um parâmetro, no ano de 1990, uma bolsa de mestrado era em torno de dez salários mínimos, atualmente é de R$ 2.100,00 reais, não chegando à dois salários mínimos, (1.518.00), isso porque as bolsas de pesquisa foram ultimamente reajustadas. Como que um jovem, vivenciado esses fatos no seu cotidiano escolar, vai encarar uma profissão que não lhes espelha futuros melhores?  

    Como profissional da educação, acredito que é muito bem-vindo todo tipo de programa para a educação do cidadão brasileiro, e para motivação dos jovens para seguirem a carreira acadêmica, por outro lado, não basta apenas criar programas para incentivar jovens a desenharem seu futuro, e seguirem a carreira acadêmica, se faz necessário melhorar os salários dos professores, para que no seu dia a dia, no cotidiano escolar, o jovem tenha maior empatia, que o proporcione a decidir seu futuro por seguir a carreira acadêmica. Parte superior do formulário

 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

FRUTO PROIBIDO

 

 

     Toda religião que se preze, busca criar determinados signos para que os mesmos façam parte de seus cânones, com o objeto de manter relações estreitas com seus fiéis. Neste artigo, faremos uma exposição em relação à criação do fruto sagrado e proibido, a partir de algumas religiões. Na grande parte dessas religiões sempre vamos encontrar aquele que se diz o fruto proibido. A começar pela religião cristã, na Bíblia, vamos encontrar no livro do Gênesis, onde a maçã é colocada como um mal, uma fruta perigosa. O figo e a uva, também estão relacionados com o pecado original.

     Geralmente, esses frutos estão associados ao pecado e à tentação, ao amor, à imortalidade e principalmente ao conhecimento. Adão e Eva estavam no paraíso, Eva comeu a maçã, o fruto proibido, e ofereceu à Adão, em seguida, os dois foram expulsos do paraíso, visto que comeram o fruto proibido, o fruto da sabedoria. Para os cristãos, a maçã significa o pecado original, Outros símbolos são: o pão, que significa o corpo de Cristo, que é a redenção. A virgem Maria é considerada a segunda Eva, a que vem redimir os pecados da primeira. Portanto, observa-se que primeiramente, com Eva, a maçã, revela um sentido negativo, o do pecado, em seguida, tratando-se da Virgem Maria, a maçã passa a ter um novo significado, e desta vez, positivo, o da salvação.

    Em vários povos espalhados pelo mundo, a simbologia da maçã ainda é muito forte, tratando-se inclusive a partir do significado da própria palavra. Em relação à maçã, as línguas europeias usam sempre uma palavra com raiz de ap, ab, af ou av, como por exemplo: aballo (céltica), apple (inglês), apfel (germânico), abhal (gaélico irlandês), afal (galês), iablokaa (russo), e jablko (polonês). Já o francês utiliza-se da palavra pomme, raiz que vem do latim pomum. É bom lembrar que em latim, as palavras mal e maçã, malum, são escritas da mesma forma, sendo derivadas do grego, mélon.

     Já na mitologia grega vamos identificar, que vários deuses estão relacionados a árvores como o caso, de Júpiter com a azinheira, que é uma árvore do gênero dos carvalhos, e Dioniso, com a videira, planta cultivada para produzir uvas e transformá-las em vinho. Já o louro estava ligado à Apolo, árvores que fazem parte das lauráceas. Ainda na Grécia, a figueira era dedicada à Atena, e seus frutos sagrados não podiam ser exportados. Em Roma, a figueira já possuía um sentido erótico e era associada a Príapo.  Segundo a Bíblia, após comerem do fruto proibido, Adão e Eva se cobriram com folhas de figueira.

    Tendo em vista de que a uva era uma fruta em grande abundância na Europa, por motivos econômicos, foi substituída, e já a partir do XIII, a maçã se tornou definitivamente como o fruto proibido.  Para os povos germânicos, a maçã significa imortalidade, na figura da deusa Idun, conhecida como a rejuvenescedora. Conta o mito que ela guardava uma maçã numa taça, e quando os deuses ficavam velhos, mordiam a maçã e se rejuvenesciam, ou seja, se tornavam jovens. Na atualidade, sabemos de que uma maçã caiu na cabeça de Isaac Newton, e que a partir daí ele descobriu a gravidade. Por outro lado, há várias histórias clássicas infantis que apresenta a maçã como fruta perigosa, como é o caso de Branca de Neve e os Sete Anões.

 

 

 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

EVOLUÇÃO DO TEATRO BRASILEIRO

 

 

     As atividades com teatro no Brasil, tem início com o Padre José de Anchieta que é caracterizado historicamente como símbolo, tendo em vista que na colonização e aculturação dos nativos, utilizou-se principalmente do teatro como forma pedagógica para catequizar os que aqui já habitavam. Embora o padre jesuíta fizesse parte de um sistema que destruía tudo de novo e diferente, para prevalecer a ordem, à qual, pertencia, uma questão culturalmente positiva foi a utilização do teatro nesse período.

     Como soldado fiel à catequese, conseguiu seu objetivo encenando peças simples, com versos tupis de fácil compreensão, conquistando assim, os indígenas. Nesses autos, Anchieta aproveita a tendência natural dos silvícolas para a representação, música e dança. Em sua dramaturgia, ele renomeava as personagens de acordo com sua ideologia religiosa, como por exemplo: ao diabo, ele determinava o nome de “tribos inimigas”.

     De qualquer forma, ele era bem objetivo nas suas ações, embora utilizasse de linguagem simples com os povos da época, em suas representações, por outro lado, quando se comunicava com Portugal, escrevia com o melhor do seu vocabulário, aumentando o nível da escrita.

     No século XVII, a política brasileira era omissa e com vários problemas. Nesse período, também começou a surgir brigas internas na Companhia de Jesus. E foi preocupado com a educação dos índios com ideologia religiosa que o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil, o que fez com que Padre José de Anchieta retornasse a Portugal.

     Embora seja discutível essa ação religiosa com os índios, a verdade é que o teatro foi um forte instrumento para a catequização dos primeiros moradores dessas terras. A premissa dos jesuítas era de que: “um exemplo vale mais do que um discurso”. Ainda no século XVII, Manoel Botelho, um baiano de cultura europeizada, se destaca por fazer um teatro profano com leve desenvolvimento popular.

     No século XVIII, surge Antônio José da Silva ou Antônio José, o Judeu, que foi para Portugal aos oito anos de idade e teve formação portuguesa, destacou-se como um bom autor, a ponto de suas peças serem aceitas em outros países. Alguns de seus textos: “Europa do século XVIII”; “Dom Quixote” e “As Guerras do Alecrim e da Manjerona”. Nesse período, começou a se desenvolver, as Casas de Óperas. Por outro lado, em seus escritos sobre o teatro, Padre Ventura desenvolveu alguns trabalhos junto aos mulatos.

     Esquecendo o teatro como forma de colonizar os índios, mas como forma de cultura e lazer, Marquês de Pombal mostrou grande interesse, se tornando um grande animador, pois considerava a representação como um veículo de formação do povo. Iniciou o reconhecimento dos artistas quando criou a norma de que: “O ator não pode ser preso a caminho do teatro”. Por outro lado, no mesmo documento também constava que:  “Se o ator não comparecer ao teatro para se apresentar para o público, será preso. ”

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

30 ANOS DE AMAPÁ

 

 

     Este início de ano é muito bem-vindo, visto que no dia 02 de janeiro, completei um ciclo de 30 anos como professor da Universidade Federal do Amapá. São três décadas de dedicação à educação superior e ao teatro do Amapá, em função das pesquisas que venho realizando desde o dia em que me instalei nas terras tucujus, e me tornei o pioneiro nas pesquisas sobre o teatro amapaense. Comecei com a disciplina Teatro, que havia no antigo Curso de Licenciatura em Educação Artística. Em função da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96, o Curso passou a ser denominado de Curso de Artes Visuais, no qual, lecionei até o ano de 2013. No primeiro semestre de 2014 passei a ministrar aulas no Curso de Licenciatura em Teatro, visto que o mesmo havia sido aprovado pelo Conselho superior, em 12 de novembro de 2013. 

     E para minha grande satisfação, na próxima quinta-feira, dia nove, estarei completando mais uma primavera, e mais um ciclo da minha vida aqui nesse estágio terrestre, alcançando meu sexagésimo quarto janeiro. De toda forma, estou muito feliz de ter chegado a esse patamar da vida. É um caminho muito longo... é verdade...!!! Em diversos sentidos. Sem esquecer que nessa imensa caminhada, muitos colegas ficaram para trás...! Muitos amigos se foram! Com um olhar para o passado, percebo que a vida se transforma numa constante luta pela sobrevivência. Isso se percebe desde criança, quando passamos a acompanhar nossos pais na luta diária... no cotidiano!

     Quanto a mim, passei a vida buscando conquistar meus objetivos. Para isso, como uma fera, tive que enfrentar as vicissitudes da vida e da sociedade contemporânea. O primeiro passo foi o estudo. Não tenho nada, mas o que tenho, conquistei em função de toda uma vida dedicada ao estudo. Meus pais me ensinaram, e eu segui seus conselhos, eles diziam:  - para ser alguém na vida é preciso estudar! E foi exatamente isso o que fiz, continuo e continuarei fazendo, durante toda minha existência.

     Faço aqui uma revista do caminho que trilhei e das obras, às quais, consegui produzir nessas últimas três décadas de minha estada no Amapá. Segue os livros por mim, publicados nesse período: A Estrela e a Rã – 1998, (infantil); Brincando com Linhas – 2001, (infantil); Teatro de Bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia – 2001; Entre Terra e Mar: sociogênese e caminhos do teatro na Paraíba – 1822-1905 - 2009; A Saga de Altimar Pimentel e o Teatro Experimental de Cabedelo – 2009; Fronteiras Entre o Palco e a Tela – Teatro na Paraíba – 1900 – 1916 – 2010; Entre Parênthesis – poesias – 2010; A Ovelha Malhada – 2011, (infantil); O Teatro na Terra de Zé da Luz: da União Dramática ao GETI – 2011; Artes Cênicas no Amapá – teoria, textos e palcos – 2011; Eu a Rainha do Vale – 2012; O Pato e o Lago – 2012, (infantil); Entre Pai & Filhos, 2012; Curso de Teatro no Amapá – Concepções e Proposições para o Ensino Superior – 2013; Pablito e a Libélula – 2013, (infantil); Teatro no Amapá: artistas e seu tempo – 2013; Arque com Arte: cultura, arte e educação no Amapá – 2013; A China é Aqui – 2014, (infantil); Entre Irmãos – 2014; Aventuras Poéticas – 2014; Itabayanna – entre fatos e fotos – 2014; Dramaturgia Amapaense – 2015; Engenho Velho: meu mundo encantado – 2017; A Estrela e a Rã – 2018, (bilíngue); Em Pleno Vapor: Nova Cruz do meu tempo de criança – 2019; Num Piscar de Olhos – eterno estudante – 2019; História do Teatro do Amapá – do século XVIII à década de 1940 – 2021; e Genealogia do Teatro – 2023. Tenho certeza de que não me arrependo de nada que fiz durante essas últimas três décadas. Aos sessenta e quatro anos, estou me preparado para o futuro. E assim, eu giro...! E assim, gira o mundo...!