Entre o ensino fundamental e médio, o
jovem passa aproximadamente, um período de nove anos consecutivos dedicando-se
aos estudos, vivendo essa experiência única na comunidade escolar. Essa prática
permanente, em que vivencia, juntamente com seus professores, passa
notadamente, a entender a profissão, e, em muitos casos, a conhecer a vida
profissional e social de alguns de seus mestres. Frente a tudo isso, muitos
alunos passam a entender as dificuldades da profissão, e, em muitos casos a
conhecer a vida financeira dos seus professores, ao longo dos anos no seu
aprendizado nas escolas, pelas quais, se dedicou durante sua infância e
adolescência. Em contato direto com seus professores durante muitos anos,
vários estudantes passam a conhecer a desvalorização do profissional da
educação, e em consequência, desde cedo, decidem por não optar em ser educador decidindo-se
em seguir outras profissões, seja na área técnica ou na área da saúde, o que se
encontram no leque das universidades brasileiras.
Preocupado com tal situação, e a consequente
falta de professores nas escolas do nosso país, no início deste ano, o governo
federal criou o programa pé-de-meia licenciatura, com objetivo de promover a
motivação dos jovens para que eles se debrucem para se tornarem profissionais
da educação. O referido programa funcionará da seguinte forma: o estudante
receberá uma bolsa de R$ 1.050,00, por mês, durante o período vigente do curso.
Sendo que, deste montante, o estudante só poderá sacar um total de R$ 700,00
por mês, e o restante, R$ 350,00, será depositado numa poupança, os quais, só
serão liberados quando o acadêmico iniciar sua carreira docente na rede
pública, pelo menos até cinco anos após o término do curso. De acordo com o
ministério da educação, este programa está voltado para estudantes com alto
desempenho no Exame Nacional de Ensino Médio – ENEM.
É fato que, ao longo dessas últimas quatro
décadas, a desvalorização do profissional da educação é claramente perceptível,
não só isso, as próprias instituições de ensino, em muitos casos, são
totalmente abandonadas, além do que, alguns governantes, passam a reduzir o orçamento
anual, que já é deficitário, influenciando na educação, na extensão e
principalmente na pesquisa. Fazendo aqui um parâmetro, no ano de 1990, uma
bolsa de mestrado era em torno de dez salários mínimos, atualmente é de R$
2.100,00 reais, não chegando à dois salários mínimos, (1.518.00), isso porque as
bolsas de pesquisa foram ultimamente reajustadas. Como que um jovem, vivenciado
esses fatos no seu cotidiano escolar, vai encarar uma profissão que não lhes
espelha futuros melhores?
Como profissional da educação, acredito que é muito bem-vindo todo tipo de programa para a educação do cidadão brasileiro, e para motivação dos jovens para seguirem a carreira acadêmica, por outro lado, não basta apenas criar programas para incentivar jovens a desenharem seu futuro, e seguirem a carreira acadêmica, se faz necessário melhorar os salários dos professores, para que no seu dia a dia, no cotidiano escolar, o jovem tenha maior empatia, que o proporcione a decidir seu futuro por seguir a carreira acadêmica.