Contatos

palhanojp@gmail.com - palhano@unifap.br

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE



     Uma das maiores alegrias da minha vida foi quando soube da notícia que havia sido aprovado no vestibular. Morava no interior da Paraíba numa cidade conhecida por Itabaiana. Talvez você leitor, nunca tenha ouvido falar, mas é a terra em que nasceu o renomado músico Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca... Aquele que compôs feira de mangaio. Itabaiana também é berço do famoso poeta Zé da Luz.
     Raspei a cabeça, sai em passeata pelas ruas da cidade junto com outros colegas que também haviam passado naquele processo seletivo. Fui aprovado para o antigo curso de Educação Artística. Na ocasião, ouvia de várias pessoas alguns comentários como: - Mas tu vais mudar de curso, não é? – Esse curso não é muito bom para homem! Eu ouvia e sempre respondia com o silêncio.
     Tive muitas dificuldades para realizar o ensino fundamental e médio. Aliás, da quinta série até o ensino médio eu estudei no mesmo colégio estadual resultando em sete anos de dedicação e estudos. A alegria foi imensa visto que fui aprovado no vestibular vindo da escola pública, sem ter participado de nenhum cursinho que na época eram famosos. No pequeno interior fiquei conhecido como gente inteligente, mas reforço ao dizer que foi um grande desafio chegar à universidade.
     Ao longo da minha história de vida as vicissitudes me ensinaram a ser combatente e persistente. Aprendi também a acreditar no que realizo; a acreditar em mim e nos meus projetos. Desistir? Nunca...! Infelizmente, em algumas ocasiões você se surpreende e quase se dá por vencido. Foi exatamente o que aconteceu nesses últimos vinte anos na tentativa de implantar um curso de licenciatura em teatro no Amapá. Os dois primeiros projetos, um de 1996 e outro de 2001 sequer passou pela câmara de graduação.
      Este ano de 2013 publiquei a obra “Curso de Teatro no Amapá: concepções e proposições para o ensino superior” com a intenção de que a mesma se transformasse numa prestação de contas com a sociedade amapaense ao esclarecer a intenção do meu trabalho e de minha dedicação em prol desta terra que me recebeu de braços abertos como profissional do magistério superior.

     Muitos anos se passaram após a minha aprovação no vestibular e minha segunda alegria se transformou em felicidade quando ouvi no dia 12 de novembro de 2013 o veredito do Conselho Superior da Universidade Federal do Amapá, da aprovação do Curso de Licenciatura em Teatro...! Depois disso, percebi claramente que a esperança é a última que morre.  

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

CURSO DE LICENCIATURA EM TEATRO APROVADO PELA UNIFAP


 
     Quando cheguei ao Estado do Amapá para assumir uma cadeira de professor na Universidade Federal do Amapá, à época, Curso de Educação Artística, já vim com o propósito de implantar o Curso de Licenciatura em Teatro em nível de terceiro grau. Durante esses vinte anos encaminhei três projetos, um em 1996 outro em 2001 e o último em maio de 2012, este último sendo aprovado no último dia 12 de novembro de 2013 - data histórica para a educação, o teatro, a arte e a cultura do Estado do Amapá. 
     Infelizmente as tentativas de 1996 e 2001 não foram prioridades para a instituição nos referido períodos. Com o surgimento do REUNI a partir de 2011 é que fui contatado pelo Professor João Batista Nascimento, então Diretor do Departamento de Letras e Artes para a possível redação e encaminhamento de um projeto para implantação do Curso de Teatro na Unifap. Ainda em 2011 o atual Reitor Carlos José Tavares em conjunto com a Pró-Reitora de graduação, professora Dra. Adelma também me apoiaram para a possível implantação do Curso de Teatro na Unifap.
     O Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Teatro da Unifap está fundamentado na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em dezembro de 1996 e intitulada Lei Darcy Ribeiro cuja clareza pode ser observada no artigo 26, parágrafo 2º. De acordo com esse artigo, a lei diz que o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da Educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (as). Também, de acordo com o artigo 9º, item IV, a União ficará incumbida de estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum.
     Este Curso de Teatro da Unifap fundamenta-se ainda pela necessidade de professores qualificados na área do Teatro para suprir a demanda das escolas do Estado do Amapá. Vale registrar que atualmente não há sequer um profissional qualificado na área do teatro nas redes de ensino: federal, estadual, municipal e particular no Estado do Amapá.

     Gostaria de agradeçer sinceramente às instituições da área da cultura que enviaram ao Conselho Superior da Unifap seus documentos em apoio ao referido curso. Agradeço carinhosamente a todos os artistas que estiveram presentes na ocasião da homologação, principalmente aos companheiros de luta: Cláudio Silva, Daniel de Rocha e Tina Araújo, Carlos Lima, Disney Silva, Jennyfer Saraiva, Porfírio (Popó) Alice Araújo, Débora bararuá, Viviane Gualberto, Ellida Santos, Amadeu Lobato e todos aqueles que estão no front desta batalha. Na foto cortejo dos artistas pelas ruas da Unifap em comemoração à aprovação do referido curso.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

PABLITO E A LIBÉLULA

 

Pablito e a Libélula é minha quinta obra infantil e faz parte de uma coletânea de obras dedicadas ao público infantil que iniciou com “A ESTRELA E A RÔ publicado pela Unifap em 1988; em 2001 a Universidade Federal do Amapá juntamente com a FUNDAP publicou também “BRINCANDO COM LINHAS”; “A OVELHA MALHADA” foi produzida pelo próprio autor em 2011; em 2012 foi a vez de “O PATO E O LAGO”; e este ano o público infantil terá em suas mãos a obra “PABLITO E A LIBÉLULA” cujo lançamento será hoje, primeiro de novembro às 18:00 horas no stand da Livraria Didática dentro da programação da FEIRA DE LIVROS DO AMAPÁ – FLAP. Ainda este ano, em dezembro próximo será lançada a 6ª obra do autor cujo título é “A China é Aqui”. 
PABLITO E A LIBÉLULA conta a história de uma astuciosa e curiosa criança que adora brincar com libélulas, na verdade Pablito gosta mesmo é de caçar libélulas, o que durante toda a estória ele não consegue conquistar este objetivo visto que a libélula é um animal muito esperto, no final Pablito descobre toda beleza que envolve a libélula e seu meio ambiente.

O livro foi prefaciado pelo professor Doutor Adalberto Carvalho Ribeiro que leciona na Universidade Federal do Amapá no Curso de Pedagogia, ele nos relata observações suas sobre a referida obra:  Pablito e a Libélula é mais um livro de autoria do Dr. Romualdo Palhano. O livro não só prossegue na linha infantil, didática e pedagógica, como também traz como diretriz filosófica a necessidade de uma melhor relação entre o Homem e a Natureza.
Palhano está a cada dia mais criativo, mais pedagógico, e me parece, mais criança também, porque não dizer assim.  Ele vem a alguns anos se dedicando a modalidade de livros infantis lúdicos no estilo “Para Colorir” ainda que tenha uma forte veia acadêmico-teórica. Artista nato o autor se redescobre nesse estilo literário importante para a formação do cidadão porque livros assim atuam ali na construção da personalidade do indivíduo nos anos iniciais de sua formação escolar.
Pablito e a Libélula não é somente um livro para colorir. Palhano descreve um menino arguto, inteligente, curioso e pesquisador. Uma criança que muda de comportamento na medida em que a natureza vai ensinando-lhe as leis de sua própria economia. Deixa lições importantes.
Pablito e a Libélula, portanto, permite ao leitor infantil aprender ludicamente e, ainda por cima, deixa mensagens que corroboram paradigmas pertinentes para o século XXI. Da Educação Infantil ao 5º Ano o livro tem muita utilidade.
Boa leitura! Boa pintura! Bom aprendizado!







quinta-feira, 24 de outubro de 2013

SEMIÓTICA NO TEATRO

    
     Além de objetos reais, no palco não se utilizam apenas acessórios e cenários, que são meramente signos. No entanto, o público não capta essas coisas reais como se fossem reais. Por exemplo, se um personagem representando um homem rico usa um anel de brilhante, o público o considera como um signo de grande riqueza e não se preocupam se a pedra é verdadeira ou falsa. Da mesma forma que no palco tanto um refresco quanto um suco autêntico podem representar apenas um suco.
     No teatro Chinês, o cenário é complementado em sua elaboração com elementos específicos ao desempenho do intérprete. Nesse tipo de teatro os mais importantes signos são a mesa e a cadeira, quase nunca ausentes do palco chinês. Por exemplo, se a mesa e a cadeira estão dispostas da maneira usual, então o cenário é um interior. Contudo, uma cadeira que se apresenta com o lado sobre o chão, significa um aterro ou fortificação; virada, simboliza uma colina ou montanha; de pé sobre a mesa, uma torre de cidadela.
     Os japoneses são mestres nessa maneira de criar um cenário.  Para criar um rio, basta apresentar um cartaz trazido à cena com a palavra “rio” escrita para sugerir o ambiente da cena a ser representada. Para Sábato Magaldi, “no espetáculo, o cenário e a vestimenta situam o ator no espaço, e são essenciais à caracterização da personagem.”
     O drama religioso da Idade Média teve em seu início o interior da igreja como cenário. Passou a ser apresentado no pórtico dos templos. Em seguida, os mistérios e moralidades passam a ser representados nas praças; a partir dai, pela necessidade cria-se o cenário simultâneo, em que diversas indicações, muito sumárias, se justapunham ao longo de um estrado. Um simples portão sugeria uma cidade, uma pequena elevação simbolizava uma montanha e assim por diante. No canto esquerdo do estrado, uma enorme boca de dragão servia para a passagem dos demônios e a ida para o inferno dos pecadores irremissíveis. Na parte direita, acima do chão, situava-se o paraíso, lugar de felicidade eterna.
     No teatro medieval em função do sistema de palcos móveis que eram geralmente construídos sobre carretas os cenários passaram a ser elaborados de materiais perecíveis, tais como tecido ou madeira atendendo de certa forma às especificidades requeridas pela peças encenadas. No teatro Elisabetano voltou-se novamente a ideia do palco como uma estrutura fixa. Uma construção de madeira que servia de fundo para os vários ambientes.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

EVOLUÇÃO DO CENÁRIO


     No teatro de Dionísio a pista de danças era maior que a de qualquer outro teatro: um círculo completo de 24 metros e nela não existiam cenários. À medida que surgiram os autores trágicos esse modelo foi se complementando. Construindo máquinas para obter efeitos românticos, já com esboço de cenário, ao fundo; aproveitando as cores das vestes e fazendo salientar a beleza das massas no ritmo das danças, Ésquilo deu um passo à frente no arcabouço geral do drama grego. Para Anna Mantovani: “a cenografia existe desde que existe o espetáculo teatral na Grécia Antiga, mas em cada época teve um significado diferente, dependendo da proposta do espetáculo teatral”.
     Sófocles aparece, no mundo da técnica como o criador do terceiro ator. Muitos autores dão também a Sófocles a primazia na criação da pintura cênica. Eurípedes modificou o princípio e o fim da Tragédia, mas a mise-en-scène permaneceu a mesma. O cenário da Antiguidade era fixo, tinha poucos elementos e servia de ornamentação para a cena.
     Em Roma, a cena apresentava uma ordem de colunas superpostas e de arcos, através dos quais se viam os cenários. Havia três tipos de cenários: para a Tragédia as laterais apareciam com edifícios ao fundo, comumente era um palácio ou um templo. Para a Comédia o cenário era ruas e praças públicas, enquanto que para as composições Satíricas resumiam-se em cavernas, bosques, montanhas, em suma, uma paisagem.
          Na Idade Média usavam-se dois tipos de cenários: a carreta onde se mostravam aos espectadores os vários lugares da ação: e o da cena simultânea, na qual se viam os diversos lugares da ação, simultaneamente. Esses cenários terminavam pelas suas extremidades em duas torres: uma representando o paraíso e a outra o inferno. O espetáculo nesse período foi apresentado primeiro nas igrejas e posteriormente nas praças.
     O Renascimento na Itália trouxe os cenários construídos em três dimensões. Mas o grande teórico da construção teatral nessa época foi Serlio que construiu um teatro dividido em duas partes: platéia e cena. É no Renascimento que começa a surgir um novo cidadão. É o homem saindo da Idade Média e entrando na Idade Moderna. Toda Europa passou por uma grande renovação política e social. 

     O teatro que era feito nas igrejas e praças, passa também a acontecer dentro dos palácios e castelos. Os Aristocratas constroem suas próprias salas de espetáculos. E paralelamente entre os palácios, castelos e as ruas, começam a aparecer as primeiras casas de espetáculos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CENÁRIOS ANTIGOS



     “Pintura de Cena” era o termo empregado pelos Helenistas. Este mesmo termo foi introduzido por Sófocles, mas possivelmente foi utilizado na última trilogia de Ésquilo. O cenário clássico grego era organizado com uma parede de fundo, que também exercia a função de coxia para os atores se vestir. Esta parede geralmente representava a frente de uma casa, com uma grande porta ao centro e duas menores de cada lado. No teatro Grego e Romano sucessivamente, o conceito de cenário era irrelevante, sendo o frontispício da “Skené” a ambientação permanente para todos os textos, consequentemente nesse período o cenário era apenas visto, cujo drama era concebido pela palavra.
     As invenções de Ésquilo no que diz respeito aos cenários foram muitas. Ele construiu várias máquinas para obter efeitos românticos e deu um passo à frente no arcabouço do drama grego. É considerado um dos primeiros que se voltou para a pintura cênica. Já Sófocles aparece como criador do terceiro ator e Eurípedes modificou o princípio e o fim da tragédia, permanecendo a mesma mise-en-scène. Diz-se que o pintor Agutarcos desenhou vários cenários para as tragédias de Ésquilo dentro das regras da perspectiva.
     No Renascimento, o arquiteto Bramante, construiu um teatro no qual o telão separava a cena dos degraus dispostos em forma de anfiteatro. Peruzzi iniciou os cenários em perspectiva e Serlio construiu um teatro dividido em duas partes: platéia e cena; também reduziu as construções cênicas, que primeiramente eram muito sólidas, a dois bastidores pintados, enquanto que para o cenário do fundo bastava um só telão.

     Servandoni, pintor e arquiteto, foi um dos principais mestres na renovação técnica cênica no século XVIII. Ao contrário de seus antecessores que se baseavam na perspectiva paralela, dispondo os planos sucessivos sempre em relação à boca de cena, o artista florentino idealizou um novo tipo de cenário baseado nas leis da perspectiva oblíqua, na qual o horizonte imaginário situava-se em vários pontos laterais de dispersão. Ele obteve dessa forma, certa fluidez que se contrapunha às realizações rígidas do Renascimento. Todos os aperfeiçoamentos que vieram posteriormente em relação à técnica de elaboração e confecção de cenários têm como ponto de partida os princípios idealizados por Servandoni.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ARQUITETURA TEATRAL - Grécia e Roma



     Desde o espaço cênico esférico primitivamente criado pelos gregos para realizarem seus jogos dramáticos e teatrais, em homenagem ao Deus Dionísio, ocasião em que não havia a priori nem palco nem platéia, em sua evolução histórica e cenográfica o teatro passou por diversas transformações. Tanto no âmbito da estrutura do espetáculo como também no que diz respeito à estrutura do edifício teatral. Essas mudanças foram constantes e dialeticamente significativas, tendo em vista as necessidades sociais de cada sociedade e período histórico.
     Uma dessas primeiras mudanças aconteceu ainda na Grécia Clássica, paralelamente à trajetória da própria estrutura cênica. Nesse primitivo período, o teatro grego passou a ser construído entre montanhas, com capacidade para aproximadamente entre quatro e cinco mil pessoas. Nesse ínterim, o espaço cênico passou de circular para semicircular, cujo cenário era fixo. Fato é que o homem não havia ainda conquistado o domínio do arco o que vem acontecer já no império romano proporcionando revolução na arquitetura, sendo um dos maiores exemplos desse período o Coliseu de Roma que é símbolo da cultura pagã. Com a ascensão do cristianismo esse templo passou a ser esquecido.
     Certamente o teatro romano apresentava uma estrutura semelhante ao da Grécia, mas passou a ser construído sem utilizar montanhas como base, por quê? Vejamos. A primeira questão é que a maioria dos teatros foi construída um tanto quanto afastada das cidades; outra questão é que o teatro que se fazia na Antiga Grécia exigia que os atores ficassem de frente para o público, em função disso construiu-se um espaço cênico semicircular com os locais de entrada e saída dos personagens.
     Já o modelo de teatro que se fazia na Roma Antiga não exigia diretamente essa frontalidade com o público, sendo que lá a arquitetura teatral passou a ser construída em forma circular de onde possibilitava que o público pudesse assistir ao espetáculo de qualquer lugar da arena, dessa forma surge o anfiteatro que significa dois lados (ver dos dois lados). Esse fenômeno se deu em função da nova concepção do espetáculo romano que se resumia em lutas de gladiadores, lutas de homens contra animais e que não havia a necessidade desses performers estarem totalmente de frente para o público, fato que atualmente acontece com o futebol. Neste caso o cenário também era fixo.

     Salienta-se que foi em Roma que ocorreu a primeira possibilidade de se cobrir esse espaço com uma imensa lona. É a partir dai que surge o circo romano. Com o advento do cristianismo, mistérios e moralidades foram apresentados em carroças que possuíam o cenário dividido, enquanto que de um lado existia o céu, no outro era o inferno.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

TEATRO E BAUHAUS



     Em períodos históricos distintos o teatro foi se desenvolvendo de acordo com a necessidade social em que estava inserido, levando-se em consideração o progresso da ciência, da arte e da tecnologia. Em termos, a eletricidade foi um dos fatores preponderantes. Com essa trajetória e nessa perspectiva dramaturgos, críticos, filósofos e teóricos, estudiosos e encenadores muito contribuíram para que esse caminho chegasse ao pleno desenvolvimento.
     Infelizmente não podemos nos deter minuciosamente em relação ao tema proposto. Portanto, centralizaremos nosso enfoque nas próximas linhas numa escola que foi de fundamental importância para a concepção do teatro no século XX.
     A Bauhaus surge na Alemanha após a primeira guerra mundial, por necessidade vital de um grupo de pessoas que pretendiam a partir da arte, desenvolver uma ideologia que defendia a escola como o cerne da educação para formar uma sociedade mais justa.
     Portanto, dentro da filosofia dessa escola, tendo como ponto de partida a arte, o que se pretendia era dar aos estudantes uma formação global e extensa, no sentido de atingir novas formas que reunissem tendências artísticas e artesanais. Os antecedentes da Bauhaus estão no fato de que no final do século XIX os valores liberais burgueses estavam sendo contestados. Fundada em 1919, tem Walter Gropius como principal incentivador. O arquiteto Gropius, que por sinal já dirigia outra escola desde 1915 acreditava que o lugar do artista é na escola.
     No entanto, propostas vanguardistas semelhantes já haviam sido divulgadas por Craig e Appia, no início do século XX. Gordon Craig criou um novo espaço de representação que ficou conhecido como “quinto palco”. Os quatro espaços cênicos anteriores eram: a) o anfiteatro grego; b) o espaço medieval; c) os tablados da comédia dell’arte e d) o palco italiano. Esta proposta significava a substituição de um palco estático por um palco cinético.
     Em apenas 14 anos de existência, de 1919 a 1933, quando foi forçada a fechar suas portas, pela Gestapo, a Bauhaus nos deixou um legado que ainda repercute nos dias atuais. No que diz respeito à modernidade da concepção cênica, a Bauhaus tinha como primordial trabalhar a relação do homem com o espaço que o cerca e com os objetos que ele produz.

     Sabe-se que Walter Gropius chegou a realizar um projeto de edifício teatral, propondo interrelações entre público e atores. Projeto que facilitava sucessivas alterações de cenas, devido às engrenagens mecânicas inseridas nesse espaço cênico.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

JACKSON AMARAL E O TEATRO NO AMAPÁ


     Sem nenhum conhecimento técnico Jackson Cardoso Amaral começou a fazer teatro na década de 1980. Situação pela qual passou vários artistas de teatro naquele período no Estado do Amapá. Quando Jackson iniciou suas atividades no teatro, ainda conheceu o Grupo “Telhado”, liderado por Juvenal Canto e que era considerado o grupo mais atuante daquele período.
     Mas nessa época o “Telhado” já estava praticamente encerrando suas atividades quando começa a surgir paralelamente em Macapá e Santana outros grupos que passam a assumir este vazio na arte e no lazer nessas duas cidades. Portanto, é nesse momento duvidoso que Jackson Amaral inicia suas atividades artísticas no teatro na cidade de Macapá juntamente com os artistas: Disney Silva, Richene, Beta, Andréia, Cecília Lobo, Geovane Coelho, Amadeu Lobato, Valdez Mourão entre outros. Por outro lado, na cidade de Santana surge a presença de Porfírio (Popó) liderando o movimento teatral da segunda cidade do Estado do Amapá. Sem sobra de dúvidas, essas ações propulsionaram a fundação da FATA – Federação Amapaense de Teatro Amador.
     Mesmo assim, a turma do teatro continuou montando peças sem nenhum conhecimento técnico teatral, sem apoio e sem local para ensaios e é nesse exato momento que aparece o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização; Jackson Amaral em entrevista a este colunista conta que: Como não tínhamos lugar para ensaiar, começamos a ensaiar na casa dos colegas atores, mas passava um, dois dias e a mãe dizia que não dava mais pra ter ensaio, ficávamos assim na casa de um e outro, até que o Lúcio do Mobral chegou e disse: - Olha, se vocês quiserem se organizar nesse movimento de teatro no Amapá eu mando buscar um técnico em teatro no Rio de Janeiro, pelo MOBRAL; então na minha época esse foi o primeiro curso de teatro que ocorreu em Macapá.
     Na década de 1980 o MOBRAL foi o suporte fundamental para o desenvolvimento do teatro no Amapá. Além de atores e atrizes qualificados em teatro para ministrar cursos aos grupos daqui, o MOBRAL passou também a motivar e investir pesadamente no teatro local, inclusive oferecendo espaços para os grupos ensaiarem, neste sentido, Jackson Amaral afirma que: Então o Lúcio passou a liberar a sede do MOBRAL pra gente ensaiar, porque cada um tinha seu grupo, eu tinha meu grupo com o Disney que era o Língua de Trapo, o Porfírio (Popó) tinha o grupo dele, a Fatica tinha o grupo dela, o Geovane com o Valdez tinham o grupo deles... Ai! Cada um marcava um dia pra ensaiar, porque o único lugar que tínhamos para ensaiar era esse e cada grupo começou a montar suas peças.

     Assim, surgiu “Repiquete”, primeira peça em que Jackson Amaral participou como ator: Era uma lenda ribeirinha, indígena, que falava sobre a vida dos ribeirinhos, dos caboclos e a forma como eles falavam e começamos a apresentar esse espetáculo...   “Repiquete” também se apresentou no palco do Cine Teatro João XXIII que era administrado pela Igreja Católica. Situava-se no centro da cidade, ao lado da antiga igreja de São José. Depois de “Repiquete” o grupo buscou outros caminhos e decidiu por montar a peça “Bar Caboclo”, que na época era um insípido texto de Disney Silva que chegava ao máximo de trinta minutos de espetáculo. O mesmo estreou no Teatro das Bacabeiras.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

DANIEL DE ROCHA E O TEATRO NO AMAPÁ



     Daniel de Rocha como é conhecido no meio artístico, nasceu no ano de 1962 em Salvador – Bahia. É filho de Leonildo Alves da Silva e Crispina Rocha da Silva. Possui ensino médio completo. Sua formação artística começa ainda na Bahia onde participou de uma infinidade de cursos livres de teatro. Especializou-se na área participando de vários cursos técnicos em outros Estados da Federação como, Goiás, Rondônia e Amapá. Apesar de ser soteropolitano reside em nossa cidade há mais de vinte anos e por este fato, já se diz amapaense de coração.
     Viveu boa parte de sua vida em meio à efervescência cultural que há em sua terra natal. Mas foi na escola que começou a perceber a arte de perto, foi lá onde começou a militar nos movimentos culturais. Já com veio artístico da poesia e da música, quando conheceu o teatro, jamais o abandonou. Em entrevista a este colunista explica que: “Quando assisti a uma peça de teatro infantil eu descobri que era exatamente aquilo que eu queria para a minha vida e para o resto da vida”.
     Em função de ter nascido na década de sessenta do século XX, viveu no auge da ditadura militar em sua adolescência e juventude. Nessa época não se tinha o direito de expressão, dessa forma Daniel de Rocha encontrou no teatro a mais natural forma de se expressar e ocupar um espaço na sociedade. O teatro passou então a ser um refúgio, acreditando que só através desta arte o ser humano poderia ser livre.
     Em suas pesquisas artísticas percebeu que o Estado do Amapá é um dos que mais ocorre o risco da pandemia da AIDS. Foi esse um dos principais temas que o motivou a criar textos e montar espetáculos voltados para essa questão social. Principalmente doenças transmissíveis como AIDS, por exemplo, fazem parte do rol dos temas que vem utilizando ultimamente sem suas montagens. Nessa linha de trabalho, já encenou vários espetáculos e participou de festivais. Fundou o Grupo Teatral Marco Zero, com o qual busca fazer teatro de cunho social, com o objetivo de discutir uma melhor qualidade de vida para o ser humano.

     “Virgem do Ninho Real” que tem como ponto de partida a Commedia D’ell Arte e enfoca o problema social gerado pela AIDS é um dos trabalhos mais significativos do grupo. Com este espetáculo realizou turnê por todos os municípios do Amapá com apoio da UNESCO. Daniel de Rocha é um dos únicos artistas de teatro que aqui no Amapá sobrevive estritamente de sua arte. Daniel se considera um artista profissional e afirma que: “hoje o artista de teatro já tem crédito em algumas lojas, não se envergonha mais de dizer que é ator”. Por sua persistência construiu um pequeno teatro na sua própria casa no Bairro do Perpétuo Socorro onde funciona também o Ponto de Cultura Estaleiro Cultural.

domingo, 21 de julho de 2013

CURSO DE TEATRO NO AMAPÁ - Concepções e Proposições para o Ensino Superior




     O Prof. Dr. Romualdo Rodrigues Palhano lançou a obra de sua autoria “Curso de Teatro no Amapá: Concepções e Proposições para o Ensino Superior” que enfoca sua labuta durante duas décadas na tentativa de implantação de um Curso Superior de Teatro no Estado do Amapá. Este livro complementará “Artes Cênicas no Amapá – Teoria, Textos e Palcos” que foi lançado em 2011 pelo próprio autor.
     Em “Curso de Teatro no Amapá” o autor revela aspectos da necessidade social da implantação do Curso de Licenciatura em nosso Estado. A obra é fruto de estudos voltados para a elaboração do “Plano Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Teatro” da Universidade Federal do Amapá. Neste sentido, além de buscar concretizar um curso acadêmico no espaço universitário apresenta para o público em geral as ideias gestadas naquele momento compondo uma das maiores experiências de um escritor, professor e pesquisador que é a aspiração de dialogar com todos que se aproximam das questões teatrais do Estado do Amapá.
     A descrição do texto propõe e visa experimentar concepções pedagógicas, filosóficas, conceituais e teóricas para a criação e efetivação do Curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal do Amapá. A disposição estruturante partiu de desafios compreendidos e advindos das transformações sociais contemporâneas e que, portanto vislumbram outras reflexões, ações, concepções e ordenamentos para a qualificação de futuros professores. Prof. Carlos Cartaxo, Doutor pela Universidade de Barcelona e Chefe do Departamento de Artes Cênicas da UFPB, que prefaciou o livro faz um breve resumo:
     “Na obra de Palhano encontro o pensamento de um profissional que discorre sobre um todo na dimensão cultural do Amapá. Ele relaciona teatro com produção cultural, com mercado de trabalho e a própria história das artes cênicas do universo pesquisado. No cômputo da sua argumentação, defende a tese notória de que é através da Licenciatura em Teatro ofertada pela Universidade Federal do Amapá que estará sendo formado um cabedal de profissionais qualificados para determinar com eficiência a continuação da história das artes cênicas naquela importante região do país.”
     "Diante desse contexto, o livro “Curso de Teatro no Amapá: Concepções e Proposições para o Ensino Superior”, do Prof. Dr. Romualdo Palhano, demonstra um árduo e profícuo trabalho no sentido de colocaro Estado do Amapá no mapa nacional e internacional do ensino, pesquisa e extensão na área teatral."
     "Para corroborar essa assertiva, ratifico o citado argumentando que um curso de teatro, em nível de licenciatura, trás riquezas de conhecimento para alunos em todos os níveis educacionais, do básico à pós-graduação: propicia a formação de plateia e de cidadãos cultos e críticos. Professor licenciado em teatro, diferente do que muitos pensam não forma atores, muito menos são animadores culturais de festas comemorativas. Sua ação é pedagógica porque o teatro, enquanto expressão artística é recurso pedagógico com conteúdo, é um caminho para a formação do cidadão através da arte."
     O lançamento da obra “Curso de Teatro no Amapá; Concepções e Proposições para o Ensino Superior” ocorreu sábado, 20 de julho de 2013 no auditório do Departamento de Letras e Artes da Universidade Federal do Amapá, dentro da programação do “I CICLO CIENTÍFICO DE DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – ARTES VISUAIS – PARFOR.” Tem o apoio do “Grupo de Pesquisa em Artes Cênicas” e “Núcleo Amazônico de Estudos das Artes Cênicas”.


SOBRE O AUTOR

     Romualdo Rodrigues Palhano é graduado em Licenciatura Plena em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas, pela Universidade Federal da Paraíba. Instituição onde também concluiu Mestrado em Serviço Social, sendo seu objeto de investigação o Teatro Comunitário. Residiu por dois anos em Havana – Cuba, onde iniciou seu doutorado. É Doutor em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. É Pós-Doutor em Teatro pela Universidade Federal da Paraíba. Reside atualmente em Macapá onde é Professor Associado II da UNIFAP - Universidade Federal do Amapá.
     O autor já publicou as seguintes obras: “Grito Incontido” poesias, 1988; “A Estrela e a Rã” (infantil) 1998; “Brincando com Linhas” (infantl), 2001; “Teatro de Bonecos: uma alternativa para o ensino fundamental na Amazônia, 2001; “Entre Terra e Mar: sociogênese e caminhos do teatro na Paraíba – 1822 – 1905”, 2009; “A Saga de Altimar Pimentel e o Teatro Experimental da Cabedelo”, 2009; “Fronteiras Entre o Palco e a Tela – Teatro na Paraíba – 1900 – 1916”, 2010;“Entre Parénthesis – poesias” também em 2010. Em 2011 o autor publicou as seguintes obras: “O Teatro na Terra de Zé da Luz – Da União Dramática ao GETI”, “A Ovellha malhada (infantil) e Artes Cênicas no Amapá. Em 2012 lançou: “Eu e a Rainha do Vale – De Menino a Rapazinho”; “O Pato e o Lago” e “Entre Pai & Filhos”. Além de “Curso de Teatro no Amapá – Concepções e Proposições para o Ensino Superior”. Ainda este ano de 2013 o autor fará lançamento das seguintes obras: “Pablito e a Libélula”; “Teatro no Amapá: Artistas e Seu Tempo e “Arque com Arte: Cultura, Arte e Educação no Estado do Amapá”.


terça-feira, 9 de julho de 2013

CARLOS LIMA E O TEATRO NO AMAPÁ


     Carlos Alberto Silva Lima é professor de Artes, dramaturgo, ator, diretor de teatro e administrador. É graduado em Educação Artística pela Universidade Federal do Amapá. Desde a década de 1980 que vem se dedicando ao teatro no Amapá, tendo por base seu trabalho que iniciou na cidade de Santana, da qual é residente.
     Em função de sua dedicação à arte, foi convidado para dirigir por um período o Teatro das Bacabeiras em Macapá quando na ocasião desenvolveu vários projetos: “Cine ao Meio Dia” onde com entrada franca, pessoas do comércio aproveitavam sua hora do almoço para apreciarem numa das salas do teatro, os mais diversificados filmes; Projeto “Seis e Meia” que aconteciaás quartas feiras; “Projeto Escadaria 2007” que acontecia uma vez ao mês, com várias atividades culturais, mais precisamente no dia de lua cheia; e “Projeto Café da Manhã” que acontecia sempre às segundas feiras, onde além do café se discutia as futuras atividades e pautas do teatro.
     Nasceu na cidade de Serra do Navio e foi lá que, ainda criança começou a participar na escola da ICOMI em dramatizações no âmbito da própria escola. Também participava do “canto coral”. Seu primeiro personagem foi uma mesa, como ele próprio descreve em entrevista concedida a este colunista: Quando eu comecei a fazer teatro, fui uma mesa e jogavam só uma toalha em cima de mim e o ator ficava sentado na mesa. Eu não podia fazer nada, Aí! Eu ficava pensando: - Poxa! É muita humilhação para um ator.
     De Serra de Navio mudou-se para a cidade de Belém do Pará onde obteve experiências na área do teatro com o professor e diretor Cláudio Barradas. Em Belém fez curso de teatro na Escola Técnica do Pará. O teatro é algo constante na vida de Carlos Lima. Este ator é tão apaixonado pelo teatro quando afirma: Eu brinco de teatro 24 horas por dia, vou para o restaurante com teatro porque sem arte não consigo viver.
     Em 1980 retornou ao Estado do Amapá para fixar residência, instalando-se dessa vez na cidade de Santana onde deu continuidade ao trabalho no teatro na Igreja Nossa Senhora de Fátima juntamente com João Porfírio (popó) entre outras atrizes como: Fátima Trindade, Roberto Prata e Sílvio Romero. Em Macapá conheceu a professora Nazaré Trindade que era atriz reconhecida no Amapá, com quem muito aprendeu sobre teatro.
     Além de se dedicar ao palco propriamente dito, Carlinhos como é conhecido pelos mais íntimos, quando ainda era aluno da Escola Augusto Antunes, resolveu enveredar pela linha dramatúrgica e foi nos bancos escolares que escreveu “A Raposa Espertalhona”, seu primeiro texto teatral que tinha como personagem principal uma raposa. “Seu Portuga e a Língua Portuguesa”


sexta-feira, 28 de junho de 2013

AMADEU LOBATO E O TEATRO NO AMAPÁ


     Há 35 anos que o público amapaense tem a oportunidade de assistir ao espetáculo teatral “Uma Cruz para Jesus”. Trabalho que demonstra a vitalidade e a persistência do teatro amapaense. Tem como suporte seu idealizador, dramaturgo e artista de teatro Amadeu Lobato. “Uma Cruz para Jesus” já é sinônimo de seu mentor. Amadeu Lobato e sua peça apresentada ao ar livre na área externa da Fortaleza de São José, também significa e se revela na principal escola de teatro do nosso Estado. Sim! Porque grande parte das pessoas que se dedicam hoje ao teatro amapaense, passou pela escola do Amadeu Lobato.
     O espetáculo apresentado ao ar livre no entorno da Fortaleza de São José de Macapá, utiliza-se de vários cenários e vários planos, inclusive o plano vertical quando é apresentada a cena de Adão e Eva sobre a muralha daquela fortificação mais do que centenária. Com sua “Cruz para Jesus” Amadeu Lobato virou escola e se transformou no ícone de um dos maiores teatros ao ar livre do Estado. Considerando-se também a mise em scène da luta dos Mouros e Cristãos que acontece todos os anos na velha Mazagão.
     “Uma Cruz para Jesus” é trabalho que deveria constar no calendário turístico do Estado do Amapá. Para quem conhece teatro, sabe que esse tipo de encenação revela-se num trabalho muito dispendioso financeiramente. Amadeu é um caboclo atrevido e deveras teimoso, não fossem essas características, o referido espetáculo não mais existiria.
     Há dezenove anos acompanho de perto a obra do mestre Amadeu Lobato e foram muitas as vezes que seu trabalho foi montado com garra, coragem e decisão, sem nenhum apoio dos órgãos de cultura do Estado e Município. Presenciei espetáculo com os atores super cansados, com a lateral da Fortaleza (seu espaço cênico) completamente tomado pela lama. Mas o mais importante é que o público sempre esteve lá, literalmente de pé vendo a ficção e aplaudindo na realidade, os passos de Jesus Cristo.

    Após vários anos de apresentação em muito vem crescendo este espetáculo. Tanto no que diz respeito aos cenários como também à encenação. Sobre a encenação propriamente dita, em muitas cenas do espetáculo colocou-se música ao vivo o que contribuiu imensamente com o desenvolvimento das cenas, como também para a compreensão do público presente. Como este espetáculo se apresenta todos os anos, a lateral da Fortaleza fica completamente lotada e tomada pelo público presente.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

CELSO DIAS E O TEATRO NO AMAPÁ


     Foi no ano de 1977 que em pleno regime militar, Mário Celso Couto Dias começou a fazer teatro no Amapá. Nessa época havia em plena atividade o Grupo de Teatro do SESC/Amapá. Na ocasião, o aprendiz de artista Celso, foi apresentado a Pedro Guerra que era o diretor do grupo. Estreou na peça “O Menino do Laguinho”, criação coletiva que enfocava a história de um menino do marabaixo e abordava questões culturais e religiosas. 
     Com o sucesso alcançado o grupo se apresentou em vários municípios do Estado com total apoio do SESC regional. A peça foi apresentada pela primeira vez no Cine João XXIII que funcionava na década de 1970, como Cine Teatro e pertencia à paróquia de São José. Lá também se tornou o local de ensaio da peça. O elenco era composto por aproximadamente trinta pessoas entre atores, atrizes, diretores, contrarregras, iluminadores, sonoplastas, entre outros.
     Alguns dos artistas que participaram da peça “O Menino do Laguinho”: Raimundo Conceição, Nérica, Fátima, Leila, Elias Vale, Jorge, Rogério, Paulo e Milton Adachi. O Menino do Laguinho passou a ser o espetáculo mais conhecido desse período e ficou um bom tempo em cartaz. Ocorreu que com a saída definitiva de Paulo Guerra, que era o diretor da peça, o grupo de dissolveu.
     Mas, esse fenômeno que num primeiro momento pareceu difícil de ser aceito, mais tarde refletiu beneficamente para o teatro no Amapá, tendo em vista que gerou nos participantes, motivação suficiente para ligeira superação em função de que, na ocasião, outros grupos fossem sendo criados, como bem nos coloca Celso Dias: “O Raimundo Conceição com o Língua de Trapo, eu criei o PROA e outros foram surgindo sequencialmente.”
     Deixando os temas regionais um pouco de lado à medida que ia se aprofundando teoricamente na área do teatro, Celso Dias passou a criar trabalhos com base na teoria de Antonin Arthaud, como ele próprio relata: Foi ai que eu tive problemas porque o teatro da crueldade era muito avançado pra época porque chocava. Em função disso vieram problemas com a Igreja Católica, com a sociedade e até com os próprios atores de teatro. Foi um período muito difícil para mim.
     Todavia, o ator Celso Dias ainda continuou montando espetáculos teatrais como: “Terra Araguaia Teraa”, cuja estréia se deu na Igreja Jesus de Nazaré; “A Santificação de Agarantu”; “Mar abaixo” e “Do Lado de Lá”. Culminando com seu último trabalho “O Menino da Cidade” que foi montada em 2009. Mas para ele um dos trabalhos mais significativos de sua carreira nas artes cênicas foi o espetáculo “Do Lado de Lá”, do qual foi diretor. O referido espetáculo teve participação especial de Claudete Machado que, na época, era atriz reconhecida no Estado.


quinta-feira, 23 de maio de 2013

FERNANDO CANTO E O TEATRO NO AMAPÁ


     Fernando Pimentel Canto nasceu em Óbidos no Pará, mas em função de ter vindo ainda jovem para o Amapá, já se considera cidadão amapaense. Portanto, deve-se salientar sua grande contribuição como ator, músico, compositor, sociólogo e escritor para a cultura deste Estado. Na década de 1970 do século XX começou a participar de movimentos setoriais ligados à igreja católica, principalmente na paróquia de São Benedito, no Laguinho e na paróquia Jesus de Nazaré fazia parte do grêmio. Mas seu trabalho com teatro mesmo, teve início com o Grupo Telhado, que surgiu em função do resultado de encontros de jovens na igreja São Benedito.
     De ator passou a rádio ator na rádio educadora São José de Macapá num programa que era liderado pelo então jornalista Hélio Penafort. Na programação havia espaço dedicado à rádio novela. Mas foi com a chegada do diretor de teatro Paulo Mendes que a partir de suas experiências com teatro, deu início à montagem de uma peça baseada em aspectos religiosos ligados à semana santa. Essa peça era ensaiada no próprio palco da emissora.
     Iniciando no teatro e compondo músicas para diversas montagens, Fernando Canto seguiu seu rumo como ator e músico na década de 1970. Posteriormente abandonaria o teatro para se dedicar especialmente à música e literatura. O que desembocou com a criação do “Grupo Pilão” que gravou muito de suas composições. Seu amigo Bi Trindade seguiu este mesmo caminho, iniciando no teatro e seguindo na música juntamente com o “Grupo Pilão”.
     Paulo Mendes querendo aprofundar seus trabalhos resolveu dirigir “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. Esse texto enfocava temas do cotidiano como a falta de liberdade já que o Brasil estava sendo governado por militares. Este foi um dos trabalhos mais importantes que Fernando Canto atuou como ator. Principalmente por se tratar do período do governo militar. Esse espetáculo de cunho social foi apresentado no palco do Cine Teatro Territorial.

Em entrevista concedida a este autor é o próprio Fernando Canto que nos fala da referida peça: “O fato de termos produzido a peça “Morte e Vida Severina”, que é um clássico nacional e que tem conotação, social e política muito forte é a questão do Nordeste que trazíamos para o palco, e tinha fama de peça comunista. Naquela época, era difundida como algo que não prestava; éramos perseguidos em função disso.” Ressalte-se que além de atuar como ator ele também acompanhava com violão e ao vivo as músicas da peça. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

CLÁUDIO LOBATO E O TEATRO NO AMAPÁ




     Claudelino Palheta Lobato é conhecido artisticamente como Cláudio Lobato. Foi ator reconhecido e muito atuante no teatro no Estado do Amapá, principalmente durante a década de 1970 do século XX, quando participou ativamente do Grupo de Teatro Telhado. Nesse período muitas oficinas de teatro eram ministradas por pessoas como: Professora Creuza Bordalo; Padre Mimo como também o Coronel Ribeiro que era Presidente do MOBRAL.
     Saiu da ilha de Brigue no Arquipélago do Bailique, situado no delta do Amazonas e veio residir na cidade de Macapá no ano de 1956. Nesse período, aos seis anos de idade, quando ainda criança, já declamava poesias no jardim da infância e participava de muitas dramatizações na escola, principalmente no que se refere às programações escolares em comemoração ao “Dia das Mães”; “Dia do Natal”; “Dia dos Pais” e outras datas comemorativas.
     Assim, desde 1956, ultrapassou décadas se dedicando ao teatro em nosso Estado. Foram quatro décadas de intenso trabalho voltado para a arte e especialmente para o teatro regional. Seu trabalho apresentou ritmo intensivo basicamente nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980 do século XX, numa permanente relação artística com o teatro e com o ambiente amazônico. Costumeiramente apresentava suas peças teatrais nas escolas, nas paróquias e nas igrejas.
     Mas um dos momentos mais importantes de sua vida como ator e pessoa dedicada ao teatro foi sem dúvida quando ingressou no “Grupo de Teatro Telhado” que foi fundado a partir de encontro de jovens que participavam da Paróquia de São Benedito. Depois de alguns encontros voltados para montagem de peças de teatro, resolveram fundar o “Grupo de Teatro Telhado”. O próprio Cláudio Lobato afirma que: “Quando começamos ainda não era o “Grupo Telhado”, eram jovens da Paróquia de São Benedito, começamos a atuar mesmo em 1974 e fundamos o grupo.”
      Apesar do “Grupo Telhado” conquistar seu espaço e se tornar um dos grupos de teatro mais importantes da década de 70 do século XX no Estado do Amapá, outros grupos também faziam sua parte e contribuíam para o desenvolvimento do teatro no então Território Federal do Amapá, entre eles: “Grupo de Teatro do Colégio Amapaense” e “Grupo de Teatro do Santina Rioli”. As freiras eram quem dirigiam o Grupo de Teatro do Santina Rioli, às quais montavam peças de cunho religioso com temas do “Natal”; “Nascimento de Jesus Cristo” entre outros.
     Na década de 1970 praticamente não havia televisão em Macapá, a comunicação era realizada a partir de jornais impressos e da radiodifusão. O rádio-teatro também era muito freqüente, principalmente na Rádio Educadora e Rádio Difusora de Macapá. Zé Maria de Barros; Creuza Bordalo e Clodoaldo Nascimento foram reconhecidos rádio atores e radio atrizes que participavam também em rádio novelas.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

PROFESSORA ZAIDE SOLEDADE E O TEATRO NO AMAPÁ



 
     Em nosso meio ela é conhecida especialmente como Professore Zaide. Pessoa simples, inteligente, compreensiva, batalhadora e quem tem dado grande contribuição à arte e à cultura no Amapá. Entre tantos afazeres professora Zaide também caminhou pelo teatro. Para se ter uma ideia desde o ano de 1952 que Zaide vem contribuindo com as artes cênicas no Amapá. Como professora sempre motivava seus alunos com suas aulas de teatro e com a montagem de pequenos dramas, principalmente relativo às datas comemorativas do calendário escolar.
     Em função de ter nascido numa família muito religiosa, professora Zaide viveu seus primeiros momentos no teatro quando representava “As Pastorinhas” na Igreja que pertencia à Paróquia de São José de Queluche em Belém do Pará, quando lá residia. Dramatização que se repetia todos os anos na época do Natal e do dia de Reis. Mesmo no início de sua carreira, a atriz Zaide adolescente de 14 anos sofreu alguns percalços, como ela mesma conta em entrevista concedida a este colunista:
     “Como eu era muito danada foram pedir para minha avó se eu podia aparecer na peça “As Pastorinhas”, então a Vovó disse que não tinha problema porque era na igreja. Daí, ela foi se informar com o padre qual papel eu iria fazer. Sabe qual era? O satanás. Então Vovó disse: - Deus me livre, não ela já é muito sapeca. O Padre tentou ajudar dizendo: - Não minha senhora não tem problema não, só é uma representação na peça. Foi tanta conversa, até que convenceram a Vovó e eu fui ser o satanás da peça.”
     Efetivamente, professora Zaide Soledade Santos Silva deu continuidade às suas aventuras no teatro desde 1952, passando pelas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Notadamente chegou ao século XXI, firme e forte em plena atividade artística. Aos dezesseis anos chegou a Macapá. Sua última participação como atriz se deu, especificamente na novela “Mãe do Rio” produzida pela TV Tucujú – SBT quando foi ao ar no ano de 2006. Durante essas década exerceu várias funções como diretora, atriz, sonoplasta, além de motivar incondicional a nova geração. Maria Borges que contracenou várias vezes com a Professora Zaide nas décadas de 1960 e 1970 era outra atriz muito famosa na época.
     Em 2006 escrevi e publiquei nesta mesma coluna quatro artigos sobre a novela Mãe do Rio que, diga-se de passagem, marcou um momento expressivo das artes cênicas no Amapá. Na ocasião citei a professora Zaide quando afirmei que: “Entre os novos atores, a professora Zaide Soledade nos surpreendeu com sua brilhante atuação e com a perfeitaconstrução de seu personagem.” A ela, registraremos nossa homenagem e a reconhecemos como a atriz revelação da novela “Mãe do Rio”.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

JUVENAL CANTO E O TEATRO NO AMAPÁ


 

     Juvenal Antônio Pimentel Canto pertence a uma família que migrou de Óbidos - PA para as terras tucujus e em muito vem contribuindo para o desenvolvimento da arte e da cultura no Estado do Amapá. Chegou a Macapá com apenas 6 anos de idade. É técnico Administrativo em Estatística.

     O auge de sua participação e contribuição com a arte amapaense se deu na década de 1970 do século XX. Na área da música teve fundamental participação na fundação do “Grupo Pilão”, no qual, foi músico, instrumentista, compositor e cantor. Sua contribuição ao teatro no Amapá também aconteceu no referido período como fundador e integrante ativo do grupo “Teatro de Amadores Telhado” juntamente com Maria Benigna, Odilardo Lima e seu irmão Fernando Canto.

     Apresentou espetáculos nos cinco municípios do ex-território: Macapá, Amapá, Calçoene, Mazagão e Oiapoque. Esse projeto surgiu em função de contrato entre o Grupo Telhado e o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização. Em entrevista a este colunista, Juvenal Canto afirma que: Fomos a todos os municípios. Na época o governo disponibilizava ônibus para o grupo. Em função do contrato com o MOBRAL, colocávamos o combustível e também arcávamos com outras despesas, visto que éramos pagos para isso.

     Outro projeto realizado pelo “Grupo Telhado” foi “Fortalecimento e Difusão da Cultura Amapaense” que era patrocinado pelo INACEN – Instituto Nacional de Artes Cênicas e que tinha o objetivo de montar peças e apresentá-las nas escolas. Neste caso, havia peças montadas com atores do próprio grupo como também peças montadas com alunos das escolas. Ele dá seu depoimento quando afirma que:Para mim, o mais importante eram os trabalhos que fazíamos nas escolas com a criação coletiva do grupo e a participação dos alunos na montagem de peças nessas escolas.

     Uma das peças mais importantes do “Teatro de Amadores Telhado” foi sem dúvida “A Mulher que casou 18 Vezes”, na qual, Juvenal Canto participou ativamente como ator. Sobre a referida montagem ele nos revela:Foi uma peça que era para registrar que havia teatro aqui; foi uma peça que conquistou grande público para o teatro naquela época”. “Antonio Meu Santo” também foi outra boa montagem. E além da montagem das peças teatrais, realizávamos outras atividades na área da arte visto que no grupo tínhamos músicos, artistas plásticos, animadores culturais entre outros.

     “A Mulher que Casou 18 Vezes” foi uma montagem que se tornou muito famosa, ficando em cartaz durante muito tempo aqui em Macapá como também em outros municípios.

 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

GUILHERME JARBAS E O TEATRO NO AMAPÁ


 
     O professor Guilherme Jarbas que lecionou por vários anos na Universidade Federal do Amapá onde também foi coordenador do Curso de Licenciatura em História viveu na sua juventude momentos de pura satisfação quando de seu envolvimento com as atividades artísticas no Amapá, principalmente no que diz respeito à área do teatro. Basta dizer que com quinze anos iniciou seu trabalho e sua trajetória seguiu por várias esferas e áreas as mais diversificadas: diretor da Rádio Difusora de Macapá; locutor de rádio; diretor da Radiobrás; trabalhou seis anos na Rádio Clube do Pará; comentarista esportivo; animador cultural, professor; poeta, advogado, fotógrafo e ator.

     A primeira peça que Guilherme Jarbas participou como ator foi “Pluft o Fantasminha” de Maria Clara Machado com direção de Cláudio Barradas e foi apresentada no Cine Teatro Territorial ainda na década de 1960. O elenco era composto por outros artistas como: Professor Carlos Nilson da Costa, Antonio Maria Farias, Adalzira e Consolação Cortes. Era o período do Teatro do Estudante do Amapá, e “Pluft o Fantasminha” teve a honra de participar do Festival de Teatro do Rio de Janeiro.

     Trilhando o seu caminho o professor Guilherme Jarbas também contribuiu imensamente com o desenvolvimento do teatro no Amapá entre as décadas de 1960 e 1970 do século XX. Em plena ditadura militar, período extremamente complicado politicamente para jovens que queriam expressar-se artisticamente, principalmente no que diz respeito ao teatro.  Vivenciou nessa época as agruras do golpe militar de 1964. Não só isso. Pior ainda, sentiu na pele os reflexos do Ato Institucional número 5, o AI5, que se transformou num golpe cultural, desestruturando a arte como um todo em nosso país e prendendo artistas, atores e diretores de teatro. Dos quais, muitos deles foram obrigados a deixar o país.

     Foi nesse período que o professor Guilherme Jarbas para poder se expressar livremente ligou-se à igreja que era uma das instituições que apoiava movimentos sociais e artísticos naquele momento específico de nossa história social. Fato que aconteceu em todo o Brasil. Fase que muitos grupos artísticos procuravam a igreja para poder levar à frente seus projetos artísticos.

     Ele participou como ator em vários espetáculos infantis, como “Pluft o Fantasminha”, “Dona Baratinha” e “A Bruxinha Que era Boa”, todos de Maria Clara Machado, entre outros espetáculos famosos da época. Como vários artistas do Brasil, ele buscou refúgio na Igreja Católica para poder realizar seu sonho e vivenciar experiências no palco. Era apoiado pela Igreja Católica que conseguia vislumbrar e delinear seu futuro com mais alguns colegas da época.

 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

ARQUITETURA TEATRAL - Grécia e Roma


 
     Desde o espaço cênico esférico primitivamente criado pelos gregos para realizarem seus jogos dramáticos e teatrais, em homenagem ao Deus Dionísio, ocasião em que não havia a priori nem palco nem platéia, em sua evolução histórica e cenográfica o teatro passou por diversas transformações. Tanto no âmbito da estrutura do espetáculo como também no que diz respeito à estrutura do edifício teatral. Essas mudanças foram constantes e dialeticamente significativas, tendo em vista as necessidades sociais de cada sociedade e período histórico.
     Uma dessas primeiras mudanças aconteceu ainda na Grécia Clássica, paralelamente à trajetória da própria estrutura cênica. Nesse primitivo período, o teatro grego passou a ser construído entre montanhas, com capacidade para aproximadamente entre quatro e cinco mil pessoas. Nesse ínterim, o espaço cênico passou de circular para semicircular, cujo cenário era fixo. Fato é que o homem não havia ainda conquistado o domínio do arco o que vem acontecer já no império romano proporcionando revolução na arquitetura, sendo um dos maiores exemplos desse período o Coliseu de Roma que é símbolo da cultura pagã. Com a ascensão do cristianismo esse templo passou a ser esquecido.

     Certamente o teatro romano apresentava uma estrutura semelhante ao da Grécia, mas passou a ser construído sem utilizar montanhas como base, por quê? Vejamos. A primeira questão é que a maioria dos teatros foi construído um tanto quanto afastado das cidades; outra questão é que o teatro que se fazia na Antiga Grécia exigia que os atores ficassem de frente para o público, em função disso construiu-se um espaço cênico semicircular com os locais de entrada e saída dos personagens.

     Já o modelo de teatro que se fazia na Roma Antiga não exigia diretamente essa frontalidade com o público, sendo que lá a arquitetura teatral passou a ser construída em forma circular de onde possibilitava que o público pudesse assistir ao espetáculo de qualquer lugar da arena, dessa forma surge o anfiteatro que significa dois lados (ver dos dois lados). Esse fenômeno se deu em função da nova concepção do espetáculo romano que se resumia em lutas de gladiadores, lutas de homens contra animais e que não havia a necessidade desses performers estarem totalmente de frente para o público, fato que atualmente acontece com o futebol. Neste caso o cenário também era fixo.

     Salienta-se que foi em Roma que ocorreu a primeira possibilidade de se cobrir esse espaço com uma imensa lona. É a partir dai que surge o circo romano. Com o advento do cristianismo, mistérios e moralidades foram apresentados em carroças que possuíam o cenário dividido, enquanto que de um lado existia o céu, no outro era o inferno.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O TEATRO E SUA ORIGEM


 
     Do ponto de vista histórico e com os elementos que conhecemos na atualidade, poderíamos dizer que o teatro nasceu na Antiga Grécia, embora pesquisas recentes venham demonstrar que muito antes, os egípcios, os indianos e os chineses já o praticavam. Não se pode negar que a cultura oriental é muito consistente, mas, embora o Oriente praticasse teatro antes dos gregos, essa prática acontecia primitivamente em forma de rituais religiosos.

     Percebe-se, porém, que a Grécia Antiga herdou esses rituais. Entretanto, não podemos negar que foi justamente nesse país que esses primitivos rituais, foram, ao longo dos anos, se transformando, tomando novas formas como festividades e atividades culturais, até determinar os cultos teatrais como forma de representação e arte, a qual conhecemos hoje.

     Quanto ao termo, Magaldi (1986) enfoca que: “a etimologia grega de teatro dá ao vocábulo o sentido de miradouro, lugar de onde se vê”, entendendo-se desta maneira, que o sentido primitivo da palavra teatro estava relacionado estritamente com a idéia de visão.

     O teatro originou-se basicamente de três festividades: a) dos mistérios de Delos; b) da louvação às divindades Quintelanas - Elêusis, Demótes e Proserpina; e c) do culto a Dionísio. Sendo que esta última é a mais provável, segundo estudos históricos e antropológicos já realizados. Sabe-se que uma vez por ano, justamente por ocasião das vindimas, prestavam-se homenagem ao deus Dionísio; deus da uva e do vinho, da embriaguez e da fertilidade. Geralmente, nesses cultos sacrificava-se um animal, mais precisamente um bode, que por sua vez, significa tragos em grego, de onde surge etimologicamente a palavra Tragédia. Comumente ao som da música de flautas, as bacantes dançavam em honra ao deus Dionísio, juntando-se aos sátiros, também dançarinos que imitavam bodes, que, para a cultura grega da época, significavam os companheiros do deus. Depois de algumas horas, já embriagados, entregavam-se com entusiasmo a esse frenesi, esse culto, a esse verdadeiro espetáculo. Nessas condições, o teatro tem notadamente origem religiosa e campestre.

     Com o passar do tempo, o próximo passo foi a organização de procissões que se tornaram muito mais religiosas do que profanas. Essas procissões tinham caráter comum, onde todos os celebrantes se juntavam tendo à frente jovens que cantavam um hino improvisado, chamado ditirambo. Para Boal (1983), “teatro era o povo cantando livremente ao ar livre: o povo era o criador e o destinatário do espetáculo teatral, que se podia então chamar “canto ditirâmbico”, e assim giravam em torno do altar do deus, agradecendo pela colheita da uva, e pelo sexo que significava a fertilidade da vida. E foi exatamente desse coro, do contraste entre o espírito Dionisíaco e Apolíneo, que nasceram a Tragédia e a Comédia.

     Em seguida o coro separou-se do recitador, nesse momento crucial da história do teatro havia nascido o primeiro ator. Contudo, na procissão já se podia constatar três artes: o canto, a dança e a atuação. Nesse caso, à frente vinha o Corifeu - de onde surge a palavra Coro - vestido com pele de bode, e todo o resto do grupo respondia ao ditirambo, atuando como um verdadeiro balé litúrgico, numa fusão do trágico e do cômico.

     E assim constituiu-se a Tragédia: o ator e o coro se respondem cantando, em seguida, o ator fala e o coro canta, e posteriormente o ator dialoga com o Corifeu, representante do coro. Vale salientar que nesse momento embrionário da Tragédia não havia atos nem intervalos, sendo a mesma composta de partes dialogadas e partes faladas.

     Poderíamos fazer aqui uma relação com o Círio de Nazaré, quando todos os anos, numa determinada época, o povo se reúne para louvar a sua Santa (deusa) Virgem de Nazaré, neste caso, com características próprias de uma cultura contemporânea de início do século XXI. É interessante saber que apesar da distância cronológica, momentos semelhantes existem entre essas duas manifestações religiosas, como por exemplo: o vigário tomando o lugar do Corifeu, quando diz uma estrofe de uma oração, e o povo respondendo conseqüentemente, representando o coro.

     Os três grandes trágicos gregos foram: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Théspis foi o criador do teatro ambulante, o qual conhecemos hoje como teatro mambembe, mas infelizmente todos os seus textos se perderam. Também foi ele quem inventou as máscaras. Representava seus papéis trágicos inicialmente pintando o rosto com matéria-prima da época, depois cobrindo o rosto com folhas de árvores, em seguida introduziu o uso de verdadeiras máscaras.

     Chegou um momento em que o Estado tomou para si a organização do teatro na Antiga Grécia, onde instituiu concursos entre os poetas dramáticos - mais conhecidos atualmente como dramaturgos - contudo, este intento objetivava não somente divertir a população, mas por outro lado, servia também como um meio de propaganda política e ideológica, visto que na época “os tiranos empregam a arte não só como meio de adquirir glória y como instrumento de propaganda, mas também como ópio para aturdir seus súditos”, Hauser (1968). Em conseqüência, o povo imediatamente acolheu essa forma artística, que se tornou milenar no momento atual da história do homem.
     Tendo como ponto de partida a contribuição do teatro em nível artístico, psicológico e social para o homem durante toda sua história e considerando a necessidade vital da humanidade em relação às atividades teatrais que persistem incondicionais até nossos dias, foi que em 1961 o Instituto Internacional de Teatro da UNESCO, órgão das Nações Unidas voltado à educação, ciência e cultura, resolveram criar uma data dedicada às atividades culturais ligadas à representação durante o seu IX Congresso Mundial, em Viena, Áustria. Portanto, em função da inauguração do Teatro das Nações em Paris, França, em 27 de março de 1962, tem sido celebrado o dia Internacional do Teatro. A data de 27 de março assinala também a inauguração das temporadas internacionais no referido teatro.