As festividades do carnaval que conhecemos
como se nos apresenta na atualidade, possuem vestígios antiquíssimos. Vamos
encontrar algumas dessas evidências, em civilizações remotas, como na Suméria,
Pérsia e principalmente nos antigos países Egito e Grécia. Esses povos
cultuavam vários deuses e entre eles, sempre havia aquele deus da fertilidade,
do sexo, da colheita, de momentos de bebidas intensas, de embriaguez, como
também de liberação com perspectivas lascivas e de luxúrias.
Entre os vários deuses, no panteão egípcio
havia a deusa Bastet que era representada com o corpo humano, mas, com a cabeça
de uma gata. Ela era considerada a protetora do lar, da
vida doméstica, da fertilidade, do parto, dos segredos femininos e dos gatos. Os
cultos em sua homenagem coincidiam com a colheita e a fabricação do vinho,
momento em que havia alto consumo dessa bebida. Favorecia e motivava a euforia
e o estado de embriaguez. Também era considerada a deusa da alegria, música,
dança e do amor. Essas manifestações sempre aconteciam como um verdadeiro
carnaval, visto que tudo era liberado nesses cultos.
Na Grécia vamos nos deparar com o deus Dioniso, que também era deus da
fertilidade, da colheita, do vinho, dos bacanais, e seus festivais eram intensos
naquele país. O Objetivo do culto Dionisíaco era fazer com que a intensidade da
paixão emergisse ao máximo. Dioniso era cultuado com ditirambos; canções cheias
de momentos de livre expressão e plenas de paixão. Era uma divindade ligada ao
campo. No início, essas festividades revolucionárias, revelavam uma espécie de
transgressão em relação à sociedade grega da época.
Tudo tinha início com imensas procissões, que partiam de determinados
lugares até o Santuário do deus. Essas festividades se concentravam em três
dias e transgrediam o cotidiano da sociedade grega. Semelhante ao carnaval da
atualidade, sempre havia confronto em relação à transgressão dos valores
sociais, como por exemplo: os homens se vestiam de mulheres, o pobre se vestia
de rico, as prostitutas fingiam ser donzelas, tudo isso regado a muito vinho,
dança e gritos de viva a Dioniso. Era uma festa que durava três dias, regada de
muito vinho, admitindo-se que as relações sexuais ao ar livre, fossem
absolutamente permitidas e consideradas habituais. Também
havia barcos que eram lançados ao mar em homenagem à deusa Ísis. Essa era uma
das manifestações mais importantes do culto a Ísis, na época greco-romana. A Ploiafésia
acontecia geralmente, duas vezes ao ano, mas, a mais concorrida acontecia
no dia 5 de março, tendo em vista que era a mais original, e realizava-se no
mesmo período onde havia melhores condições climáticas para a navegação.
Na contemporaneidade, as festas de
carnaval pelo mundo afora, trazem consigo todo esse legado dos grandes
festivais, em homenagem à deusa Bastet e Ísis, no Egito, e do culto ao deus
Dioniso, na Grécia. Os navios que antes eram montados em carros e carroças em
homenagem ao deus Dioniso, como também à deusa Ísis, Isidis Navigium,
hoje se transformaram nos grandiosos carros alegóricos das escolas de samba que
desfilam na atualidade, em homenagem ao Rei Momo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário