Francisco Osvaldo Simões Filho é
personalidade do teatro amapaense. Embora poucas pessoas saibam, em muito ele
contribuiu com o teatro no Estado do Amapá, principalmente entre as décadas de
1970 e 1980. Na época da ditadura militar foi um dos principais atores que se
dedicou na luta pela liberdade de expressão no Amapá.
O mesmo iniciou sua carreira no teatro
amapaense quando ainda não havia nos limites da cidade de Macapá a ideia de
apresentações em espaços públicos como teatro e tablados que aqui existiam na
década de 1970, como por exemplo, o palco da Rádio Educadora e da Rádio
Difusora. Portanto, até a década de 1970 não havia grupos específicos com o
intuito de se apresentarem nesses espaços. O que se tinha conhecimento até esse
período era a apresentação de grupos no interior das igrejas e escolas espalhadas
pela cidade.
O próprio sistema ditatorial, determinava
aquele momento histórico e fazia com que pequenos grupos se refugiassem
principalmente no interior das igrejas.
E foi assim que muitos jovens buscaram seu refúgio realizando pequenos
dramas e esquetes no interior das paróquias, único local que os apoiava
intencionalmente. Vale lembrar que nesse período a cidade contava apenas com
três espaços dignos de apresentação de espetáculos teatrais: os palcos das
emissoras: Rádio Educativa (que pertencia à diocese) e Rádio Difusora (que
pertencia ao governo do ex-Território), além do Cine Teatro Territorial que encontrava-se
fechado naquele período.
Sem sombra de dúvidas, na década de 1970, o
bairro do Laguinho foi quem mais representou o desejo de liberdade no Amapá. Expoente
na maioria das vezes no que diz respeito aos movimentos artísticos que
aconteceram naquele período. Não só em relação especificamente ao teatro, mas à
própria cultura como um todo. Como não poderia deixar de ser, o artista Osvaldo
Simões vem do Laguinho, juntamente com um grupo de jovens com o desejo de
contribuir com a arte que se fazia no Amapá, naquele período.
Como o bairro do Laguinho tornou-se pequeno,
o grupo, ávido de liberdade e cultura, passou a se encontrar no centro da
cidade. Faziam parte dessa trupe: Osvaldo Simões, Maria Benigna, Eduardo Canto,
Consolação Corte entre outros. “O Juiz de Paz na Roça” de Martins Pena, foi o
primeiro texto em que Osvaldo participou como ator. O que era uma leitura
dramática com o tempo transformou-se num espetáculo, que ficou em cartaz entre
1971 e 1972. Esta peça foi apresentada em locais alternativos nas cidades de
Macapá e Santana.
“Bonequinha de Pano” foi o segundo
espetáculo que Osvaldo Simões trabalhou, sendo que nesta ocasião o grupo
conseguiu apoio do SESI, que o estimulou com a doação do figurino do
espetáculo. Foi a partir desse trabalho que o grupo passou a discutir um nome
para determinar o próprio grupo, que ficou mais conhecido como “Telhado”. O
Grupo de Teatro Telhado foi onde Osvaldo Simões vivenciou suas mais brilhantes
experiências na área do teatro no Amapá. No entendimento de que a arte
amapaense estava descoberta, foi assim que a turma de jovens decidiu colocar o
nome do grupo de “Telhado”, com o objetivo dar uma cobertura na arte amapaense
naquele momento. E Osvaldo Simões fez história como integrante do Grupo de Teatro Telhado.