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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES



     Ao visitar a página de Luiz Melo no facebook deparo-me com a seguinte informação: “Ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner sobrevoou Macapá e optou pelo que chama de ‘acupuntura urbana’. Ou seja, um trabalho ‘ponto a ponto’ pra ir aos poucos arrumando a cidade. Arquiteto com PhD em urbanismo, já está com projeto na prancheta avaliando por onde começa a espetar agulha”.
     Realmente não sei qual das instâncias que o convidou para realizar tal estudos sobre nossa cidade: a Prefeitura Municipal de Macapá ou o Estado do Amapá. Inclusive acredito que essa é uma boa intensão dos nossos gestores: reurbanizar e embelezar a cidade. Para isso se faz necessário decisão e atitude dos nossos governantes. Parabenizo-os peremptoriamente por tal decisão de buscar na prática concretizar tal projeto.
     Mas, o que muito me estranha é saber que aqui em nosso Estado há cidadãos capacitados tanto quanto o Sr. Jaime Lerner para realizar tal projeto e no entanto esses cidadãos passam despercebidos ou nossos governantes fazem que olham mas não pretendem ver tal realidade.
     Enfoco aqui a dedicação do Professor Doutor e Pós-Doutor José Alberto Tostes que vem há dezenas de anos se dedicando totalmente à causa urbana não só da cidade de Macapá, mas das cidades de todo o Estado. Isto implica dizer que aqui também temos profissionais capacitados para implementar as modificações necessárias para o embelezamento da cidade de Macapá.
     Professor Tostes como é conhecido, possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará (1988); Mestrado em História da Arquitetura pelo Instituto Superior de Artes – Cuba (2000) e Doutorado em História e Teoria da Arquitetura também pelo Instituto Superior de Artes de Havana – Cuba (2003). Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Amapá. Têm experiência na área da Arquitetura e Urbanismo, com ênfase da História da Arquitetura e vem atuando nos seguintes temas: Planejamento urbano regional; Desenvolvimento Regional; Planejamento, Amapá e Urbanismo. Possui Estágio de Pós-Doutorado concluído no Instituto de Estudos Urbanos Regionais da Universidade de Coimbra. Portanto também é Pós-Doutor.
     Quando enfoco essas questões, notadamente é para abrir um possível debate na sociedade amapaense, não me vem à mente, de forma nenhuma, querer usar da xenofobia, muito pelo contrário, para contribuir com nosso Estado qualquer ação será bem-vinda. Meu desejo aqui é apenas suscitar outros olhares para quem vem a mais de duas década se dedicando ao referido tema. E continuo a relatar apenas, penso eu, 20% do que vem realizando o nosso Professor Tostes ao longo desses anos. Eis suas linhas de pesquisas às quais vem realizando seu trabalho tendo como ponto de apoio a Universidade Federal do Amapá: a) Planejamento e Desenvolvimento Regional Urbano, onde estuda aspectos sobre a espacialidade urbano regional dos municípios do Estado do Amapá; b) Urbanismo na Amazônia, onde estuda a dimensão espacial urbanística nos núcleos urbanos dos municípios do Estado do Amapá com o objetivo de, através de pesquisas, propor soluções técnicas alternativas que sejam adequadas às novas perspectivas de desenvolvimento regional. Outra áreas de pesquisa do Professor Tostes são: Arte, Cultura e Sociedade; Arqueologias Artísticas; Arte e Cultura Latino-Americana: século XX; Arte e Cultura Latino Americana: período contemporâneo; História e pensamento artístico e contemporâneo na América Latina; História e pensamento artístico contemporâneo na América Latina; Estudos Urbanos sobre o Município de Macapá; tecnologias alternativas para habitações de baixo custo e Tecnologias alternativas para habitações médias.      Setores de atividades: Desenvolvimento Urbano; Planejamento e Gestão de Cidades; Política e Planejamento Habitacional; Assessoria ou Consultoria de Arquitetura ou Engenharia.
     Seus projetos estão todos ligados à área da Arquitetura, alguns deles: Pesquisa sobre Metodologia Participativa de Planejamento Urbano no Estado do Amapá: aplicação ao caso dos Municípios de Laranjal do Jari, Santana, Serra do Navio e Oiapoque, (2004);                         Corredor Transfronteiriço das Cidades entre o Amapá e a Guiana Francesa, (2011-2013); Evolução Urbana da Cidade de Macapá e Santana através do Planos Diretores, (2013); Transformações Urbanas na Faixa de Fronteira Setentrional do Porto de Santana a Caiena, (2013-2014); Projeto Amapá Urbano, (2013-2014) entre outros.
     Entre suas obras publicadas sobre o referido assunto, citaremos algumas: Planos Diretores no Estado do Amapá: uma contribuição para o desenvolvimento regional, 301 páginas, 2009; Transformações Urbanas das Pequenas Cidades Amazônicas (AP) na Faixa de Fronteira Setentrional, 582 páginas, 2011; Do Tijolo ao Concreto Bruto, 145 páginas, 2011; Além da Linha do Horizonte, 240 páginas, 2012, entre outros. Tem vários artigos científicos publicados em vários periódicos, todos eles enfocam a questão da arquitetura e urbanismo no Amapá. Todas a suas obras têm relação com a Arquitetura e Urbanismo.
     Além de tudo isso, Professor Tostes foi o mentor, fundador e o principal personagem na implantação do Curso de Arquitetura no Amapá. Foi Vice-Reitor da Universidade Federal do Amapá. Fundou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amapá, do qual foi Presidente.

     Não é que aqui no Amapá não tenha profissionais qualificados. É preciso darmos valor ao que aqui se constrói, principalmente no que diz respeito aos nossos profissionais que dedicam toda sua trajetória para construir melhor qualidade de vida para os amapaenses. Resta observar que em muitos casos o senso comum tem a tendência de nos explicar os fenômenos sociais. Neste caso utilizo o ditado popular que mais convém: santo de casa não faz milagres.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ANO NOVO E CURSO DE TEATRO NO AMAPÁ

                                                      

     Minha preocupação para a implantação de um Curso de Licenciatura Plena em Teatro no Amapá remete ao ano de 1995, quando aqui cheguei para assumir a função de professor da Universidade Federal do Amapá, admitido por concurso público realizado em novembro de 1994. Aliás, mesmo antes de fincar raízes neste espaço geográfico brasileiro eu já havia pensado na perspectiva e projetado a implantação do referido curso.
     Estudei as possibilidades e em 1996 encaminhei projeto de implantação das habilitações de Teatro e Música ao Colegiado do Curso de Educação Artística. O referido projeto também passou por uma comissão de implantação de novos cursos. Infelizmente nem o Colegiado, muito menos a referida comissão entendeu como prioridade a implantação daquelas habilitações. Se naquele período as habilitações de Teatro e Música tivessem sido implantadas, consequentemente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 93.94/96 daquele mesmo ano, as mesmas teriam sido transformadas em dois cursos distintos: Curso de Licenciatura Plena em Teatro e Curso de Licenciatura Plena em Música.
     Se assim o fosse, concretamente de lá para cá teríamos colocado no mercado de trabalho pelo menos doze turmas de profissionais da área do teatro e da área da música respectivamente, para suprir a necessidade premente das escolas de ensino fundamental e médio do Estado do Amapá. Por outro lado, teríamos sido também a primeira universidade e o primeiro Estado da região Norte a implantar seu Curso de Licenciatura Plena em Teatro.
     Com a implantação da disciplina Educação Artística que surgiu com a Lei 56.92/1971 que transformou o professor de arte num profissional polivalente.  Também em função da luta dos Arte-Educadores, principalmente durante a década de 1980 do século XX para reverter este quadro, foi que na década de 1990 com a Lei 93.94/96 a arte tornou-se obrigatória no ensino fundamental e médio. Diferente de sua antecessora, a Lei 93.94/96 também definiu que o estudante deveria vivenciar pelo menos quatro linguagens distintas da arte na sala de aula: Artes Visuais, Teatro, Dança e Educação Musical. Os Parâmetros Curriculares Nacionais também corroboraram para afirmação desta decisão. Isto implica dizer que, na atualidade, em cada escola de ensino fundamental e médio deveria ter pelo menos um professor em cada uma dessas áreas da arte. O que não vem acontecendo no Estado do Amapá.

     A persistência é um dos sentidos da vida que nos faz permanecer na luta. Foi preciso duas décadas para que o Curso de Teatro fosse aprovado. Neste sentido, em 12 de novembro de 2013 o mesmo passou por unanimidade pelo Conselho Superior da Unifap. Este curso não houve tempo de ser divulgado, mas para se ter uma ideia, tivemos um total de 740 candidatos pelo SISU para entrar no curso de teatro sendo um total de 30 candidatos por vaga, destes foram selecionados 25. Para a Unifap e para o Estado do Amapá, 2014 será verdadeiramente um novo ano, principalmente porque estaremos recebendo em abril a primeira turma do Curso de Teatro.