Uma das maiores alegrias da minha vida foi
quando soube da notícia que havia sido aprovado no vestibular. Morava no
interior da Paraíba numa cidade conhecida por Itabaiana. Talvez você leitor,
nunca tenha ouvido falar, mas é a terra em que nasceu o renomado músico Severino
Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca... Aquele que compôs feira de
mangaio. Itabaiana também é berço do famoso poeta Zé da Luz.
Raspei a cabeça, sai em passeata pelas
ruas da cidade junto com outros colegas que também haviam passado naquele
processo seletivo. Fui aprovado para o antigo curso de Educação Artística. Na
ocasião, ouvia de várias pessoas alguns comentários como: - Mas tu vais mudar
de curso, não é? – Esse curso não é muito bom para homem! Eu ouvia e sempre
respondia com o silêncio.
Tive muitas dificuldades para realizar o
ensino fundamental e médio. Aliás, da quinta série até o ensino médio eu
estudei no mesmo colégio estadual resultando em sete anos de dedicação e
estudos. A alegria foi imensa visto que fui aprovado no vestibular vindo da
escola pública, sem ter participado de nenhum cursinho que na época eram
famosos. No pequeno interior fiquei conhecido como gente inteligente, mas reforço
ao dizer que foi um grande desafio chegar à universidade.
Ao longo da minha história de vida as
vicissitudes me ensinaram a ser combatente e persistente. Aprendi também a
acreditar no que realizo; a acreditar em mim e nos meus projetos. Desistir? Nunca...!
Infelizmente, em algumas ocasiões você se surpreende e quase se dá por vencido.
Foi exatamente o que aconteceu nesses últimos vinte anos na tentativa de
implantar um curso de licenciatura em teatro no Amapá. Os dois primeiros
projetos, um de 1996 e outro de 2001 sequer passou pela câmara de graduação.
Este
ano de 2013 publiquei a obra “Curso de Teatro no Amapá: concepções e
proposições para o ensino superior” com a intenção de que a mesma se
transformasse numa prestação de contas com a sociedade amapaense ao esclarecer
a intenção do meu trabalho e de minha dedicação em prol desta terra que me
recebeu de braços abertos como profissional do magistério superior.
Muitos anos se passaram após a minha aprovação
no vestibular e minha segunda alegria se transformou em felicidade quando ouvi no
dia 12 de novembro de 2013 o veredito do Conselho Superior da Universidade
Federal do Amapá, da aprovação do Curso de Licenciatura em Teatro...! Depois
disso, percebi claramente que a esperança é a última que morre.