Além de
objetos reais, no palco não se utilizam apenas acessórios e cenários, que são
meramente signos. No entanto, o público não capta essas coisas reais como se
fossem reais. Por exemplo, se um personagem representando um homem rico usa um
anel de brilhante, o público o considera como um signo de grande riqueza e não
se preocupam se a pedra é verdadeira ou falsa. Da mesma forma que no palco
tanto um refresco quanto um suco autêntico podem representar apenas um suco.
No teatro
Chinês, o cenário é complementado em sua elaboração com elementos específicos
ao desempenho do intérprete. Nesse tipo de teatro os mais importantes signos
são a mesa e a cadeira, quase nunca ausentes do palco chinês. Por exemplo, se a
mesa e a cadeira estão dispostas da maneira usual, então o cenário é um
interior. Contudo, uma cadeira que se apresenta com o lado sobre o chão, significa
um aterro ou fortificação; virada, simboliza uma colina ou montanha; de pé
sobre a mesa, uma torre de cidadela.
Os
japoneses são mestres nessa maneira de criar um cenário. Para criar um rio, basta apresentar um cartaz
trazido à cena com a palavra “rio” escrita para sugerir o ambiente da cena a
ser representada. Para Sábato Magaldi, “no
espetáculo, o cenário e a vestimenta situam o ator no espaço, e são essenciais
à caracterização da personagem.”
O drama
religioso da Idade Média teve em seu início o interior da igreja como cenário.
Passou a ser apresentado no pórtico dos templos. Em seguida, os mistérios e
moralidades passam a ser representados nas praças; a partir dai, pela
necessidade cria-se o cenário simultâneo, em que diversas indicações, muito
sumárias, se justapunham ao longo de um estrado. Um simples portão sugeria uma
cidade, uma pequena elevação simbolizava uma montanha e assim por diante. No
canto esquerdo do estrado, uma enorme boca de dragão servia para a passagem dos
demônios e a ida para o inferno dos pecadores irremissíveis. Na parte direita,
acima do chão, situava-se o paraíso, lugar de felicidade eterna.
No teatro
medieval em função do sistema de palcos móveis que eram geralmente construídos
sobre carretas os cenários passaram a ser elaborados de materiais perecíveis,
tais como tecido ou madeira atendendo de certa forma às especificidades
requeridas pela peças encenadas. No teatro Elisabetano voltou-se novamente a
ideia do palco como uma estrutura fixa. Uma construção de madeira que servia de
fundo para os vários ambientes.