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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ARQUITETURA TEATRAL - Grécia e Roma



     Desde o espaço cênico esférico primitivamente criado pelos gregos para realizarem seus jogos dramáticos e teatrais, em homenagem ao Deus Dionísio, ocasião em que não havia a priori nem palco nem platéia, em sua evolução histórica e cenográfica o teatro passou por diversas transformações. Tanto no âmbito da estrutura do espetáculo como também no que diz respeito à estrutura do edifício teatral. Essas mudanças foram constantes e dialeticamente significativas, tendo em vista as necessidades sociais de cada sociedade e período histórico.
     Uma dessas primeiras mudanças aconteceu ainda na Grécia Clássica, paralelamente à trajetória da própria estrutura cênica. Nesse primitivo período, o teatro grego passou a ser construído entre montanhas, com capacidade para aproximadamente entre quatro e cinco mil pessoas. Nesse ínterim, o espaço cênico passou de circular para semicircular, cujo cenário era fixo. Fato é que o homem não havia ainda conquistado o domínio do arco o que vem acontecer já no império romano proporcionando revolução na arquitetura, sendo um dos maiores exemplos desse período o Coliseu de Roma que é símbolo da cultura pagã. Com a ascensão do cristianismo esse templo passou a ser esquecido.
     Certamente o teatro romano apresentava uma estrutura semelhante ao da Grécia, mas passou a ser construído sem utilizar montanhas como base, por quê? Vejamos. A primeira questão é que a maioria dos teatros foi construída um tanto quanto afastada das cidades; outra questão é que o teatro que se fazia na Antiga Grécia exigia que os atores ficassem de frente para o público, em função disso construiu-se um espaço cênico semicircular com os locais de entrada e saída dos personagens.
     Já o modelo de teatro que se fazia na Roma Antiga não exigia diretamente essa frontalidade com o público, sendo que lá a arquitetura teatral passou a ser construída em forma circular de onde possibilitava que o público pudesse assistir ao espetáculo de qualquer lugar da arena, dessa forma surge o anfiteatro que significa dois lados (ver dos dois lados). Esse fenômeno se deu em função da nova concepção do espetáculo romano que se resumia em lutas de gladiadores, lutas de homens contra animais e que não havia a necessidade desses performers estarem totalmente de frente para o público, fato que atualmente acontece com o futebol. Neste caso o cenário também era fixo.

     Salienta-se que foi em Roma que ocorreu a primeira possibilidade de se cobrir esse espaço com uma imensa lona. É a partir dai que surge o circo romano. Com o advento do cristianismo, mistérios e moralidades foram apresentados em carroças que possuíam o cenário dividido, enquanto que de um lado existia o céu, no outro era o inferno.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

TEATRO E BAUHAUS



     Em períodos históricos distintos o teatro foi se desenvolvendo de acordo com a necessidade social em que estava inserido, levando-se em consideração o progresso da ciência, da arte e da tecnologia. Em termos, a eletricidade foi um dos fatores preponderantes. Com essa trajetória e nessa perspectiva dramaturgos, críticos, filósofos e teóricos, estudiosos e encenadores muito contribuíram para que esse caminho chegasse ao pleno desenvolvimento.
     Infelizmente não podemos nos deter minuciosamente em relação ao tema proposto. Portanto, centralizaremos nosso enfoque nas próximas linhas numa escola que foi de fundamental importância para a concepção do teatro no século XX.
     A Bauhaus surge na Alemanha após a primeira guerra mundial, por necessidade vital de um grupo de pessoas que pretendiam a partir da arte, desenvolver uma ideologia que defendia a escola como o cerne da educação para formar uma sociedade mais justa.
     Portanto, dentro da filosofia dessa escola, tendo como ponto de partida a arte, o que se pretendia era dar aos estudantes uma formação global e extensa, no sentido de atingir novas formas que reunissem tendências artísticas e artesanais. Os antecedentes da Bauhaus estão no fato de que no final do século XIX os valores liberais burgueses estavam sendo contestados. Fundada em 1919, tem Walter Gropius como principal incentivador. O arquiteto Gropius, que por sinal já dirigia outra escola desde 1915 acreditava que o lugar do artista é na escola.
     No entanto, propostas vanguardistas semelhantes já haviam sido divulgadas por Craig e Appia, no início do século XX. Gordon Craig criou um novo espaço de representação que ficou conhecido como “quinto palco”. Os quatro espaços cênicos anteriores eram: a) o anfiteatro grego; b) o espaço medieval; c) os tablados da comédia dell’arte e d) o palco italiano. Esta proposta significava a substituição de um palco estático por um palco cinético.
     Em apenas 14 anos de existência, de 1919 a 1933, quando foi forçada a fechar suas portas, pela Gestapo, a Bauhaus nos deixou um legado que ainda repercute nos dias atuais. No que diz respeito à modernidade da concepção cênica, a Bauhaus tinha como primordial trabalhar a relação do homem com o espaço que o cerca e com os objetos que ele produz.

     Sabe-se que Walter Gropius chegou a realizar um projeto de edifício teatral, propondo interrelações entre público e atores. Projeto que facilitava sucessivas alterações de cenas, devido às engrenagens mecânicas inseridas nesse espaço cênico.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

JACKSON AMARAL E O TEATRO NO AMAPÁ


     Sem nenhum conhecimento técnico Jackson Cardoso Amaral começou a fazer teatro na década de 1980. Situação pela qual passou vários artistas de teatro naquele período no Estado do Amapá. Quando Jackson iniciou suas atividades no teatro, ainda conheceu o Grupo “Telhado”, liderado por Juvenal Canto e que era considerado o grupo mais atuante daquele período.
     Mas nessa época o “Telhado” já estava praticamente encerrando suas atividades quando começa a surgir paralelamente em Macapá e Santana outros grupos que passam a assumir este vazio na arte e no lazer nessas duas cidades. Portanto, é nesse momento duvidoso que Jackson Amaral inicia suas atividades artísticas no teatro na cidade de Macapá juntamente com os artistas: Disney Silva, Richene, Beta, Andréia, Cecília Lobo, Geovane Coelho, Amadeu Lobato, Valdez Mourão entre outros. Por outro lado, na cidade de Santana surge a presença de Porfírio (Popó) liderando o movimento teatral da segunda cidade do Estado do Amapá. Sem sobra de dúvidas, essas ações propulsionaram a fundação da FATA – Federação Amapaense de Teatro Amador.
     Mesmo assim, a turma do teatro continuou montando peças sem nenhum conhecimento técnico teatral, sem apoio e sem local para ensaios e é nesse exato momento que aparece o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização; Jackson Amaral em entrevista a este colunista conta que: Como não tínhamos lugar para ensaiar, começamos a ensaiar na casa dos colegas atores, mas passava um, dois dias e a mãe dizia que não dava mais pra ter ensaio, ficávamos assim na casa de um e outro, até que o Lúcio do Mobral chegou e disse: - Olha, se vocês quiserem se organizar nesse movimento de teatro no Amapá eu mando buscar um técnico em teatro no Rio de Janeiro, pelo MOBRAL; então na minha época esse foi o primeiro curso de teatro que ocorreu em Macapá.
     Na década de 1980 o MOBRAL foi o suporte fundamental para o desenvolvimento do teatro no Amapá. Além de atores e atrizes qualificados em teatro para ministrar cursos aos grupos daqui, o MOBRAL passou também a motivar e investir pesadamente no teatro local, inclusive oferecendo espaços para os grupos ensaiarem, neste sentido, Jackson Amaral afirma que: Então o Lúcio passou a liberar a sede do MOBRAL pra gente ensaiar, porque cada um tinha seu grupo, eu tinha meu grupo com o Disney que era o Língua de Trapo, o Porfírio (Popó) tinha o grupo dele, a Fatica tinha o grupo dela, o Geovane com o Valdez tinham o grupo deles... Ai! Cada um marcava um dia pra ensaiar, porque o único lugar que tínhamos para ensaiar era esse e cada grupo começou a montar suas peças.

     Assim, surgiu “Repiquete”, primeira peça em que Jackson Amaral participou como ator: Era uma lenda ribeirinha, indígena, que falava sobre a vida dos ribeirinhos, dos caboclos e a forma como eles falavam e começamos a apresentar esse espetáculo...   “Repiquete” também se apresentou no palco do Cine Teatro João XXIII que era administrado pela Igreja Católica. Situava-se no centro da cidade, ao lado da antiga igreja de São José. Depois de “Repiquete” o grupo buscou outros caminhos e decidiu por montar a peça “Bar Caboclo”, que na época era um insípido texto de Disney Silva que chegava ao máximo de trinta minutos de espetáculo. O mesmo estreou no Teatro das Bacabeiras.