Com o advento do Sambódromo nosso carnaval
ficou concretamente dividido. Se por um lado, as Escolas de Samba tiveram
acesso e o privilégio de garantirem suas vagas para se apresentarem neste novo
teatro, que foi construído especialmente para elas; os blocos por sua vez
ficaram esquecidos como verdadeiros meninos de rua. Como em toda regra há uma
exceção foram criados novos blocos pré-organizados com vendas de abadás e tudo
o mais para que pudessem também ter acesso ao grande teatro do sambódromo.
A partir de então, os olhares dos órgãos
de cultura passaram a investir pesado no que diz respeito à questão financeira.
Passaram a ver e contemplar apenas aquele grande teatro do desfile das escolas
de samba, no sambódromo. Até hoje o carnaval de rua de Macapá ficou esquecido.
Cadê o carnaval de Rua de Macapá? Porque não se organiza nosso carnaval de rua?
Desde a inauguração do sambódromo cadê as secretarias de cultura do Estado e do
Município?
Felizmente ainda há um bloco sobrevivente
que insiste e persiste fazendo todos os anos o mesmo percurso nas ruas da
cidade, sem titubear. O Bloco de Rua “A Banda” realmente é quem faz a diferença
no carnaval de Macapá. Um fenômeno interessante é que a cada ano que se passa
“A Banda” cresce assustadoramente. Há anos que seu percurso tradicionalmente
sempre é o mesmo. Desta forma, conhecida como bloco dos sujos, mantém viva a
chama e a esperança de que um dia os órgãos de cultura organizem o carnaval de
rua da nossa cidade.
Já existe até o preconceito de que o
carnaval de Rua de Macapá só acontece na terça feira de carnaval. Porque nossos
gestores não aproveitam o itinerário que a Banda faz e organizam os três dias
de carnaval de Rua de Macapá? Porque os blocos que desfilam no sambódromo não
desfilam nas ruas de Macapá? Contando com financiamento público porque não
obrigam as escolas de samba desfilarem nas ruas da cidade? Todo mundo sabe que
a tarde da terça feira já é da “Banda”, mas, o que é que falta para fazer com
que os blocos e as escolas de samba desfilem, além do sambódromo, no domingo ou
na segunda feira de carnaval. Isto é possível basta um estudo minucioso da
Secretaria de Cultura do Estado e do Município.
Enfim, o bloco “A BANDA” deveria ser
reverenciado visto que desde a década de 1960 vem abrilhantando o carnaval de
rua de Macapá. Esse bloco de sujos é um verdadeiro culto a Dionísio, a
procissão dionisíaca, onde todos os participantes se sentem à vontade para
saudar a vida, o sexo e a fertilidade. E Viva Dionísio, deus da uva do vinho e
do teatro.