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domingo, 23 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL




     A cada final de ano sempre é bom refletirmos sobre todas as coisas: economia, política, filosofia, religião entre outros assuntos pertinentes ao nosso cotidiano. Os pontos positivos e negativos, nossas alegrias e tristezas também merecem reflexões. Temos que nos apoiar no que fizemos de positivo e analisar o que aconteceu de negativo em nosso entorno. Nada é inútil e é no erro que se aprende. O que foi positivo foi bom, o que foi negativo serviu de exemplo para análises e para darmos prosseguimento ao nosso ciclo vital.
     Às vezes me ponho a pensar: - Será que é o tempo que passa ou somos nós que passamos? O Tempo existe ou foi construído pelo homem para poder se situar no seu próprio tempo enquanto ser vivo? Que tempo é esse a que nos referimos? O tempo do relógio, o tempo sobre o qual não tenho tempo? Como é engraçado, passamos o ano inteiro nos dedicando aos nossos afazeres e sempre afirmando que não temos tempo. Ainda bem que o mundo não se acabou no último dia 21 como previu os maias.
     Quantas vezes você já não disse para um conhecido seu: Ah! Não tenho tempo!  Sem saber que aquele momento poderia ser único em sua vida e aproveitá-lo amplamente. Aliás, todos os momentos são únicos na vida se percebermos que a vida se transforma a cada instante. A todo o momento você muda consideravelmente visto que seu corpo está em constante transformação, somos uma verdadeira metamorfose ambulante. Embora você não perceba muda seu corpo e muda todo o seu entorno.
     Basta olhar para si mesmo e você percebe claramente o que mudou em você. Ou basta darmos uma olhada para a cidade e observar que já não é mais a mesma de dez anos atrás. Ao passo que você caminha numa rua da cidade a rua segue sua trilha e também caminha com você. Você muda a rua também.
     Tudo a todo o momento está em constante transformação embora não possamos perceber repentinamente, mas em longo prazo começamos a olhar e perceber as mudanças em nosso entorno. Embora todos os Natais pareçam os mesmos, na realidade não o são. Porque todo ano você muda e adquire mais experiências, sua memória amadurece e você envelhece ou enlouquece.
     É tempo de paz, alegria, felicidade. Devemos agradecer por tudo o que conquistamos, também por estarmos vivos. É momento de confraternização. Estamos no Natal e cada um que agradeça ao seu deus preferido, sem distinção de cor, etnia ou religião. UM GRANDE ABRAÇO E FELIZ NATAL PARA TODOS.

domingo, 16 de dezembro de 2012

OBRA DE ARTE E TRABALHO




     Em primeiro lugar nos deteremos em enfocar a arte, que é algo desinteressada do espírito e apresenta independência relativa com relação às necessidades. A criação de uma obra está relacionada ao trabalho, mas contraditoriamente a obra enquanto tal se opõe ao trabalho. Ela também é alheia à lógica do consumo, embora tenha se tornado uma mercadoria na era contemporânea.
     Vivemos para criar e a obra impõe-se à vida como o fim. Coloca a vida em estado de obediência e desembaraça a vida e a morte. A obra nos faz ter acesso ao mundo instaurando diálogos entre as gerações desaparecidas, os vivos e as gerações futuras. É a obra que nos faz ter acesso ao mundo e nos desembaraça a vida e a morte. A obra converte o tempo em espaço e separa o construir do destruir.
     Desde que o mundo é mundo e após ser estabelecida nele, a obra tem vocação para nele permanecer e se ordena em torno da ideia de movimento. Em se tratando de questões psicológicas a obra nunca é trabalho forçado, mas, por outro lado, em questão de seriedade a obra em nada perde para o trabalho. É em função da obra que o homem imortaliza, encara e conhece sua mortalidade.
     Isto porque o trabalho na obra soa leve, ele justifica o mais nobre orgulho embriagando assim o seu criador. A obra faz a realidade crescer e tem a capacidade de estabelecer um diálogo além do tempo, com outros homens de outras sociedades. Enfim, toda obra é trabalho, mas nem todo trabalho é obra.
     Diferente da obra, o trabalho é ligado à subsistência e parece nunca experimentar uma humanidade realizada visto que como tem de trabalhar, o homem é menos livre e menos feliz do que o animal. O trabalho é transição, não é comunicação, nele o homem consome e é consumido. O trabalho se autodestrói ao exigir do trabalhador um gasto de energia para produzir objetos para o consumo.
     No trabalho o homem trabalha para sobreviver, para reproduzir-se e esgota-se na reprodução de uma vida perpetuamente agonizante. Na realidade, ninguém aproveita definitivamente o trabalho, nem os que desfrutam de seus produtos, nem se matam para produzi-los. Todo trabalho é alienado e está condenado a não ter fim. Hércules é tudo menos trabalhador, visto que seus trabalhos não representam necessidades, porém prodígio. Ao contrário de Hércules o homem trabalha para viver, sujeitando-se à lógica do consumo e subordinando-se à vida.
     O trabalho esgota-se na produção de objetos e nos obceca não nos permitindo habitar o mundo. Ele é o espaço convertido em tempo, sempre tem de ser refeito, constrói e destrói, organiza-se a partir do consumo, obceca e mecaniza o ser humano. Enfim, o animal humano é nitidamente caracterizado, como espécie e na sua origem, pela pulsão de produzir um excedente.

sábado, 8 de dezembro de 2012

AS PEDRAS NÃO SÃO ETERNAS




     Mesmo antes de se definir a recuperação e urbanização das partes: interna e externa da Fortaleza de São José de Macapá, tendo em vista que tivemos a honra de conhecer “in loco” aquele espaço, quando na época ainda encontrava-se esquecido pelos poderes públicos, gostaríamos de lembrar e afirmar que aquela imensa área, dependendo do ângulo de visão de quem a observa, sempre foi inegavelmente um lugar bonito.
     Com certeza nesses últimos anos, a frente da cidade de Macapá mudou consideravelmente para melhor. A beleza que já existia e que já estava ali, após os trabalhos de recuperação, apenas passou a ser vista e percebida pela maioria da população da cidade. Antes da reforma, parecia um quadro na penumbra que, ao ser colorido transformou-se e sua beleza veio demasiadamente à tona. Uma beleza antes escondida no fundo do rio Amazonas, que emergiu após todo o trabalho de recuperação da área. Realmente revelou-se como o mais novo cartão postal do Amapá.
     Por outro lado, esse grande monumento que nos foi legado por nossos antepassados; que nos foi dado de presente; que ao longo de sua história conseguiu ultrapassar algumas centenas de anos; necessita urgentemente de maiores preocupações no que diz respeito à sua manutenção diária, em detrimento de que está fadado ao início de seu fim.
     Hoje, se faz necessário uma união dos vários órgãos que lidam com a cultura para proteger firmemente aquela edificação, visto que é preocupante a situação das paredes externas da nossa Fortaleza que estão sendo totalmente depredadas sem dó nem piedade pelos transeuntes que por ali vão passear e se deliciar com a beleza do lugar.
     Qualquer cidadão pode observar a grande quantidade de pequenas pedras que vão sendo retiradas paulatinamente das paredes da Fortaleza e que são esquecidas e jogadas no solo que a rodeia. Não só as pedras, mas também tijolos inteiros estão sendo jogados da parte superior daquela fortificação. Basta caminhar no entorno e perceber ao longo da grande muralha o desperdício e intermitente depredação que está sendo realizada sempre à luz do sol.
     Tanto na parte interna como na parte externa é preciso dispor guias turísticos como também guardas municipais para uma melhor proteção deste grande monumento amapaense. Seria trágico se não fosse cômico, mas as cenas nos atordoam: as pessoas saem passeando, retiram as pequenas pedras do veio da muralha, jogam-na ao chão e não há quem se preocupe com essa depredação. É necessário que as pessoas entendam o significado cultural daquele enorme monumento.
     Resta dizer ainda que a parede que está defronte ao rio Amazonas é a mais depredada, inclusive com inscrições... Não inscrições rupestres! Mas, nomes de pessoas que passam por lá com a intenção de deixar suas marcas na imensa e bela parede. Será que é porque a iluminação é insuficiente? Já pensou a maior fortaleza a América Latina com uma de suas muralhas totalmente caída ao solo? É preciso lembrar que AS PEDRAS NÃO SÃO ETERNAS.

domingo, 2 de dezembro de 2012

A CAMAREIRA




     Numa das minhas viagens aconteceu um fato interessante que diz respeito à comunicação ou à necessidade do ser humano de se comunicar. Ao chegar a determinada capital do Brasil a primeira coisa que fiz foi procurar um hotel para me hospedar. Foi num domingo. Cheguei exausto. Tomei um banho, assisti um pouco de televisão e fui dormir. Pelo cansaço, não me preocupei com o cobertor e me cobri com o lençol que havia sobre a cama.
     No dia seguinte, também não me preocupei e utilizei pela segunda vez, o mesmo lençol que cobria a cama daquele movimentado hotel. Como estava em trabalho, saía sempre pela manhã e chegava geralmente à noite. Realmente, durante as duas últimas noites eu não havia percebido o cobertor que estava por baixo do lençol que cobria a cama, como também não havia tido a necessidade de procurá-lo, já que o lençol que cobria a cama me satisfazia.
     Na terceira noite, ao chegar ao quarto tive uma ligeira surpresa. O lençol da cama do hotel estava desenhado de forma que cobria apenas uma metade da cama, fazendo com que o cobertor branco ficasse à vista. Pensei que isso fosse um aviso para mim... E era! Nessa noite dormi com o cobertor, mas mesmo assim fiquei com metade do corpo debaixo do lençol que cobria a cama.
     Na quarta noite, a cama estava coberta com o lençol pela metade, só que desta vez o cobertor não mais estava como na noite anterior: encontrava-se apenas descansando em cima do travesseiro para que eu o percebesse e o utiliza-se sem receio. Percebi então que tudo isto se devia à forma de quem estava querendo se comunicar... Provavelmente de quem limpava o quarto. Era a sensibilidade da camareira que tentava a todo custo querer se comunicar comigo e a tentar me mostrar o cobertor. No dia seguinte antes de sair deixei um bilhete com os seguintes dizeres: “Muito obrigado pelo coberto, gentileza sua”, junto ao papel deixei alguns trocados.
   Na quinta noite, como na noite passada, o cobertor estava novamente sobre o travesseiro. Entendi sua comunicação. Ela também me entendeu visto que levou consigo o bilhete e o dinheiro que eu havia deixado para ela. O mesmo aconteceu na sexta feira e no sábado, inclusive quando retornei ao sábado à noite, ela havia retirado o cobertor sujo e colocado outro limpo. Depois, todas as noites o cobertor estava lá... Sempre limpo e bastante visível aos meus olhos. Isso também é comunicação.