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domingo, 21 de outubro de 2012

O TEATRO NA POLÍTICA




     É da natureza do homem ser exímio imitador. Na Idade da Pedra, antes usar as cavernas como proteção o homem precisou expulsar os animais que ali moravam. Por outro lado, quando conseguia abater esses animais, ele aproveitava o corpo do mesmo como alimento, mas não era só isso... Começou a imaginar a probabilidade de utilizar o couro como vestimenta e ainda a se vestir, como se fosse um animal para se aproximar do mesmo para poder abatê-lo com sucesso.
     O humor e o imitador estão presentes em todos os tempos e em todas as épocas da história da humanidade. O homem imita por natureza, não fosse isso não aprenderia a falar sua língua. Uma criança nascida na Inglaterra fala o inglês porque ouve os mais velhos falarem a referida língua, o mesmo acontece num país de língua espanhola ou portuguesa como no caso, o Brasil.
     Entre todas as atitudes do homem o teatro está sempre presente, principalmente no período de eleição quando candidatos procuram representar o que não são na realidade, ou seja, vislumbram com a criação de seus personagens, conquistar os eleitores, o que quer dizer ganhar o pleito e ser eleito definitivamente. Para isso, mesmo empiricamente se utilizam de artefatos que são frequentes no teatro.
     Drama, tragédia, sátira e comédia são os gêneros que mais se sobressaem quando os futuros representantes do povo aproveitam seus parcos segundos no programa eleitoral gratuito na televisão. Este é o principal momento de entrar em cena. As emoções são variadas para ganhar a simpatia e empatia dos eleitores. Choro, ao se lembrar de sua devotada professora ou até mesmo de deglutir uma sopa; alegria, ao falar das insignificantes atitudes e projetos elaborados como gestor; tristeza, ao contar sobre a perda de uma pessoa querida da sociedade, mesmo que seja da oposição.
     Enquanto uns conseguem se explicitar com mais robustez e originalidade devido à sua vivência no cotidiano, outros se enrijecem e muito mal leem seus programas,  fixando os olhos diante das câmeras. Nenhum outro movimento é percebido, parece até ser um castigo ele está ali para falar principalmente do que não sabe.
     Infelizmente, na prática, é assim que acontece com a maioria dos candidatos que se inscrevem para participar de um pleito eletivo em nossa sociedade. A democracia muitas vezes se apresenta cheia de contradições, por exemplo, para ser professor de uma universidade hoje, o candidato necessita no mínimo possuir um curso de Mestrado, enquanto que para ser político o que se exige apenas é que o candidato saiba assinar seu nome. 

sábado, 13 de outubro de 2012

VII CONGRESSO DA ABRACE



VII CONGRESSO DA ABRACE
                                Por Romualdo Palhano


     Estive esta semana na cidade de Porto Alegre no Rio Grande do Sul onde fui apresentar trabalho científico e trocar experiências com estudiosos da área do teatro de todo o Brasil. De 08 a 11 do corrente mês lá aconteceu o VII Congresso da ABRACE -  Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, com vasta programação e representantes do Brasil; Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Chile e Colômbia.
     O referido Congresso aconteceu no período de 08 a 11 de outubro do corrente mês com o tema: tempos de memória: vestígios, ressonâncias e mutações. Pesquisadores do Brasil e do exterior se encontraram em Porto Alegre para discutir o teatro nacional como também a tendência atual de uma possível realização do projeto “Global Theatre Historie” apresentado pelo norte americano Christopher Balme que defende a tese da realização de uma história global do teatro.
     O congresso foi palco de diferentes discussões, tais como a relação entre memória e criação, memória e re(apresentação); a memória da arte efêmera da cena. Reuniu mais de 650 pesquisadores que participaram de conferências, mesas-redondas e comunicações realizadas no âmbito dos 11 grupos de trabalho da Associação.
     A conferência de abertura foi proferida pelo Prof. Dr. Ivan Izquierdo, um dos mais renomados cientistas brasileiros, especialista dos mecanismos biológicos envolvidos no funcionamento da memória. Entre os especialistas estrangeiros convidados que fizeram parte do evento temos: Ann Cooper Albrigth, (Oberlin College – Oberlin – EUA); José Antonio Sánchez (Universidade de Castilla -  La Mancha/Espanha); Alberto kurapel e4 Susana Cáceres (Compagnie des Arts Exilio – Santiago/Montréal) e Ana Carolina Ávila (Bogotá – Colômbia).
     Com a realização deste VII Congresso a ABRACE mais uma vez promoveu um espaço de intensos debates e frutífero intercâmbio de idéias entre pesquisadores do território nacional reafirmando assim, seu compromisso com o desenvolvimento do ensino e da pesquisa da área das Artes Cênicas no Brasil.
     Congressos como esses, contribuem imensamente para a socialização da área do teatro e das artes cênicas e para energizar novas discussões e novas leituras já que, como intelectuais, nos alimentamos em eventos deste quilate.

sábado, 6 de outubro de 2012

O SERTÃO POR PATATIVA



 
     Este é o título do mais novo espetáculo da Companhia Theatral Tucuju. Um grupo desbravador que faz das tripas coração para manter viva essa arte milenar conhecida por teatro. Joseph e Daniely Santos estão no elenco. O figurino está quase pronto, os adereços estão sendo definidos, os instrumentos ainda estão sendo afinados, mas mesmo assim, em face ao perigo o grupo teve a ousadia de colocar o espetáculo em cena.
     Além de tudo isso, a peça é permeada de canto e dança; dessa forma exige muito dos novos artistas que buscam a todo o momento dar o recado sobre o que é e como é o sertão de Patativa. Patativa é o nome de um poeta popular que nasceu em Assaré, pequena cidade do interior do Ceará, por isso seu nome artístico: Patativa do Assaré.
     A obra da Patativa do Assaré é simples, porém, singular e permeada semiologicamente do que se pode dizer: “o homem nordestino”. É conhecida em todos os recantos do Brasil principalmente por intelectuais e artistas.  “Cante lá que eu Canto Cá” é uma de suas obras de importância.
     O espetáculo “O Sertão por Patativa” texto de Dallva Rodrigues, parecer ter uma boa proposta de encenação. Quatro atores buscam em cena mostrar um resumo da cultura nordestina. O texto poderia ter explorado ainda mais a obra de Patativa trazendo à tona poemas clássicos de sua literatura. Umas das questões é que é um espetáculo alegre, mas que ainda não conseguiu demonstrar essa alegria tendo em vista a formação dos atores que necessitam no palco, representar, tocar, cantar e dançar, o que se torna difícil, mas não impossível.
     O elenco como um todo necessita de estudos práticos em relação ao canto, à dança e criação de personagem. O espetáculo ainda está em uníssono, isto é, as cenas precisam ser trabalhadas com mais profundidade para que haja no decorrer da peça, discernimento e envolvimento pelo público, de cenas tristes e alegres, vibrantes e comoventes.
     O figurino caminha junto à filosofia do texto, tanto quanto a maquiagem elaborada pelo grupo. É um trabalho que pode e deve envolver diretamente o público em algumas cenas. Pela concepção cênica deve ser apresentado principalmente em arenas, levando-se em consideração que é um espetáculo que necessita estar perto e próximo ao público presente. O processo criativo deverá, por um lado, passar por várias etapas não desperdiçando o que de melhor venha a acontecer em cena e por outro, deixar escapar as cenas que não são interessantes. Esse processo criativo, essencial ao encenador e à arte de representar, requer disciplina trabalho e tempo. Há quem não entenda isto, mas assim é a arte. Arriba... Companhia Theatral Tucuju.
     “O Sertão Por Patativa” pela Companhia de Artes Tucuju adaptação do texto de Dallva Rodrigues e Welliton Machado. Adaptação e direção de Jhou Santos, direção de cena de Maronilton Henrique. No elenco Danny Santos, Adilson Sampaio, Jhou Santos e Arthur Vilhena, registros de Breno Ribeiro e maquiagem o grupo.