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domingo, 26 de agosto de 2012

O MARABAIXO E O CANTO DITIRÂMBICO



     Dançar em círculo é um fenômeno secular. Egípcios, Indianos, Chineses e habitantes da Ilha de Java já praticavam esse tipo de dança, quando isolados do mundo, para principalmente louvar seus deuses. É a partir do contato entre as civilizações do Ocidente e do Oriente que manifestações desse gênero passam também a fazer parte do cotidiano dos povos em países do Ocidente.
     Um caso específico desse modelo de manifestação social encontra-se na Grécia antiga que herdou, principalmente do Egito, as manifestações em círculo que eram consagradas aos deuses Ísis e Osíris. Ao passo que no Egito antigo louvavam-se Ísis e Osíris, na Grécia, uma das principais manifestações em círculo foi o culto ao Deus Dionísio; Deus da uva, do vinho e da fertilidade. Haveremos de convir que a capoeira no Brasil é realizada em círculo como também a ciranda que é muito apreciada no Nordeste.
     O Canto Ditirâmbico, na Grécia antiga era uma manifestação em círculo, no qual, os participantes dançavam compassadamente ao ritmo de música tocada com instrumentos primitivos; a imagem do Deus Dionísio situava-se ao centro e todos cantavam e dançavam ao seu louvor. Havia nessa manifestação um personagem conhecido como Corifeu. O seu papel era o de falar algum verso para em seguida o Coro responder juntamente com os participantes. Além do lado religioso, o Canto Ditirâmbico também apresentava seu lado profano, como por exemplo, o uso da ingestão do vinho que era uma bebida considerada sagrada.
     Como se pode observar essa manifestação com mais de dois séculos e meio nos apresenta algumas semelhanças com a dança do marabaixo: enquanto o canto ditirâmbico é em homenagem ao Deus Dionísio, o marabaixo é em honra ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade; no culto grego os dançantes participam em círculo, tanto quanto o que ocorre no marabaixo; no marabaixo há um tirador de ladrão, falando versos para que as pessoas respondam em função de um ritmo, da mesma forma que no culto ao deus grego também há o Corifeu que também fala algumas frases que são automaticamente respondidas pelo coro e pelos dançantes.
     Outras influências que poderíamos observar no marabaixo é em torno do uso de vestimentas adequadas para aquele precioso momento que se reveste de uma densa religiosidade. O marabaixo quando vivido no seu local de origem é um jogo e quando apresentado num palco ou num auditório é puro teatro, essa é outra questão a ser discutida.

sábado, 18 de agosto de 2012

ETIMOLOGIA DO TEATRO



     Há milênios que o teatro é uma atividade cultuada por grande parte da humanidade. É uma forma fictícia de se contar história e repassar valores a partir da representação com atores. Enaltece a ação dos sentimentos revelando valores diversos de cada geração em seu determinado momento histórico.
     Para aqueles que desejam se aprofundar na área do teatro, observemos aqui dois  termos que se referem a esta arte, definindo epistemologicamente suas origens e suas raízes semiológicas. O teatro foi uma das primeiras forma primitivas de comunicação, o  rádio, o cinema e a televisão são alguns de seus derivados e estão estritamente relacionados com a arte de representar. Observemos aqui alguns termos e suas origens.
TEATRO – Do Latim theatrum, do Grego theatron, literalmente “lugar para olhar”, de theasthai, “olhar”, mais  –tron, sufixo que denota “lugar”. Inicialmente esse termo estava estritamente relacionado com o edifício teatral onde são realizados os espetáculos, depois passou a ter maior alcance designando também peças, produção e a preparação de uma peça em geral. O uso desta palavra que revela o sentido do lugar onde transcorre a ação se aplicou também aos feitos militares quando se fala de “teatro de operações” para uma simulação de luta armada.
ANFITEATRO – Do Latim amphiteatrum, do Grego amphiteatron, “local de espetáculos duplo, com espectadores dispostos de ambos os lados do palco”, de amphí-, “dos dois lados”, mais theatron. Inicialmente os teatros possuíam assentos apenas no lado voltado para o palco. No antigo teatro grego o ator necessitava está de frente para o público em função disso o edifício teatral era disposto em forma de semicírculo com 180 graus. O anfiteatro surgiu mesmo na antiga Roma principalmente em função da Genesis dos espetáculos romanos ligados à luta de gladiadores e corridas de bigas, dessa forma o edifício em semicírculo não fazia sentido já que nesses espetáculos não havia a necessidade dos participantes estarem de frente para o público. Daí surgiu o anfiteatro. Em suma, o edifício grego foi ampliado de 180 para 360 graus, esse é o verdadeiro anfiteatro. Os nossos teatros atuais não são anfiteatro. Anfiteatro significa “dois lados” e este não é o caso do teatro italiano. O maior exemplo antigo de anfiteatro é o Coliseu de Roma. Um estádio de futebol é um verdadeiro anfiteatro.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

TEATRO NO AMAPÁ NO SÉCULO XVIII



     O marco inicial da colonização do espaço geográfico em que hoje se localiza a cidade de Macapá se encontra em duas construções fundamentais: em primeiro lugar a construção e inauguração da Igreja de São José de Macapá que se deu em 06 de março de 1761. E paralelamente a isso, a inauguração da Fortaleza de São José de Macapá que foi inaugurada em 19 de março de 1782.
     Considerando que 136 famílias de afro descendentes chegaram a Mazagão em junho de 1771, e que embora tenham iniciado a encenação dos “Mouros e Cristãos” nesse período. Paralelamente a esses fatos é evidente que no ano de 1775 já havia um pequeno teatro de madeira na Vila de São José de Macapá, que foi visitado por Mendonça Furtado. Em Compendio das eras da Província do Pará, Antonio Baena nos fala dessa vdeste momento:  Visita o Governador (1775) a Villa e Fortaleza de Macapá. Entre os obséquios urbanos, que com elle pratica o Governador da Fortaleza, teve logar distincto o Theatrinho, que para este festejo foi erguido debaixo de excellente disposição e aceio, e que assas lhe agradou. Vê as Villas de Mazagão e Vistosa Madre de Deus. Volve à Cidade. Difunde pelos lavradores e Povoados Indianos melhor planta de arroz: e anima a industria rural.
     Como se observa no documento acima citado o referido teatro havia sido construído especialmente para eventos e comemorações em honra à visita do Governador da Província do Grão Pará, visto que na época o Amapá era parte integrante da referida província. Por outro lado, envolvido e entusiasmado com as apresentações que havia visto, o próprio governador determina a construção de um teatro que deveria localizar-se no lado oriental do jardim do palácio e prossegue: “Encarrega a Antonio José Lande o desenho e a erecção de um pequeno Theatro bem ordenado junto ao lado oriental do Jardim do Palácio: e expressa-lhe nesse momento que nisto espera ver a mesma actividade e intelligencia que sempre tem manifestado no desempenho das difficeis obrigações inherentes  a um Architect”.
     Como se observa o teatro no Amapá é muito antigo, tem suas raízes no século XVIII com a apresentação dos Mouros e Cristãos na cidade de Velha Mazagão.