Dançar em círculo é um fenômeno secular.
Egípcios, Indianos, Chineses e habitantes da Ilha de Java já praticavam esse
tipo de dança, quando isolados do mundo, para principalmente louvar seus
deuses. É a partir do contato entre as civilizações do Ocidente e do Oriente
que manifestações desse gênero passam também a fazer parte do cotidiano dos
povos em países do Ocidente.
Um caso específico desse modelo de
manifestação social encontra-se na Grécia antiga que herdou, principalmente do
Egito, as manifestações em círculo que eram consagradas aos deuses Ísis e
Osíris. Ao passo que no Egito antigo louvavam-se Ísis e Osíris, na Grécia, uma
das principais manifestações em círculo foi o culto ao Deus Dionísio; Deus da
uva, do vinho e da fertilidade. Haveremos de convir que a capoeira no Brasil é
realizada em círculo como também a ciranda que é muito apreciada no Nordeste.
O Canto Ditirâmbico, na Grécia antiga era
uma manifestação em círculo, no qual, os participantes dançavam compassadamente
ao ritmo de música tocada com instrumentos primitivos; a imagem do Deus
Dionísio situava-se ao centro e todos cantavam e dançavam ao seu louvor. Havia
nessa manifestação um personagem conhecido como Corifeu. O seu papel era o de
falar algum verso para em seguida o Coro responder juntamente com os
participantes. Além do lado religioso, o Canto Ditirâmbico também apresentava
seu lado profano, como por exemplo, o uso da ingestão do vinho que era uma
bebida considerada sagrada.
Como se pode observar essa manifestação com
mais de dois séculos e meio nos apresenta algumas semelhanças com a dança do
marabaixo: enquanto o canto ditirâmbico é em homenagem ao Deus Dionísio, o
marabaixo é em honra ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade; no culto
grego os dançantes participam em círculo, tanto quanto o que ocorre no
marabaixo; no marabaixo há um tirador de ladrão, falando versos para que as
pessoas respondam em função de um ritmo, da mesma forma que no culto ao deus
grego também há o Corifeu que também fala algumas frases que são
automaticamente respondidas pelo coro e pelos dançantes.
Outras influências que poderíamos observar
no marabaixo é em torno do uso de vestimentas adequadas para aquele precioso
momento que se reveste de uma densa religiosidade. O marabaixo quando vivido no
seu local de origem é um jogo e quando apresentado num palco ou num auditório é
puro teatro, essa é outra questão a ser discutida.