Fernando Pimentel Canto nasceu em Óbidos
no Pará, mas em função de ter vindo ainda jovem para o Amapá, já se considera
cidadão amapaense. Portanto, deve-se salientar sua grande contribuição como
ator, músico, compositor, sociólogo e escritor para a cultura deste Estado.
Na década de 1970 do século XX começou a
participar de movimentos setoriais ligados à igreja católica, principalmente na
paróquia de São Benedito, no Laguinho e na paróquia Jesus de Nazaré fazia parte
do grêmio. Mas seu trabalho com teatro mesmo, teve início com o Grupo Telhado,
que surgiu em função do resultado de encontros de jovens na igreja São
Benedito.
De ator passou a rádio ator na rádio
educadora São José de Macapá num programa que era liderado pelo então
jornalista Hélio Penafort. Na programação havia espaço dedicado à rádio novela.
Mas foi com a chegada do diretor de teatro Saulo Mendes que a partir de suas
experiências com teatro, deu início à montagem de uma peça baseada em aspectos
religiosos ligados à semana santa. Essa peça era ensaiada no próprio palco da
emissora.
Iniciando no teatro e compondo músicas
para diversas montagens, Fernando Canto seguiu seu rumo como ator e músico na
década de 1970. Posteriormente abandonaria o teatro para se dedicar especialmente
à música e literatura. O que desembocou com a criação do “Grupo Pilão” que
gravou muito de suas composições. Seu amigo Bi Trindade seguiu este mesmo
caminho, iniciando no teatro e seguindo na música juntamente com o “Grupo
Pilão”.
Saulo Mendes querendo aprofundar seus
trabalhos resolveu dirigir “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto.
Essas peças enfocavam temas do cotidiano como a falta de liberdade já que o
Brasil estava sendo governado por militares. Este foi um dos trabalhos mais importantes
que Fernando Canto atuou como ator. Principalmente por se tratar do período do
governo militar. Esse espetáculo de cunho social foi apresentado no palco do
Cine Teatro Territorial. Em entrevista concedida, Fernando Canto nos fala sobre
o mesmo quando afirma que: “O
fato de termos produzido a peça “Morte e Vida Severina”, que é um clássico
nacional e que tem conotação, social e política muito forte é a questão do
Nordeste que trazíamos para o palco, e tinha fama de peça comunista. Naquela
época, era difundida como algo que não prestava; éramos perseguidos em função
disso.