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segunda-feira, 25 de junho de 2012

FERNANDO CANTO E O TEATRO NO AMAPÁ



     Fernando Pimentel Canto nasceu em Óbidos no Pará, mas em função de ter vindo ainda jovem para o Amapá, já se considera cidadão amapaense. Portanto, deve-se salientar sua grande contribuição como ator, músico, compositor, sociólogo e escritor para a cultura deste Estado.
     Na década de 1970 do século XX começou a participar de movimentos setoriais ligados à igreja católica, principalmente na paróquia de São Benedito, no Laguinho e na paróquia Jesus de Nazaré fazia parte do grêmio. Mas seu trabalho com teatro mesmo, teve início com o Grupo Telhado, que surgiu em função do resultado de encontros de jovens na igreja São Benedito.
     De ator passou a rádio ator na rádio educadora São José de Macapá num programa que era liderado pelo então jornalista Hélio Penafort. Na programação havia espaço dedicado à rádio novela. Mas foi com a chegada do diretor de teatro Saulo Mendes que a partir de suas experiências com teatro, deu início à montagem de uma peça baseada em aspectos religiosos ligados à semana santa. Essa peça era ensaiada no próprio palco da emissora.
     Iniciando no teatro e compondo músicas para diversas montagens, Fernando Canto seguiu seu rumo como ator e músico na década de 1970. Posteriormente abandonaria o teatro para se dedicar especialmente à música e literatura. O que desembocou com a criação do “Grupo Pilão” que gravou muito de suas composições. Seu amigo Bi Trindade seguiu este mesmo caminho, iniciando no teatro e seguindo na música juntamente com o “Grupo Pilão”.
     Saulo Mendes querendo aprofundar seus trabalhos resolveu dirigir “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. Essas peças enfocavam temas do cotidiano como a falta de liberdade já que o Brasil estava sendo governado por militares. Este foi um dos trabalhos mais importantes que Fernando Canto atuou como ator. Principalmente por se tratar do período do governo militar. Esse espetáculo de cunho social foi apresentado no palco do Cine Teatro Territorial. Em entrevista concedida, Fernando Canto nos fala sobre o mesmo quando afirma que: “O fato de termos produzido a peça “Morte e Vida Severina”, que é um clássico nacional e que tem conotação, social e política muito forte é a questão do Nordeste que trazíamos para o palco, e tinha fama de peça comunista. Naquela época, era difundida como algo que não prestava; éramos perseguidos em função disso.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CLAUDIO LOBATO E O TEATRO NO AMAPÁ



     Claudelino Palheta Lobato é conhecido artisticamente como Cláudio Lobato. Foi ator reconhecido e muito atuante no teatro no Estado do Amapá, principalmente durante a década de 1970 do século XX, quando participou ativamente do Grupo de Teatro Telhado. Nesse período muitas oficinas de teatro eram ministradas por pessoas como: Professora Creuza Bordalo; Padre Mimo como também o Coronel Ribeiro que era Presidente do MOBRAL.
     Saiu da ilha de Brigue no Arquipélago do Bailique, situado no delta do Amazonas e veio residir na cidade de Macapá no ano de 1956. Nesse período, aos seis anos de idade, quando ainda criança, já declamava poesias no jardim da infância e participava de muitas dramatizações na escola, principalmente no que se refere às programações escolares em comemoração ao “Dia das Mães”; “Dia do Natal”; “Dia dos Pais” e outras datas comemorativas.
     Assim, desde 1956, ultrapassou décadas se dedicando ao teatro em nosso Estado. Foram quatro décadas de intenso trabalho voltado para a arte e especialmente para o teatro regional. Seu trabalho apresentou ritmo intensivo basicamente nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980 do século XX, numa permanente relação artística com o teatro e com o ambiente amazônico. Costumeiramente apresentava suas peças teatrais nas escolas, nas paróquias e nas igrejas.
     Mas um dos momentos mais importantes de sua vida como ator e pessoa dedicada ao teatro foi sem dúvida quando ingressou no “Grupo de Teatro Telhado” que foi fundado a partir de encontro de jovens que participavam da Paróquia de São Benedito. Depois de alguns encontros voltados para montagem de peças de teatro, resolveram fundar o “Grupo de Teatro Telhado”. O próprio Cláudio Lobato afirma que: “Quando começamos ainda não era o “Grupo Telhado”, eram jovens da Paróquia de São Benedito, começamos a atuar mesmo em 1974 e fundamos o grupo.”
      Apesar do “Grupo Telhado” conquistar seu espaço e se tornar um dos grupos de teatro mais importantes da década de 70 do século XX no Estado do Amapá, outros grupos também faziam sua parte e contribuíam para o desenvolvimento do teatro no então Território Federal do Amapá, entre eles: “Grupo de Teatro do Colégio Amapaense” e “Grupo de Teatro do Santina Rioli”. As freiras eram quem dirigiam o Grupo de Teatro do Santina Rioli, às quais montavam peças de cunho religioso com temas do “Natal”; “Nascimento de Jesus Cristo” entre outros.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

EU QUERO BRINCAR


Carta de uma criança às autoridades do Estado do Amapá
                                         

     Tenho oito anos. Sou uma criança feliz e gosto muito de brincar. Aqui em Macapá o melhor local para se brincar ao ar livre é no cartão postal de nossa cidade, o conhecido lugar bonito e é para lá que sempre vou com minha família aos finais de semana. É bom demais...! Eu adoro...! Lá eu posso correr, encontrar meus coleguinhas da escola, comer batatas fritas, chupar picolé, comer churro e beber água de coco entre outras coisas boas de fazer aos finais de semana.
      Aliás, gosto muito daquela área que abrange o lado sul da Fortaleza de São José de Macapá, com brinquedos; o lado norte, com aquele espaço imenso e seu teatro ao ar livre, continuando com as barraquinhas de comidas típicas da região e ainda a casa do artesão, uma sala de visita para todo o povo do lugar e principalmente para os turistas que por aqui passeiam. (Não quero nem falar aqui do canal da Mendonça Júnior pelo medo que tenho de cair lá dentro e pelo mau cheiro que exala quando o rio Amazonas está em baixa mar).
     Para os adultos tem as barraquinhas dos bares da beira rio. Como sou criança e não bebo nenhuma bebida alcoólica, gosto de passear com minha bicicleta naquele pedaço de asfalto que fica defronte aos bares e de braços abertos para o rio Amazonas, depois tomar um sorvete de açaí muito gostoso e em seguida beber água. Seguindo ainda em direção ao norte tem o ótimo passeio de bondinho no trapiche Eliézer Levy e também gosto de brincar naqueles brinquedos de pula-pula e outros infláveis de saltar e escalar que ficam defronte à Praça Zagury.
      Tudo isso é muito bom para quem é criança, mas eu quero falar aqui para vocês da decepção que tive este último domingo, dia 03 de junho de 2012 quando fui passear com minha família no lado norte da Fortaleza, local que eu tanto aprecio. Pedi a meu para comprar uma pipa. Eu gosto muito de brincar de empinar pipa naquele lugar porque ela sobe rapidinho por causa do vento que em muito ajuda.
     A minha maior decepção é que eu estava com a pipa na mão, mas não podia empiná-la. Por que eu não podia brincar com minha pipa? Exatamente porque naquela área da fortaleza havia vários grupos de meninos, rapazes e homens com pipas com um material chamado cerol para derrubar todas as pipas das crianças que lá estavam tentando se divertir.
     Parei um momento e perguntei a mim mesmo: - Onde eu me meti? O lugar mais bacana para empinar pipa aqui na cidade e o cidadão de bem não pode usufruir deste lazer em função de algumas gangs de garotos que livremente, ficam correndo para lá e para cá com linhas perigosíssimas, que além de derrubar e assaltarem nossos queridos brinquedos, também colocam em risco a vida das pessoas de bem que por ali tentam se divertir.
     Me ensinaram na escola que colocar cerol na linha da pipa era contra a lei! Que lei é essa que não é cumprida pelo menos naquele ambiente? Onde estão os guardas da prefeitura ou a polícia do Estado para coibir com essa prática tão perigosa? Sai de lá muito triste por não ter brincado com minha pipa. Cadê as autoridades que não olham para o que está acontecendo naquele espaço urbano? Espero que no próximo domingo eu possa me divertir livremente soltando pipa e rabiola no lugar mais bonito da cidade de Macapá. É o que eu desejo a mim e a todos vocês: “- Um bom domingo.”
                                                                               Assinado: Áiped Macapaense da Silva.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A DISTRIBUIÇÃO DOS PÃES E A SOCIALIZAÇÃO DA ARTE




     Fala as escrituras que Cristo transformou água em vinho; que ele, também transformou cinco pães e dois peixes em muita comida e distribuiu para uma multidão. Ao final todos se saciaram e ninguém ficou com fome. Em seguida, Jesus mandou que seus discípulos recolhessem o que sobrou. Os discípulos ainda encheram doze cestos de pedaços de pão e peixes. Além de ter saciado a fome de muitos ainda restou alimento para mais um dia.
     Há dezessete anos e meio que estou no Amapá e durante quase essas duas décadas nenhum governo teve a ousadia de realizar a publicação de um edital na área da cultura para, por exemplo: montagem de espetáculos teatrais, de dança; para publicação de livros; para circulação de espetáculos. Todos os anos, a política desses gestores tem convergido para quatro esferas hegemônicas, ou seja: em fevereiro o carnaval; em junho as quadrilhas e no segundo semestre o Macapá Verão e a Expofeira.
     Quando enfoco aqui órgãos de cultura, me dirijo aos que governaram e governam o Estado como também aos que governaram e governam a Prefeitura de Macapá. Parece-me que em nenhuma dessas instâncias há preocupação com nossa arte. E olha que tivemos aqui uma Fundação de Cultura do Amapá, hoje Secretaria de Cultura em nível de Estado e, um Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal.
     Para se ter uma ideia, há vários anos que se debate a reestruturação e reutilização do antigo Cine Teatro Territorial, que seria consequetemente administrado pela Prefeitura Municipal de Macapá. Fato que até hoje não foi concretizado. Mas, o que é preciso para realizar eventos de pequeno porte? Por que os órgãos de cultura não se propõem a realizar eventos de pequena escala como um festival de arte? O que está faltando para que tal realidade se concretize?
     Enquanto órgãos estaduais e municipais decidem uma fórmula de socializar a arte em nosso Estado, felizmente, há uma instituição privada conhecida como SESC em nossa cidade que com poucos recursos e força de vontade promove vários eventos, todos os anos, voltados para arte e cultura deste lugar.
     Sob Coordenação de Genário Dunas que é Diretor do Setor de Cultura do SESC Amapá, esta instituição conseguiu transformar poucos recursos em algo tão significante para a cultura local quando, por exemplo, concretiza um evento cultural como a “VII ALDEIA SESC POVOS DA FLORESTA” que aconteceu entre 21 e 25 de maio do ano em curso. Evento este que não se restringiu apenas a socializar a produção cultural local, mas que trouxe ainda espetáculos de outros Estados como: Maranhão, Paraíba e Pernambuco. Foi um evento marcado com oficinas de vários gêneros incluindo as áreas de Teatro, Dança, Música e Artes Visuais.
     O SESC Amapá em muito vem contribuindo para a socialização e divulgação da arte e da cultura em nosso Estado. A diversidade da programação abrangia espetáculos como: Buiando na Intranet (Amapá), Pai e Filho (Maranhão), João Cheroso e João do Céu Vendendo Cordel (Amapá), Como Nasce um Cabra da Peste (Paraíba), A Fábula da Onça e do Bode (Amapá) entre outros.
     Foi assim que o Setor de Cultura do SESC Amapá conseguiu, com poucos recursos financeiros transformar água em vinho, cinco pães e dois peixes em grande quantidade de alimento cultural significativamente necessário para saciar a sede e fome de uma multidão que faz arte e cultura no Estado do Amapá, como também ao grande público que lá esteve presente insistentemente. Ao final todos se saciaram e ninguém ficou com fome.